Agora é oficial: Moro não é mais ministro do governo Bolsonaro. Após embate com o presidente em relação ao controle da Polícia Federal (PF), Moro pede demissão do governo.
Esse novo capítulo da crise política brasileira acontece no momento onde a Pandemia do coronavírus atingiu 3.735 mortes e onde vários estados já tem seu sistema de saúde colapsado.
O narcisista Sérgio Moro sofreu um duro golpe. Abatido e ressentido utilizou a coletiva para apresentar o seu currículo e o balanço frágil de seu ministério. Mas, ao contrário do ex-ministro da Saúde Mandetta, Moro caiu atirando.
O agora ex-super ministro da Justiça falou que Bolsonaro quer fazer mudanças políticas na PF! Que quer ter o controle direto do que se investiga e que quer ter o controle direto da Agência Brasileira de Inteligência. Para bom entendedor, Moro está dizendo que Bolsonaro cometeu crimes de responsabilidade, condição para impeachment.
VÍDEO | Veja a live de emergência, sobre a renúncia de Moro
Mas Moro, que pousou de republicano e seguidor de critérios técnicos, não é nenhum santo. Felizmente, o The Intercept existe para nos lembrar o que Sérgio Moro fez no verão passado enquanto era juiz responsável pela Operação Lava Jato.
A frente da operação, Moro atuou manipulando provas, negociou delações favorecendo seus julgamentos, vazou informações sigilosas para imprensa e prendeu Lula para interferir na eleição presidencial, que resultou na eleição de Jair Bolsonaro. Moro não abandonou o governo por ser contra ao controle político das instituições de repressão do Estado brasileiro, mas sim porque não estariam sobre seu próprio comando.
A queda de Moro enfraquece o governo Bolsonaro. Moro era o fiador do combate a corrupção deste governo. Se tornou uma das principais personalidades da nova direita, a ponto de ser cotado como presidenciável em 2022.
Fica evidente o projeto autoritário de Bolsonaro. Por um lado Bolsonaro quer ter o controle da PF para manipular investigações que atinjam ele e seu círculo familiar. Mas por outro é parte da estratégia de poder do presidente ter o máximo controle das forças de segurança e inteligência para atacar opositores e impor seu projeto político de poder a sociedade brasileira.
Agora, fora do poder, Moro precisa passar de juiz, e inquisidor, a depoente. Precisa ser convocado pelo Congresso Nacional para depor sobre os crimes praticados por Bolsonaro e esclarecer as intenções políticas do presidente na PF e na Abin. Moro agora é peça chave para o futuro de Bolsonaro.
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