por Anna Schepp, de Santa Maria
Em Santa Maria, município da região central do Rio Grande do Sul, a dicotomia PT x PSDB foi levada para o segundo turno das eleições. Valdeci Oliveira (PT) e Jorge Pozzobom (PSDB) marcaram dois empates técnicos: no primeiro turno, a diferença foi de 709 votos; no segundo e decisivo, a distância entre um candidato e outro se resumiu a 226 santamarienses.
Com políticas neoliberais, de aplicação do ajuste fiscal e sem nenhum debate profundo sobre as disparidades sociais, Jorge Pozzobom governará Santa Maria pelos próximos quatro anos. O futuro prefeito ainda é machista em suas falas e publicou em sua página no Facebook um vídeo do momento em que gravava e dirigia ao mesmo tempo.
Como em todo o estado e no restante do país, o PSDB levou mais essa prefeitura. Em tempos de pós-golpe e reestruturação do partido, o PT sofreu a pior derrota eleitoral em anos.Mesmo que Valdeci Oliveira tivesse sido eleito, é pertinente a questão do equilíbrio na correlação de forças dos dois partidos. Não houve uma polarização no primeiro turno, o que nos mostra que os eleitores consideravam outras opções e que não consideram PT e PSDB muito distantes na prática.
É fato, o PT perdeu toda credibilidade que tinha com a classe trabalhadora. Culpar os 12.201 votos nulos ou em branco pela derrota da chapa petista na eleição é desconsiderar anos de traição do partido com quem o apoiava. E quem melhor se articula no momento é a direita. A direita tradicional, aquela que convence o trabalhador a pagar uma dívida que não é dele com discursos polidos e hipócritas de avanço social.
Os 226 votos santamarienses são produto do fracasso do projeto petista somado ao avanço conservador no país. São pouco mais de 200 pessoas que rejeitaram dar uma última chance ao PT. E considerando seu opositor uma saída, encontrarão uma emboscada.
Diante disso, a esquerda socialista precisa se unir para firmar no panorama de lutas uma posição de resistência. Tivemos um crescimento significativo da atuação do PSOL em vários lugares do país, incluindo Santa Maria, e precisamos nos organizar nesse contexto.2017 será um ano de grandes retrocessos e, consequentemente, de efervescência da esquerda. É indispensável analisar com clareza e profundidade o que nos está posto para que não cometamos erros futuros.
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