Redação Belo Horizonte (MG)
O empresário Alexandre Kalil (PHS) conseguiu 52,98% dos votos válidos de Belo Horizonte e derrotou o candidato João Leite (PSDB) no segundo turno das eleições. O resultado confirma a virada espetacular que apontavam as pesquisas de opinião na reta final do segundo turno. João Leite havia vencido as eleições no primeiro turno e era considerado favorito no início da campanha.
Kalil é dono da empreiteira Erkal Engenharia e ex-presidente do Clube Atlético Mineiro. Utilizando um linguajar popular e o slogan “Chega de político”, ele conseguiu convencer o eleitorado belohorizontino de que não governará com os grandes partidos e os políticos tradicionais, e que, quando eleito, não fará como a “casta política” que dirige a cidade. Em um dos debates, quando interrogado como se relacionaria com o governador de Minas Gerais desviou-se da pergunta “Vamos parar de falar de Pimentel. Manda ele pro inferno. Vamos parar de falar do Aécio. Manda ele pro inferno. Vamos falar de Belo Horizonte.” Com frases de efeito desse tipo o empresário acabou por ganhar a simpatia dos setores mais populares da cidade.
O novo prefeito é um empresário com dívidas trabalhistas e faz parte da política tradicional
O discurso de Kalil, no entanto, não corresponde à realidade. Empresário rico, dono de empreiteira que possuía contratos com a prefeitura, o candidato tem dívidas de IPTU e foi condenado por apropriação indébita previdenciária porque recolhia a contribuição de seus funcionários, mas não os repassava para o INSS. Além disso, já foi filiado a três partidos políticos (PSDB, PSB e PHS).
Em campanhas passadas, doou de seus próprios recursos R$ 5 mil para Aécio Neves, além de mais R$ 15 mil através da Erkal Engenharia. Aqueles que acompanham o mundo do futebol e conhecem as maracutaias dos cartolas também terão dificuldade de acreditar que um ex-presidente do Clube Atlético Mineiro não possua estreitas relações com os corruptos políticos do país.
Aécio Neves derrotado
O resultado eleitoral de domingo é uma importante derrota do projeto político de Aécio Neves. Já é a terceira vez seguida que o cacique do PSDB mineiro perde uma eleição “dentro de casa” (perdeu as eleições presidenciais para Dilma em Minas Gerais; viu seu partido ser derrotado por Pimentel para o governo do Estado e, agora, perde a prefeitura da capital). Em um momento em que os tucanos se vêem fortalecidos na conjuntura nacional esse resultado pode significar a perda de prestígio de Aécio dentro do próprio partido.
Movimentos Sociais votam Izidora 99
Boa parte da esquerda da cidade e dos movimentos sociais fizeram uma criativa campanha pelo Voto Nulo no segundo turno. Nas redes sociais, nas ocupações urbanas, nos sindicatos e nas escolas ocupadas muitos votaram na candidata fictícia Izidora, número 99, como uma forma de mostrar que nenhum dos candidatos governaram para os trabalhadores e trabalhadoras e que é preciso construir uma alternativa verdadeiramente de esquerda, classista e popular para a cidade. A região do Izidora concentra cerca de 8 mil famílias moradoras de ocupação ameaçadas de despejo iminente.
Foto: Oficial da Campanha Kaliu 2016
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