Por Otávio Tinoco, direto de Curitiba e Matheus Gomes,Porto Alegre, RS
A mobilização dos estudantes no Paraná é histórica, já passou em números o que foi em São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Ceara. Compara-se em seu peso político ao que aconteceu no Chile (lembrando que o país tem apenas 6 milhões de habitantes a mais que o estado): somado a greve dos trabalhadores da educação estadual, a ocupação de 8 universidades e 2 núcleos de educação, há um movimento intenso de milhares de jovens e trabalhadores.
Não é brincadeira o que a piazada daqui está fazendo frente a crise política, econômica e de retiradas de direitos não só no Brasil mas que toda a América Latina vive. Eles e elas não dizem não apenas a Reforma do Ensino Médio ou a PEC 241, dizem não a Beto Richa, Michel Temer e a esse sistema político e educacional que não dialoga com os desejos da juventude e com sua necessidade em debater temas como o de opressões e desigualdade social presente na maioria das ocupações através das oficinas.
As 600 escolas ocupadas do Paraná com sua organização, mobilização e com a participação e apoio das comunidades e de seus pais e mães impõem ao governo de Beto Richa uma situação delicada, pois todos os olhares voltam-se ao seu estado, qualquer ação errada de repressão equivocada pode desencadear um movimento de ocupações a nível nacional com ainda mais força, trazendo talvez um novo cenário de luta a juventude brasileira. Lembrando que já existem ocupações no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Maranhão e Pernambuco, a maioria de Institutos Federais.
Já está provado que não será fácil esse processo de desocupação e desarticulação do movimento através ações violentas da polícia, por isso Beto Richa se reuniu no domingo com seu secretariado para tentar articular um movimento de criminalização velada escola por escola através do Conselho Tutelar, Ministério Público, CPMs e Direções de Escolas, indicando eles a cumprir um papel que não é deles ou, pelo menos, não nos moldes que Beto Richa quer e espera que ocorra. Eles também mobilizam grupos semelhantes ao movimento “Desocupa”, que utilizou métodos violentos nas ocupações do RS.
Mais do que nunca os estudantes dizem através desse número gigante de escolas ocupadas que é necessário nacionalizar as ocupações, as greves e as mobilizações contra todas as medidas autoritárias do governo golpista de Michel Temer ou dos governos estaduais que mesmo com a aprovação em primeira estância no congresso da PEC 241 querem aprovar separadamente a privatização ou repasse da responsabilidade com a educação para iniciativa privada e “Organizações Sociais” o mais rápido possível.
A juventude dá a pista que não será com direções burocráticas de movimentos estudantis e sindicais atravancando os nossos caminhos que se dará a unificação do movimento e muito menos o fim dele. O recado é bem ao contrário, será conectando as pautas entre estudantes e trabalhadores(as), com negociações amplamente debatidas, sem negociatas de gabinetes, sem apropriações partidárias e que só assim a juventude vê um caminho para derrubar a Reforma do Ensino Médio e a PEC 241, dizendo não a Temer, Beto Richa e outros governos autoritários que querem impor a juventude e aos trabalhadores e trabalhadoras um futuro sem perspectivas.
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