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Contra a velha política, nem João Leite nem Kalil

Por Alexandre Zambelli, de Belo Horizonte

Belo Horizonte chega ao segundo turno das eleições sem muito a comemorar. Se no primeiro turno o debate foi muito pulverizado em torno de várias candidaturas, agora temos dois candidatos, João Leite (PSDB) e Alexandre Kalil (PHS), que tentam se mostrar como algo novo. Mas sabemos que os dois representam bem a velha política.

João Leite já está em seu sexto mandato de deputado estadual, já se candidatou duas vezes à prefeitura e ocupou cargos nas gestões tucanas do governo de Minas. Representa bem o conservadorismo de seu partido, o PSDB. Pronunciou-se contra os kits anti-homofobia e seu partido ajudou a articular as gestões de Márcio Lacerda, inimigo dos movimentos sociais da cidade. João Leite tenta ainda surfar numa onda de renovação política em torno de nomes pouco tradicionais. A política de seu partido deu certo em São Paulo, com o mega-empresário João Dória se elegendo sem precisar de segundo turno. Tentam o mesmo aqui em Belo Horizonte.

O mote do discurso do candidato do PHS ainda é o mesmo: “Chega de político, é hora de Kalil”. Assim se apresenta o empresário, ex-presidente do clube de futebol Atlético Mineiro, e que já fez propaganda de apoio à reeleição de Antônio Anastasia (PSDB) na eleição ao governo de Minas em 2010. Tem realizado críticas ao aparelhamento da máquina pública pelos partidos tradicionais que geralmente compõe as gestões municipais, diz que vai abrir a caixa preta da BHTRANS, tanto no aspecto das multas de trânsito quanto no do preço das passagens. Ele também defendeu as famílias da ocupação Izidora, ao mesmo tempo em que se mostrou contra novas ocupações(1). Com isso, Kalil tem crescido em outros setores da cidade.

Seu partido, o PHS, cresceu bastante neste primeiro turno no país inteiro, justamente por abrigar figuras conhecidas fora do meio da política tradicional, se aproveitando a onda de insatisfação. Porém, continua sobrevivendo de doações empresarias. E dinheiro não é problema mesmo: Vitorio Medioli é do mesmo partido e foi eleito prefeito em Betim, próximo à Belo Horizonte. Ele é o prefeito eleito mais rico do país, com bens declarados no valor de mais de R$350 milhões. Além disso, o PHS tem entre seus principais dirigentes aqui no estado o deputado Marcelo Aro, o mesmo que indicou o ex- deputado Eduardo Cunha para receber o título de cidadão honorário de Belo Horizonte e depois não foi à sessão de cassação do ex-presidente da Câmara dos Deputados.

Uma grande diferença é no tom em que ambos se apresentam. João Leite tenta passar a cara de bom moço, gestor moderno, enquanto Alexandre Kalil endurece seu discurso. A estratégia de Kalil parece ter dado certo. A última pesquisa realizada aponta crescimento e tendência de virada do candidato(2). Além disso, o fato de ser um pólo oposto à direita tradicional do PSDB faz com que Kalil receba apoio até mesmo do PCdoB. Enfim, as diferenças se encerram aí.

Não temos nenhuma confiança no discurso dos dois candidatos. Não vemos nas propostas e no histórico deles uma abolição completa dos privilégios de altos salários, auxílios e verbas de gabinete. Continuam realizando campanhas com altos recursos, patrocinados por pessoas que depois irão cobrar a conta. Neste jogo eleitoral já perdemos seja qual for o resultado. Porém tivemos uma grata surpresa com a eleição da Áurea (PSOL) como a vereadora mais votada da cidade. Se por um lado eles estão ganhando mais essa, nossa resistência aumentou. E temos que continuar resistindo!

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1 http://www.otempo.com.br/capa/pol%C3%ADtica/kalil-defende-fam%C3%ADlias-do-
isidoro-e-chama-rival-de-goleiro-meia-boca-1.1386003

2 http://www.otempo.com.br/hotsites/elei%C3%A7%C3%B5es-2016/pesquisa-aponta-
empate-e-tend%C3%AAncia-%C3%A9-de-virada-de-kalil-1.1386071