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O prefeito de Natal tem que comer muito feijão e arroz para saber valorizar o carnaval e os artistas da cidade


Publicado em: 26 de fevereiro de 2017

Cultura

Por Emy Magalhães, de Natal (RN)

Esquerda Online

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Quem nunca escutou a máxima “o ano do brasileiro só começa depois do carnaval” que atire a primeira pedra! A festa que simboliza a alegria, originalidade e beleza do povo brasileiro é invejada nos quatro cantos do mundo e é um dos momentos mais esperados pela esmagadora maioria de nós. Em Natal, capital do Rio Grande do Norte, a folia é garantida com frevo, samba, festa, gente fantasiada na rua e muita purpurina no rosto.

Mas, como é de se imaginar, nem tudo são flores. Infelizmente, o ano de 2017 é apenas uma extensão piorada do terror que foi 2016. Os ataques contra os direitos da classe trabalhadora só aumentam. Cortes na saúde e educação, atrasos nos salários dos servidores, aumento da violência e do desemprego são alguns dos grandes exemplos que marcam os anos de gestão do prefeito Carlos Eduardo.

O Carnaval Multicultural de Natal também é palco de uma política constante e proposital de desvalorização e boicote dos artistas da cidade por parte do seu gestor. Além de terem que lidar com a falta de investimento em políticas culturais que garantam o desenvolvimento e acesso a seus trabalhos, os artistas natalenses se deparam constantemente com uma burocracia ferrenha nos escassos espaços que se abrem.

Mesmo quando habilitados em chamadas públicas abertas pela prefeitura (processo longo, cansativo e excludente, que merece um texto a parte), há dores de cabeça que perseguem, como a exaustiva luta para garantia do pagamento mísero dos seus trabalhos. Já virou tradição! Os artistas potiguares que trabalham nas festas de fim de ano só são pagos no carnaval; os do carnaval só são pagos nas festas juninas e os das festas juninas, no Natal. E assim, de festa em festa, segue o ciclo de boicote, enquanto o prefeito Carlos Eduardo se vangloria das grandes festividades com atrações nacionais, pagas com milhares de reais adiantados. Há algo muito errado nessa contradição e desequilíbrio da balança.

Afinal, Natal hoje é exemplo de um grande e rico berço cultural, com grandes produções numa cena que só cresce e se qualifica. Do teatro à música, temos artistas com reconhecimento nacional e internacional, com produções citadas em renomadas revistas e conquistando prêmios valiosos por seus trabalhos e que, contraditoriamente, não tem dinheiro para pagar o aluguel e comprar a feira do mês.

Dessa forma, não pode ser que a culpa pela não valorização seja colocada nas costas do artista, como um problema individual e que o responsabiliza integralmente pelo possível fracasso. Não é produção cultural de qualidade que falta na nossa cidade, nem artistas comprometidos em fazer crescer a cena do teatro, da música, da dança, do circo, das artes plásticas, do audiovisual e da literatura. O que falta é um governo comprometido, que pare de boicotar todas essas vertentes que pulsam incansavelmente e gritam por espaço e valorização.

Quem parece precisar comer muito feijão e arroz é o prefeito Carlos Eduardo, que precisa aprender a valorizar o leque de artistas valiosos que há em nossa cidade e é quem permanece propositalmente cego e alheio a todas as reivindicações da classe artística. Carnaval Multicultural é carnaval que soma e valoriza, não é carnaval que exclui e minimiza!

Vai ter protesto na folia? Vai sim, senhor!

Mas, não há espaço para desânimo. Carnaval é também folia com resistência.Por isso, contra todos os ataques e descasos, o carnaval de Natal contará com o encontro de blocos socialistas e de luta no sábado (25), para protestar com irreverência e bom humor.

O grande festejo contará com a estréia do bloco “Os Imortais”, criado pela Frente Potiguar em Defesa da Previdência, que traz seu grito purpurinado contra a reforma da previdência.

O “Bloco das lisas e dos lisos”, criado em dezembro de 2016 pelos servidores municipais em greve, que exigiam o pagamento dos seus salários atrasados, também começa 2017 se somando à luta no passinho do frevo.

O “Bloco Cuscuz Alegado”, que sai na avenida pelo sexto ano seguido, se soma para abrilhantar o encontro e fortalecer a luta em defesa da educação pública e contra a reforma do ensino médio, distribuindo tradicionalmente o delicioso cuscuz aos foliões que seguirem o bloco.

Os foliões socialistas do “Comuna Deusa” já mandaram avisar que a presença está confirmadíssima. Vai ter estandarte comunista desfilando na avenida? Com certeza!

Carnaval não combina com machismo, nem racismo e nem LGBTfobia. Por isso, a luta contra as opressões estará estampada com muito brilho e muito grito. Haverá a distribuição de leques feministas que convidam à construção do 8 de março – Dia Internacional da Mulher e para dar o recado: “A paquera é correspondida, o assédio não”.

Se some você também, nessa grande festa que carnavaliza as lutas e politiza a avenida. A concentração será às 16h, na praça do Gringos em Ponta Negra, com bandinha de frevo, marchinhas irreverentes, muita cor e alegria. Porque somos de luta, mas sem perder a ternura. Coloque sua fantasia e se joga!

Veja algumas paródias das marchinhas que serão cantadas durante o desfile do bloco e já vá se preparando:

Vambora!
(Paródia da marchinha “Aurora”)
Vem pro bloco feminista
Ôôô vambora
A nossa luta é todo dia
Ôôô agora

Um mundo sem machismo
É o que eu quero, sim senhor.
Andar bem à vontade
Nesses dias de calor.
Abaixo o machismo,
Mulherada é nossa hora.
Ôôô vambora

Ô Temer eu quero!
(paródia da marchinha “Mamãe eu quero”)
Ô Temer eu quero, ô Temer eu quero
Ô Temer eu quero me aposentar.
Os meus direitos, os meus direitos,
Os meus direitos você não vai retirar.

Trabalho tanto e sofro como cão
Por vinte anos congelar não vai dar, não
Saúde e educação
Nós vamos lutar!
É a bandeira Fora Temer que nós vamos levantar.

Foto: Baile de Máscaras do Largo do Atheneu


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