Por: Andréa Neves e William Mota, de Belém, PA
No último domingo (2), Belém acompanhou surpresa uma das viradas mais inacreditáveis do jogo eleitoral. Aos 45 do segundo tempo, o tucano Zenaldo Coutinho (PSDB) passou à frente de Edmilson Rodrigues (PSOL) e garantiu sua vaga na disputa do segundo turno. O resultado foi apertado. Zenaldo obteve 31,02% dos votos contra os 29,5% que votaram em Edmilson.
A diferença de apenas 1,52% pode parecer pouca. Mas é preciso levar em conta a liderança de Edmilson durante todas as pesquisas de intenção de voto. Além do fato de o tucano ter começado a disputa em terceiro lugar, bem atrás do repugnante delegado Eder Mauro (PSD).
A vitória parcial de Zenaldo nesse primeiro turno é preocupante, pois está localizada em uma conjuntura nacional de fortalecimento da direita e o enfraquecimento das candidaturas da esquerda socialista.
O candidato do PSTU, por exemplo, somou apenas 1.919 votos (0,25%). Cleber Rabelo, atualmente vereador de Belém e referência sindical consolidada na cidade, teve apenas 9 votos a mais que o candidato do PRTB, professor Ivanildo que nunca havia se candidatado. Já Luiz Menezes, candidato do PCB, nem chegou a pontuar.
É bem verdade que as regras antidemocráricas, a diferença no tempo de TV, o controle da máquina estatal pelo PSDB influenciaram bastante nos resultados de domingo.
Mas a escolha de Edmilson e da direção do PSOL também. Ao não se enfrentar diretamente com os erros da gestão de Zenaldo, Edmilson chegou a perder um espaço importante para a então candidata do REDE, a jornalista Úrsula Vidal que, em muitos debates se apresentou mais à esquerda que o candidato do PSOL. Foi também desastrosa a opção feita pela direção do PSOL de se coligar com partidos da direita tradicional e corrupta. Essa escolha não fortalece o campo da esquerda. Pelo contrário. Partidos como PDT, PV e PPL não cabem em um programa real de transformação social para Belém.
Por outro lado, a ausência de uma Frente de Esquerda e Socialista dificultou a construção de uma alternativa à esquerda para os trabalhadores, o que se refletiu também nas eleições para vereadores.
Dos 35 da gestão atual, apenas 17 conseguiram se reeleger. Uma taxa de renovação alta e marcada pelo espaço à direita. Apesar de o PSDB ter eleito apenas um vereador, outros partidos ocuparam o espaço político, como o PTC, SD, PSDC, PDT, PSC, PHS, PTB. O PT sofreu uma dura derrota, elegendo apenas um vereador. O PCdoB manteve seus dois vereadores e o PSOL manteve seus 3 vereadores, tendo a maior votação dos partidos na Câmara. Ainda assim, teve uma queda nos votos se comparado a 2012. Naquele ano, a Frente de Esquerda Psol/PSTU elegeu 5 vereadores, entre eles, Cleber Rabelo.
O segundo turno já começou. Diante dessa conjuntura, é preciso ter coragem para corrigir os erros e avançar: a única saída é ir à esquerda. Unidade para defender um programa em favor dos trabalhadores, a juventude e dos lutadores. Esse é o caminho para a vitória.
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