Preferida nas pesquisas, Amanda pode bater novo recorde
Por: Thiago Mahrenholz, de Natal, RN
Em 2012 houve um fenômeno em Natal. A ‘professora do Youtube’ foi eleita para a Câmara Municipal como a vereadora mais votada da história da cidade, com 32.819 votos (8,59%). Proporcionalmente, foi a mais votada entre todas as capitais brasileiras. Naquele ano, o segundo colocado recebeu 9.460 votos.
Agora, em 2016, para que Amanda supere a barreira do coeficiente eleitoral, ela precisará de cerca 15.000 votos. Ou seja, para ser reeleita, Amanda vai precisar, mais uma vez, ser a vereadora mais votada de Natal. Pesquisa divulgada pelo instituto Seta aponta Amanda com 4,7% das intenções de voto. Dificilmente se repetirá o fenômeno da última eleição, dos mais de 30 mil votos, porque o cenário é outro.
Em primeiro lugar, as mudanças legais. Houve mudanças restritivas da reforma eleitoral, protagonizada por Eduardo Cunha, o tempo da campanha eleitoral foi reduzido para um mês e meio, o tempo de TV foi reduzido para os partidos sem representação na Câmara Federal, os vereadores não têm mais tempo nos blocos diários de TV e rádio, apenas inserções comerciais. Em segundo lugar, o cenário político. Ao contrário de 2012, em que a cidade estava um caos com o lixo acumulados nas ruas e escândalo de corrupção, a prefeitura agora é aprovada pela maioria da população. Além disso, faz falta uma Frente de Esquerda Socialista que unisse os partidos da esquerda combativa.
É por isso que Natal está presenciando um grande volume de campanha de Amanda. A campanha de Amanda tem o porte de uma campanha à prefeitura. É comum ver carreatas de outros partidos, que juntam vários vereadores, serem menores do que as de Amanda.
Na semana anterior ao início da campanha, Amanda comemorou seu aniversário. Ela ganhou um bolo decorado com hashtags coloridas (símbolo do movimento MAIS, do qual faz parte) e recebeu diversos recados de parabéns pelo aniversário e pela luta. Na internet, foi feita uma retrospectiva com os principais momentos de Amanda na Câmara.
No dia 16, começou oficialmente a campanha eleitoral, que contou com manifestação do Dia Nacional de Lutas. A campanha foi uma campanha-movimento, classista a serviço das lutas sociais. Amanda convocou e participou da manifestação pelo Fora Temer, defendendo a realização de novas eleições gerais. Também se somou na campanha em defesa das mulheres, dizendo que nos casos de estupro a culpa nunca é da vítima.
A campanha na TV começou no dia 27 de agosto. Foram 11 inserções de 15 segundos, que foram ao ar durante a programação e falaram sobre violência contra a mulher, Passe Livre, atuação na Câmara, relembraram momentos, como os que Amanda falou que os políticos deveriam ter vergonha na cara e denunciou que a educação tinha virado uma questão de sorte.
Em resposta aos casos de feminicídio de agosto, Amanda chamou uma audiência pública no dia 31, em que comparecem diversas ativistas do movimento de mulheres para denunciar a onde violência no Estado.
No dia 1º de setembro, em meio a uma campanha de calúnias perpetrada por candidatos conservadores que diziam que Amanda queria “tirar a inocência das crianças”, em alusão à sua defesa da inclusão do debate de gênero no Plano Municipal de Educação, Amanda teve a coragem de chamar a solenidade que concedeu à travesti Jaqueline Brasil o título de cidadã natalense.
Foram várias caminhadas, adesivos de carro colados, panfletagens no centro, feiras, reuniões na casa de apoiadores, caminhadas, jantar com apoiadores e duas carreatas, na zona sul e na zona norte. Tudo isso com o jingle tocando pela cidade.
Os apoiadores enviaram várias declarações, como as de Guilherme, Simone, professores, LGBTs e guardas municipais. Também foi produzido um vídeo colaborativo pedindo contribuição financeira para a campanha e um vídeo dos Artistas com Amanda.
Na internet, os materiais de campanha foram divulgados e também não faltaram memes criativos, que se aproveitaram de fatos políticos, banners para declaração de voto. O trabalho de divulgação nas redes rendeu a marca de 40 mil curtidas na página de Amanda.
Esse envolvimento todo não parece estar ocorrendo por acaso. Amanda não é vista pela população como uma política como os outros. A professora seguiu participando das manifestações, apoiando as greves. Continuou vivendo como uma professora depois de eleita, seguiu denunciando os políticos corruptos e conseguiu melhorias concretas para a vida da população, como ar condicionado nas escolas, 30% da arrecadação para a educação, passe-livre para estudantes da rede municipal. Sua candidatura é o destino dos votos da esquerda da cidade. O país aguarda ansioso pelo resultado das urnas da capital potiguar no dia 2 de outubro.
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