Nesta segunda-feira, 12, as centrais sindicais realizaram uma plenária unificada, na sede do Dieese, em São Paulo, para debater os ataques contra a Previdência Pública e a aposentadoria. Mais de 250 pessoas estiveram presentes. Diante das declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro e de seu ministro Paulo Guedes, que exigem uma reforma ainda pior do que a que vem sendo debatida no Congresso e a aprovação de medidas ainda neste ano, as centrais aprovaram uma campanha unificada, com atos públicos e panfletagens.
O calendário apresentado conta com duas datas neste mês de novembro: a primeira no dia 22, com panfletagens e atos em locais de trabalho e de grande concentração de pessoas, e a outra no dia 26, com atos e manifestações em frente às sedes e Superintendências Regionais do Trabalho, em protesto à proposta do futuro governo de extinguir essa pasta. Nesta data, comemora-se o aniversário do Ministério do Trabalho, criado em 1930.
VÍDEO – Gibran Jordão, da CSP-Conlutas e do Bloco de Oposição, acompanha a plenária:
CUT, Força Sindical, CTB, CSP-Conlutas, Intersindical, CSB, NCST, UGT e CGTB divulgaram ainda um documento com princípios gerais que garantem a universalidade e o futuro da Previdência e da Seguridade Social.
Novamente, em um sinal de quanto o movimento sindical ainda precisa refletir a luta das mulheres, todas as centrais indicaram homens para representá-las no evento.
O exemplo do Chile
A plenária foi iniciada com uma apresentação de Mário Reinaldo Villanueva Olmedo, dirigente da Confederación Fenpruss (Confederación de Profesionales de la Salud), integrante da Coordinadora Nacional dos Trabajadoras e Trabajadores No+AFP, do Chile. Ele fez uma palestra sobre as consequências da criação do modelo de capitalização em seu país, mesma proposta que Bolsonaro estuda para o Brasil. “No Chile, as AFPs [fundos de pensão privados] fracassaram. Não cumpriram o objetivo, pois não dão pensões dignas”, disse.
Segundo ele, do salário de 700 dólares, homens só recebem 231 dólares de pensão e mulheres 175 dólares. Hoje, cerca de 2,5 milhões de pessoas recebem aposentadorias inferiores a um salário mínimo. O país tem visto também o crescimento de casos de suicídios entre os idosos.
Indicado para responder pela área econômica do futuro governo e também de uma secretaria especial que substituiria o Ministério do Trabalho, o economista Paulo Guedes concluiu seu doutorado na Universidade de Chicago, onde tornou-se próximo ao grupo de alunos conhecido como Chicago Boys, que conduziria a política econômica da ditadura militar chilena no início dos anos 1980, aplicando o ultraliberalismo de Milton Friedman. O próprio Guedes chegou a viver no país de Pinochet por um período, conhecendo as políticas econômicas do grupo.
Outro integrante do governo Bolsonaro que admira a receita do Chile de Pinochet é Onyx Lorenzoni, indicado para a Casa Civil. Em depoimento reproduzido pelo site El Pais, Lorenzoni elogia: “O Chile para nós é um exemplo de país que estabeleceu elementos macroeconômicos muito sólidos, que lhe permitiram ser um país completamente diferente de toda a América Latina”.
LEIA MAIS – EDITORIAL
Bolsonaro e Paulo Guedes querem acabar de vez com os direitos trabalhistas
*Com informações dos sites das centrais sindicais CSP-Conlutas e CUT. Foto: site CUT Nacional.
Comentários