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MOVIMENTO

Embraer dá férias coletivas após encerramento de PDV

Foto: Tanda Melo / Sindicato dos Metalúrgicos

Por: Marina Sassi, de São José dos Campos, SP

Na última sexta-feira (16), a Embraer anunciou que colocará em férias coletivas trabalhadores dos setores de aviação comercial e executiva, partir de outubro. O anúncio acontece um dia após 1.470 trabalhadores se inscreverem no Programa de Demissão Voluntária (PDV) aberto pela empresa e aumenta ainda mais o clima de tenção na fábrica.

Com o PDV, a empresa pretende economizar 200 milhões de dólares, talvez não por coincidência, mesmo valor a ser pago em uma provável multa por envolvimento em um escândalo de corrupção. A Embraer está sendo investigada pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro por envolvimento em um caso de propina para a venda de oito aviões Super Tucano à Força Aérea da República Dominicana. A multa deve ser aplicada pelo governo dos Estados Unidos, que pune empresas com negócios no país que se envolvem em corrupção.

As demissões, no entanto, são uma preocupação antiga entre os trabalhadores. A Embraer vem fazendo uma profunda reestruturação na fábrica, mandando parte significativa da produção de aeronaves para fora do Brasil.

Desde o ano passado, a linha de montagem dos jatos executivos Phenon 300, Legacy 450 e Legacy 500 estão sendo transferidas para Melbourne, nos Estados Unidos. Parte do novo avião comercial E2 está sendo montada em Évora, Portugal, e diversos componentes antes fabricados no Brasil, hoje são produzidos em países como México e Argentina.

Essa reestruturação produtiva é baseada num profundo ataque aos trabalhadores, com forte assédio moral e ameaças de demissão e de retirada de direitos.

De sua parte, os governos não tomam nenhum tipo de iniciativa para barrar esse processo, mesmo tendo concedido bilhões de reais em dinheiro público via desoneração da folha de pagamento, incentivos fiscais e empréstimos pelo BNDES.

Somente com a organização dos trabalhadores e da sociedade, cobrando da empresa e dos governos a defesa dos empregos, poderemos impedir esse tipo de ataque.

Foto: Tanda Melo / Sindicato dos Metalúrgicos

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