Por: Mariana Rio, do Rio de Janeiro, RJ
Houston, temos um problema aqui. Quando pensamos em computadores, logo lembramos da imagem de grandes homens como Steve Jobs, Mark Zuckerberg e Bill Gates. Para os mais conhecedores da área, nomes como Alan Turing, Linus Torvalds, Claude Elwood Shannon e Marvin Minsky vêm à cabeça. Mas, uma pergunta é preciso ser feita. E as mulheres, cadê elas na imaginação coletiva? Ada Lovelace, Grace Hopper, Kathy Kleiman, Jean Bartik, Marlyn Meltzer e Kay Mauchly Antonelli são alguns nomes para se ter na cabeça quando o assunto é mulheres na computação, mas que infelizmente não estão na imaginação coletiva das pessoas.
Essa história não foi sempre assim. Há algumas décadas, as mulheres eram líderes em Ciência da Computação. Antes da popularização dos computadores pessoais, dos smartphones e da realidades aumentada, mulheres eram muito ativas no campo, especialmente entre 1970 e 1984. Estudos dizem que em 1984, cerca de 37% dos cargos em Ciência da Computação no Brasil eram ocupados por mulheres. Em 2011, esse número caiu para 12 %.
As pioneiras do campo são Ada Byron (Lady Lovelace), a primeira mulher considerada programadora da história e Grace Murray Hopper, pela contribuição no desenvolvimento da linguagem de programação COBOL. Até hoje são poucas estudadas, quando se pensa em tecnologia social.
O machismo é uma ideologia que possui várias frentes de atuação e uma delas é o campo da memória. Pouco a pouco os grandes feitos das mulheres são esquecidos e invisibilizados. Como se pode explicar que Marie Curie, duas vezes Nobel, umas das maiores cientistas do mundo, não esteja na ponta da língua quando se pensa em ciência? Katherine Johnson é uma física, cientista espacial e matemática, com quase cem anos, um exemplo de tudo de bom, sem os cálculos dela e de outras mulheres não existiria Apollo 11 e o primeiro homem na Lua seria um Russo. Mas, o racismo e machismo inviabiliza os feitos de mulheres como Katherine Johnson, que deveria estar nas primeiras páginas do livro de astronomia, não nas notas de rodapé.
Nesses últimos dez anos, está rolando uma proliferação de coletivos de mulheres nas ciências, principalmente de mulheres programadoras. Com uma discussão prática do mundo, essas meninas e mulheres se colocam ao seu modo em ação contra a cultura sexista das ciências, que coloca os homens sempre em destaque em detrimento de um conjunto de mulheres. O tão falado empoderamento está servindo muito bem para uma causa pouco vista aos que não são da areá, mas profundamente relevante para a humanidade. Os avanços tecnológicos não podem ser feitos às custas do esquecimento das mulheres que ajudaram nos avanços. Uma causa a ser seguida é a construção de uma memória coletiva não sexista que possa dar voz e memória a todas as mulheres que ajudaram e ajudam o progresso da nossa civilização.
Foto: Ada Lovelace Day Wikipedia Edit-a-thon 2013 Brown _ Maia Weinstock _ Flickr
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