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As duas dimensões da luta contra o fascismo

Por: Lucas Fogaça, de Porto Alegre, RS.

A nação está à flor da pele. Nas últimas semanas cresceu a radicalização da extrema direita no Brasil. Logo depois da Intervenção Militar no Rio de Janeiro os generais já exigiam não ser responsabilizados pelos crimes que iam cometer. Depois, Marielle e Anderson foram executados. Em seguida milícias assassinaram 5 jovens da UJS em Maricá (RJ). O General Mourão convoca atos em memória do golpe militar e pela prisão do Lula e desde a redemocratização os generais não ocupam tantos cargos no Governo Federal. Por último, as provocações fascistas se transformaram em agressões e agora um atentado contra a Caravana do Lula pelo Sul do País. Não é menor a campanha sistemática de mentiras conhecidas como Fake News, que agora sabemos é protagonizada por gente ligada ao MBL, e o fato de Alckmin do PSDB e Ana Amélia Lemos, senadora do PP pelo Rio Grande do Sul, estimular os ataques às caravanas do Lula. Estamos diante de um novo contexto e precisamos reagir.

A auto defesa dos trabalhadores e oprimidos
As palavras se transformaram em socos. Os insultos viraram tiros. Não é mais possível enfrentar a extrema direita apenas com palavras. É preciso construir a autodefesa das organizações dos trabalhadores e oprimidos. Cuidarmos uns dos outros quando saímos de reuniões e atividades. Sermos ainda mais cuidadosos com aqueles que são nossos representantes e falam em nosso nome. Aumentar a segurança das sedes dos sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais. Redobrar a atenção com nossas informações. E preparar grupos para o enfrentamento físico em legítima defesa. Quem com ferro fere, com ferro será ferido.

É correto exigir e denunciar as instituições do Estado como a polícia, o judiciário, o executivo e o parlamento. O silêncio do Estado, tão duro em fazer cumprir as leis em defesa da propriedade e na repressão aos movimentos sociais, revela conivência com a escalada de radicalização da extrema direita no Brasil. É dever do Estado fazer cumprir a Constituição que garante liberdades democráticas. Mas ao mesmo tempo não tenhamos ilusões: o inimigo está dentro do Estado também. Os líderes burgueses no parlamento e no executivo querendo reforçar suas posições eleitorais estendem a mão para as bases da ultra direita. Dentro das forças armadas e de segurança Bolsonaro é ovacionado. Condenam Lula sem provas num processo irregular e membros do judiciário espalham fake news e ameaçam parlamentares de esquerda.

Só a classe trabalhadora e os oprimidos são sujeitos interessados na luta frontal com o fascismo. É preciso construir uma Frente Única, uma aliança, entre PT, PCdoB, PSOL, PCB, CUT, MTST, CSP CONLUTAS, Marcha Mundial de Mulheres, UNE, CTB, Mídia NINJA, MST e todos os movimentos sociais de trabalhadores e oprimidos, intelectuais e artistas, para agir contra o fascismo. Ao mesmo tempo, juntar na ação todos que defendem os Direitos Humanos e o livre exercício dos direitos de associação, expressão e manifestação.

Não está garantido de antemão que Lula e o PT vão mesmo à contragolpes agir de forma categórica contra o crescimento da radicalização da extrema direita. O PT é o maior partido e por isso tem mais responsabilidade. Lula e o PT devem lutar com todas as forças! Mover suas bases e estrutura contra o fascismo, no enfrentamento físico em legítima defesa e no plano político, antes que seja tarde demais. O exemplo de Boulos (MTST/PSOL) de estar na linha de frente é fundamental.

Conquistar, dividir ou neutralizar as bases fascistas
Mesmo em condições de guerra civil a dimensão da luta político programática não se esvai. A guerra nada mais é do que a continuação da política por outros meios (Clausewitz). A novidade histórica do fascismo em relação ao clássico terrorismo dos grupos de extrema direita ou da violenta repressão estatal é seu enraizamento no povo. Seu caráter de massas. Aqui no Brasil as massas que flertam com o fascismo ou já estão casadas com ele são grandes demais para nos darmos ao luxo de apenas agirmos em legítima defesa. É preciso disputar a consciência.

No contexto do Tratado de Versalhes e incendiado pela crise do Ruhr, em 1923 o nazismo ganha peso na Alemanha. Tendo absorvido algumas lições da subida de Mussolini na Itália, a Internacional Comunista desenvolve a “Linha Schlageter”: é preciso conquistar, dividir ou neutralizar as bases fascistas. É um exemplo do que fazer.

Não é possível deixar nas mãos da extrema direita as bandeiras da defesa da Pátria e da soberania nacional porque são servos das multinacionais e do capital estrangeiro que submetem a nação à uma dependência crônica e um atraso desigual. Não podem ser eles a falar em nome da luta contra a corrupção se quando governaram o país por 21 anos se lambuzeram em tenebrosas transações com as empreiteiras hoje no centro da Lava Jato. Falsos liberais que fizeram fortuna às custas do Estado que não venham pregar o Estado Mínimo. Alimentam as políticas neoliberais convencendo o povo que o problema do país é a corrupção enquanto apoiam o governo corrupto de Temer e suas reformas. Corajosos contra os movimentos sociais e a esquerda, são covardes quando o assunto é enfrentar o 1% mais rico e a desigualdade social, verdadeiras causas das mazelas do país. É preciso uma propaganda sistemática sobre as bases fascistas.

Ao mesmo tempo, é necessário seguir firme na denúncia do fascismo e na preparação das lutas por direitos e salários. As direções sindicais possuem uma responsabilidade enorme. Semana passada pela primeira vez desde 1997 houve 24h de paralisação na fábrica de armas Taurus em São Leopoldo. A greve se deu em defesa de direitos, PLR e contra a ameaça de fechamento da fábrica. A base de apoio à Bolsonaro na fábrica se dividiu: uns seguiram firmes contra o sindicato e a greve, mas uma leve maioria apoiou a mobilização e seguiu o sindicato da CUT. Diziam nos corredores e grupos que estavam dispostos a mais e que se o sindicato fosse adiante iam junto. Uma frágil relação de confiança se restabeleceu entre os operários e o sindicato. Por um curto período existiu uma possibilidade concreta de dividir a base de apoio e talvez até conquistar uma parte para a luta coletiva por melhores condições de vida, direitos, salários e contra a patronal.

A luta dos servidores públicos de São Paulo com 100 mil na rua em defesa da aposentadoria e contra Doria (PSDB) mostraram o caminho. Se a gente se junta e luta é possível vencer! A caravana Lula protesta em Curitiba contra o atentado fascista. Há novas mobilizações por Marielle e Anderson marcadas em várias cidades. Uma poderosa greve dos professores ocorre no Amazonas. Dia 1º de abril fará 54 anos do Golpe Militar. Precisamos de um plano de lutas e que as mobilizações isoladas se juntem num movimento nacional. E preparar o contra ataque nas duas dimensões da luta contra o fascismo: O enfrentamento físico em legítima defesa e a disputa política de suas bases. O Brasil está à flor da pele e precisamos reagir.

EDITORIAL:

O atentado contra a Caravana Lula e a unidade antifascista

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