Editorial de 28 de março
Um ataque fascista. Somente assim podem ser compreendidos os tiros que alvejaram dois ônibus da caravana Lula no Interior do Paraná, nesta terça-feira (27). O ato terrorista, de natureza fascista, merece o mais amplo repúdio e a mais enérgica reação do conjunto da esquerda, dos movimentos sociais e de todos setores comprometidos com a defesa das liberdades democráticas.
Os tiros contra a Caravana Lula se inserem numa perigosa escalada de provocações fascistas. A própria Caravana de Lula já havia sido alvo, nos últimos dias, da violência de seguidores de Jair Bolsonaro e de grupos de extrema-direita vinculados a ruralistas e ao MBL. Bandos munidos de chicotes, pedras, tratores e armas intimidaram e ameaçaram fisicamente a caravana e seus apoiadores. Uma militante do PT ficou gravemente ferida após ser espancada por vários homens pertencentes a esses grupos fascistas. Não somos petistas, estamos por um outro projeto de esquerda, que supere a conciliação de classes lulista que abriu as portas para o golpe. Mas são intoleráveis as ações que visam aniquilar os direitos políticos do PT e de Lula.
É impossível não associar essa fúria da extrema-direita com a possibilidade de que o STF conceda o Habeas Corpus a Lula em 04 abril. Atos em várias cidades estão sendo convocados pelo MBL para a véspera do julgamento, como forma de pressionar o tribunal. O general Mourão e outros militares de alta patente estão convocando outra manifestação, para domingo (31), em São Paulo, em comemoração ao golpe militar de 64 e pela prisão de Lula. Nas redes sociais, grupos de extrema-direita articulam ações violentas e propagam “fake news” destilando ódio contra a esquerda, negros e negras, LGBTs, nordestinos e mulheres.
O momento é da maior gravidade. A ofensiva da classe dominante não é apenas econômica e social. Além da destruição de direitos e do aumento da exploração e das desigualdades, existe uma face autoritária do golpe em curso, com um significativo reforço dos elementos repressivos. Por isso, a intervenção militar no Rio, que aprofunda o genocídio do povo negro e pobre, e a maior participação de quadros das Forças Armadas em funções governamentais. Neste contexto em que a burguesia alimenta o ódio à esquerda e aos oprimidos, os monstros fascistas se sentem encorajados a tomar ações violentas, como a execução de Marielle Franco no Centro do Rio de Janeiro e, ainda, o fuzilamento de cinco jovens negros da cena do hip hop em Maricá por milicianos.
É hora de uma contundente e unificada resposta aos bandos fascistas e também à ofensiva repressiva, econômica e social contra a classe trabalhadora e os oprimidos. Nossa força está na unidade na luta, como fizeram os servidores públicos de São Paulo que derrotaram o tucano João Doria com uma heroica e massiva greve.
Neste sentido, estaremos presentes no ato de Curitiba, nesta quarta-feira, 28 de março. Como também nos atos convocados na próxima semana em defesa das liberdades democráticas e contra a condenação e prisão de Lula. Defenderemos a unidade de ação de todos os partidos de esquerda (PSOL, PT, PCB, PCdoB, PSTU), sindicatos, coletivos e movimentos sociais (Povo Sem Medo, MTST, MST) para dar um basta às provocações fascistas. Os lutadores que nos antecederam ensinam que não residem em palavras e em chamados abstratos os combates capazes de resistir aos cursos reacionários de uma situação histórica. Organizar comitês, com agenda comum de iniciativas, promover atos de rua e ações permanentes que combinem as lutas de defesa dos direitos sociais, econômicos e democráticos com o enfrentamento à extrema-direita é um desafio que não figura na realidade atual como mera opção, mas como profunda necessidade.
- Unidade de ação antifascista! Nenhuma tolerância aos grupos que disseminam o ódio e a violência!
- Em defesa das liberdades democráticas! Contra a condenação e a prisão de Lula! Lula tem o direito de ser candidato!
- Marielle Vive! Não à intervenção militar no Rio de Janeiro!
- Em defesa dos direitos sociais! Fora Temer!
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Uma nota sobre a extrema-direita no Brasil
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