Bombas de efeito moral e violência física contra o público, que era composto por adultos e também crianças
Gisele Peres, da Redação
Os organizadores do festival Mimo divulgaram, na madrugada desta segunda-feira (20), uma nota de repúdio contra a ação da Polícia Militar de Pernambuco na saída do evento, que aconteceu no domingo na Praça do Carmo, em Olinda, Região Metropolitana do Recife.
Nas redes sociais, centenas de internautas relatam que uma roda de coco foi interrompida como “um campo de batalha” após a chegada da PM, que teria abordado o grupo jogando spray de pimenta. “Todos estavam dançando coco quando a PM chegou pegando instrumento, querendo prender alguns, foi lançado spray de pimenta em todo mundo, pessoas passaram mal, mulheres foram agredidas! Censura Nunca Mais!”, afirma um dos relatos na página oficial do evento.
Na tentativa de justificar a ação, a polícia afirmou que a atitude foi tomada após uma pessoa jogar uma garrafa em direção a um agente. A gestão municipal de Olinda respondeu por meio de nota: “A Prefeitura de Olinda pontua que deu todo suporte para a realização do Mimo Festival 2017, com a ação integrada de várias secretarias no intuito de apoiar o evento que acontece na cidade desde 2004”.
Para Raphaela Carvalho, ativista do Movimento Negro em Pernambuco, a ação da PM no encerramento do Festival não é um caso isolado, e sim, mais uma manifestação do racismo institucional, aquele praticado pelo estado: “No mês da consciência negra, é muito significativo o Estado dispersar, através de sua polícia, uma roda de coco. Foi assim com nossos ancestrais, onde rodas de samba ou de capoeira também eram caso de polícia. Em tempos de retrocessos, querem acabar com as nossas manifestações culturais, porque historicamente foram nelas que buscamos força para resistir. Querem nos enterrar, mas não sabem que somos sementes!”, destacou.
Confira na íntegra a nota divulgada pela organização do evento:
NOTA DE REPÚDIO
O MIMO Festival repudia a atitude da Polícia Militar de Pernambuco que, após o concerto de encerramento do evento neste domingo, 19 de novembro, avançou de forma truculenta sobre as pessoas que deixavam a Praça do Carmo, entre jovens, mulheres e crianças, utilizando bombas de efeito moral e violência física.
A produção esclarece que dispõe das autorizações dos órgãos públicos (Prefeitura de Olinda, Polícia Militar, Polícia Civil e da Ciatur) para a dispersão da plateia até às 23h. O incidente ocorreu por volta das 22h.
O festival, que nasceu na cidade-patrimônio há 14 anos, é realizado com programação gratuita e dissemina arte e cultura de forma democrática. Jamais assistiu a uma situação semelhante e não compactua com esta atitude, que é contrária a tudo o que o festival representa e cultiva.
O MIMO Festival repudia qualquer manifestação de violência e repressão desnecessária e exige das autoridades uma apuração de responsabilidade deste inaceitável comportamento.
Comentários