Tradução: Rodrigo Claudio
A greve geral convocada na Catalunha para rechaçar a repressão violenta ao referendo se desenvolve com alta adesão e sem incidentes
A “paralisação do país”- uma greve geral de natureza plenamente política cujas motivações não sejam estritamente trabalhistas seria ilegal no ordenamento jurídica espanhol – , a “greve nacional”, como tem colocado o presidente do Omnium Cultural, Jordi Cuixart, está conseguindo seu objetivo: paralisar a Catalunha apenas dois dias depois do referendo de autodeterminação em protesto pela atuação do governo e a repressão policial na consulta.
O chamado ao dia de protestos pela mesa pela democracia, o organismo que aglutina entidades soberanistas como a Assembleia Nacional Catalã ou Omnium; centrais sindicais e parte da burguesia catalã, tem sido respaldado pela CUP( candidaturas da unidade popular) e pelos sindicatos CGT, CNT, IAC, Intersindical, CSC e COS, que já haviam convocado no último 20 de novembro a convocatória de greve para “deter a suspensão geral de direitos civis, rechaçar a presença de policiais e militares em muitos postos de trabalho e para revogar as reformas trabalhistas de 2010 e 2012.”
As centrais dos sindicatos majoritários , CC OO e UGT, tem tido uma posição ambígua em relação a greve geral, chamando a mobilização e paralisação mas sem utilizar a palavra greve – chegando inclusive a alguns acordos com algumas empresas – , apesar da seção catala de ambos sindicatos fazerem parte da mesa pela democracia.
Portos parados e estradas cortadas
A paralisação começou pela manhã com o corte de várias estradas e dezenas de vias ao longo de toda Catalunha. As 9:30 se contavam já 40 bloqueios de estradas, e ao meio-dia sao já mais de 50 que permanecem cortadas.
Os estivadores de todos os portos catalães estão 100% paralisados em apoio ao movimento, ao que se tem somado o setor agrário, do comércio e do transporte. Em diversos pontos se estão produzindo “tratoradas” que paralisam também diversas vias.
Mercabarna, o mercado de abastecimento de Barcelona, amanheceu completamente fechado, uma vez que as 770 entidades da associação dos concessionários de Mercabarna apoiam a paralisação . Também o porto de Barcelona permanece paralisado.
Numerosos piquetes estão atuando desde a primeira hora em Barcelona e outras cidades para convidar o comércio e centros de trabalho para fechar suas portas. Em Valls, os piquetes informativos conseguiu o fechamento de Aldi, Lidl, Mercadona e Carrefour, enquanto o pequeno comércio permanecia fechado, segundo informa La Directa.
A jornada está se desenvolvendo sem incidentes, e em Barcelona está se desenvolvendo passeatas espontâneas e concentrações. A cidade amanheceu deserta e os comércios, fechados em sua maioria. Centenas de pessoas, entre elas muitos bombeiros, concentraram-se desde a primeira hora da manhã na frente da sede do PP em Barcelona. As 13:30, uma grande manifestação, com milhares de pessoas, superlota a Praça da Universidade de Barcelona.
Também na educação
Os estudantes universitários e secundaristas são um dos coletivos mais mobilizados, e estão chamando manifestações que se espera muito numerosas ao longo da manhã. As universidades públicas têm aderido também a jornada de paralisação. E clubes como o Barcelona e Girona tem aderido e emitido comunicados condenando a violência do estado na Catalunha.
Nesta greve geral, as instituições estão tendo também um papel. Conselhos municipais como o de Barcelona, ou Câmaras provinciais como a de Girona, entre outras, se têm somado a paralisação. O governo também suspendeu a reunião do conselho executivo para dar suporte a greve. Além disso, o governo da Catalunha reduziu os serviços de transporte para o mínimo de 25% na hora do rush para facilitar a participação e o impacto da greve geral.
Existe um paradoxo de que a CiU( federação partidária entre a convergência e união democrática), na qual se integrava a antecessora de PdeCat(Partido democrata europeu catalão), CDC(Convergência), foi chave na tramitação das duas reformas trabalhistas, cuja revogação é um dos três objetivos da convocatória da greve.
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