Por Nericilda Rocha, de Fortaleza/CE
Na quinta-feira, dia 14, terá inicio o ciclo de debate da Plataforma VAMOS em Fortaleza. Com o tema Democratização da Economia, o evento ocorrerá sempre na Praça da Gentilândia (Benfica) e será replicado em alguns bairros da periferia e interior do Ceará.
A Vamos! Sem medo de mudar o Brasil é uma iniciativa da Frente Povo Sem Medo (FPSM) e outras organizações de esquerda, assim como vários lutadores e lutadoras de todo o país. O objetivo é criar um processo ativo de participação social capaz de impulsionar uma saída de esquerda para o país.
Lembrando que em nível nacional, o ciclo de debate VAMOS teve início no último 26 de agosto em São Paulo e ainda ocorrerão seis mesas nacionais. A democratização da economia, dia 21/9, no Rio de Janeiro, democratização do poder e da política, dia 30/9, em Porto Alegre, democratização da comunicação e da cultura , dia 7/10, em Fortaleza, democratização dos territórios e meio ambiente, dia 21/10, em Belém, um programa Negro Feminista e LGBT , dia 11/11, em Belo Horizonte e uma mesa de sistematização e resultados finais, dia 02/12, em Recife.
Na capital Cearense, o tema da economia será dia 14 de setembro e dia 27 de setembro será a vez da temática democratização do Poder e da política. Entendemos que à luz do que representou os 13 anos de gestão petista no Brasil, nos toca um balanço do que é necessário “fazer” e “ser diferente”. A ofensiva conservadora desencadeada pela classe dominante posterior às experiências com o PT no poder requer a mais ampla unidade na ação para derrotá-la. No entanto, no âmbito do debate programático, ou seja, da estratégia, esfera em que se encaixa o ciclo de debate VAMOS, por exemplo, requer acordos mais profundos. Como espaço de debate é algo necessário e positivo.
Por uma esquerda sem medo de ser anticapitalista e que volte a empolgar
A ofensiva conservadora não pode impedir uma análise objetiva do que deu errado na estratégia do lulismo, aliás, esta é uma condição para que a esquerda retome sua capacidade de mover multidões. É preciso encarar o debate! É possível democratizar a economia capitalista que tem como base gerar a desigualdade? A essência da política adotada pelo PT de “transferência de renda” aos setores mais pobres e até excluídos da cidadania e manutenção de lucros exorbitantes dos capitalistas foi correta? Desde um enfoque da esquerda socialista, uma política de mudanças estruturais na economia, caminha passo a passo com a necessidade da mais absoluta independência de classe. Faltaram as duas coisas aos governos do PT e aos movimentos sociais que foram seus satélites. Eis o que não pode faltar a qualquer projeto de esquerda verdadeiramente anticapitalista.
Movidos com este objetivo devemos construir o Ciclo de Debate VAMOS! Para MUDAR O BRASIL, precisamos romper com o capital. Defender a suspensão imediata do pagamento da dívida pública que consome metade do orçamento do país enquanto os gastos com saúde e educação foram congelados por 20 anos. E aí não pode haver meio termo, não serve apenas criticar os neoliberais golpistas.
Segundo o secretário da Fazenda do Estado, Mauro Filho, em 2015, o Ceará desembolsou R$ 1,1 bilhão para pagar o serviço da dívida, sendo R$ 720 milhões referentes à amortização e R$ 382 milhões a juros e outros encargos. Ainda segundo informes do Secretário, o serviço da dívida, representou no ano de 2016, cerca de 7,3% da Receita Corrente Líquida. E o mais grave, no triênio de 2016 a 2018 a previsão é que a dívida pública ultrapasse os R$ 4,2 bilhões, representando crescimento médio nominal de quase 11% ao ano. Para avançar no ajuste fiscal e manter esta sangria, o atual governo do Ceará, Camilo Santana (PT), aprovou no mesmo período da PEC do Fim do Mundo do Temer, a PEC 03/2016 que congela os gastos sociais no Ceará por 10 anos. Além de elevar a contribuição previdenciária dos servidores de 11% para 14%.
Se no Brasil, a política econômica de Temer mantém 14 milhões de desempregados, no Ceará os dados indicam mais de 561 mil desempregados. Além disso, seis em cada dez trabalhadores no estado estão na informalidade. A precarização do trabalho e do trabalhador é crescente.
Também não podemos esquecer que se os golpistas retomam com voracidade as privatizações, tampouco serve o modelo das concessões e Parcerias Público-Privada (PPPs) marca registrada da gestão petista cearense. Ambos fortalecem o setor privado e retiram do poder público a responsabilidade com serviços que deveriam ser garantidos à população.
Entretanto não pretendemos insinuar que são modelos semelhantes. O objetivo é dialogar que tanto o modelo do lulismo que prevaleceu durante 13 anos ou o modelo local com a atual gestão petista, padece de uma limitação crônica que colocam os trabalhadores e setores oprimidos da sociedade num beco sem saída. Sem romper com a lógica estruturante da exploração no mundo do trabalho, a acumulação e concentração de riquezas na sociedade do capital, sem a suspensão imediata do pagamento das dívidas que seguem sendo mecanismos de sangria e dependência de recursos, não há reversão do quadro de concentração de riqueza tão característicos de nossa economia.
Os exemplos são fartos! O que a esquerda precisa para voltar a ser uma verdadeira alternativa e empolgar os trabalhadores e as massas de oprimidos é um programa de ruptura com a economia capitalista e nenhuma colaboração de classes com seus representantes.
VAMOS! Debater nas praças, combater nas ruas e nos organizar nas fábricas, escolas e universidades por uma esquerda verdadeiramente socialista que recupere a confiança da militância e de milhões de ativistas.
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