Por: Núcleo LGBT do MAIS São Paulo
No dia 17 de maio de 1990, a homossexualidade foi retirada da lista oficial de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde então, a data passou a ser conhecida internacionalmente por outro motivo: o movimento LGBT elegeu o 17 de maio como o Dia Internacional Contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia. Embora em mídias hegemônicas o dia 17 de maio seja divulgado apenas como um dia de combate à homofobia, esta data diz respeito à luta contra qualquer tipo de violência infligida à população LGBT, sendo os diversos tipos de transgeneridade classificados até os dias de hoje como doença pela OMS.
No Brasil, governado por Temer, não vemos motivos para comemorar a situação vivida pela população LGBT. O avanço do projeto ultraliberal de precarização do trabalho e da vida, materializado pelas reformas da previdência e trabalhista, pelo congelamento por 20 anos dos gastos sociais com saúde e educação e pelo recrudescimento da violência e da repressão, entre outros aspectos, afeta diretamente, com especial violência, o conjunto de trabalhadoras e trabalhadores LGBT e parte significativa desta população que vive em condições de extrema vulnerabilidade.
O crescente ataque às liberdades democráticas representado por todas as arbitrariedades da operação Lava Jato abre precedentes perigosíssimos para o aprofundamento da retirada de direitos da população brasileira e para o estímulo à atuação indiscriminada de grupos reacionários contrários à mobilização por igualdade de gênero e afirmação da diversidade sexual em nosso país. Nesse sentido, não nos resta dúvida quanto ao caráter conservador e aprofundador da imbricação entre as desigualdades de classe, gênero e raça que cumpre a operação coordenada pelo juiz Sérgio Moro.
Em São Paulo, a prefeitura do “gestor” João Dória acumula ataques aos direitos da população LGBT: além do fechamento Centro de Testagem e Acolhimento (CTA) Santo Amaro, cujas atividades se concentravam na prevenção e diagnóstico de doenças sexualmente transmissíveis, o programa Transcidadania, voltado para a capacitação profissional de travestis e transexuais, já começa a sofrer duros ataques.
Diante da grave conjuntura nacional e da descoberta dos recém-divulgados campos de concentração e prisões secretas para pessoas LGBT na Chechênia, acreditamos que neste 17 de maio o desafio prioritário da esquerda é forjar uma agenda de lutas unificada contra a LGBTfobia, contra as reformas de Temer e em solidariedade à população LGBT chechena.
Foto de capa: Elza Fiuza/Agência Brasil
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