Há 56 anos, nesta mesma data, ocorria, no prédio da atual Câmara Municipal do Rio, o velório de Edson Luiz de Lima Souto, morto pela polícia nas dependências do “Calabouço”, um restaurante que oferecia comida barata para estudantes de baixa renda.
Eu estive nesse velório, pouco mais que um menino, quando era presidente do grêmio do Cap UEG, que depois virou UERJ.
Meu velho e querido amigo Elinor Brito era, então, o presidente da Frente Unida dos Estudantes do Calabouço.
O dia 28 de março de 1968 ficou marcado na História. Ele conta o porquê:
“28 de março de 68, 18h. Edson Luiz, participante de um ato contra a má qualidade da comida servida no Calabouço, é assassinado pela PM, sob o comando de um oficial do Exército, interventor no Estado da Guanabara.
Os desdobramentos políticos deste acontecimento fazem parte da história da luta contra a ditadura.
Sem a firmeza da FUEC, que ocupou a Assembleia Legislativa (atual Palácio Pedro Ernesto) e estava preparada para tocar fogo no prédio, caso a Polícia tentasse entrar para retirar o corpo de Edson Luiz, não teríamos virado a noite com mais de 60 mil pessoas em vigília, e durante todo o dia seguinte.
A PM voltou aos quartéis, e o cortejo, cumprido a pé, com milhares de pessoas, chegou ao São João Batista, já com as luzes apagadas, à noite. Dos prédios, moradores aplaudiam e jogavam papel picado, em protesto contra a ditadura: ‘Mataram um estudante, ele podia ser seu filho!’ – repetíamos, emocionados.
É história de repressão e de resistência, com grandes mobilizações de massa, como a ‘Passeata dos 100 mil’ e manifestações por todo Brasil.
O desfecho brutal de 1968 veio com o AI-5, a partir do bravo discurso de Márcio Moreira Alves no Congresso Nacional”.
28 de março é, hoje, o Dia Nacional do Estudante. Juventude sem utopia e ousadia envelhece precocemente. E desfibra uma Nação.
“QUEM GRITA VIVE CONTIGO!”
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