Páginas da nossa História, por mais tenebrosas que sejam, devem ser lidas e relidas, não apagadas ou arrancadas.
Em “nuestra America”, nas décadas de 60 e 70 do século passado, golpes militares implantaram ditaduras sanguinárias.
Com a democratização (mesmo precária), vários governos instalaram comissões para apurar sequestros, torturas e mortes de opositores.
E ergueram museus que relembram, com fatos, fotos, vídeos, depoimentos e objetos, esses períodos de terror oficial.
É assim na Argentina. Lá, em Buenos Aires, foi criado o Museu Sítio da Memória. Instalado na antiga Esma, o mais violento centro de tortura da ditadura militar argentina, hoje é um espaço de preservação da lembrança dos anos de chumbo e promoção da defesa dos direitos humanos.
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No Chile existe algo semelhante. Desde 2010, na capital Santiago, funciona o Museu da Memória e dos Direitos Humanos, cuja missão é dar visibilidade às violações dos direitos humanos cometidas pelo Estado chileno entre os anos de 1973 e 1990, durante a ditadura de Pinochet.
No Brasil, aos 60 anos do golpe militar-civil-empresarial de 1964, o presidente Lula – ele próprio vítima da ditadura – decidiu não dar aval a qualquer atividade relativa à data.
Até hoje, nosso Museu dos Direitos Humanos não saiu do papel. A Comissão de Mortos e Desaparecidos, fechada por Bolsonaro, ainda não foi reaberta. Isso tudo deixa muitos de nós e o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, decepcionados.
Mas a sociedade é sempre maior que o Estado. Se este se acovarda e recua, prisioneiro de segmentos autoritários, nós precisamos, mais ainda, nos mobilizar.
Assim o faremos.
É lamentável que, no ano em que se completam 60 anos do golpe civil-militar que lançou o país na ditadura, o governo Lula recue da criação da Comissão de Mortos e Desaparecidos, do Museu da Memória e dos Direitos Humanos e da realização de atos oficiais que ocorreriam em memória…
— Esquerda Online (@esquerdaonline) March 20, 2024
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