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MUNDO

Documentos do Pentágono apontam presença de militares da OTAN na Ucrânia

O autor da fuga de informações classificadas é lusodescendente e foi detido na quinta-feira. Um dos documentos fala da presença na Ucrânia de grupos de operações especiais de cinco países da OTAN.

Esquerda.net
PO Phot Ethell/Ministério da Defesa britânico

Exercício das unidades de reconhecimento do exército britânico.

O FBI deteve esta quinta-feira Jack Teixeira, membro do ramo de informações da Guarda Aérea Nacional do Massachusetts e apontado como o autor da divulgação de documentos classificados. O jovem militar de 21 anos é neto de um açoriano natural de São Miguel, segundo afirmou o líder da Casa dos Açores de Fall River à CNN Portugal.

A identidade de Teixeira foi revelada pelo New York Times e terá sido denunciada pelas semelhanças entre os pormenores da mesa e do pavimento da cozinha visíveis tanto nas fotos dos documentos como em fotos publicadas pela sua irmã nas redes sociais.

Até agora tudo indica que o jovem militar, descrito como um cristão ortodoxo e antiguerra, tivesse a intenção de se tornar um lançador de alerta como Edward Snowden ou Chelsea Manning. Ele divulgou os documentos num grupo fechado no Discord que geria com mais de uma dezena de amigos dos jogos online de guerra.

Segundo disseram ao New York Times alguns destes amigos, a intenção de Teixeira seria mostrar-lhes o que era a guerra a sério. Foi um dos membros do grupo que terá copiado e publicado os mesmos documentos noutros grupos mais participados e dedicados a outras temáticas. Teixeira eliminou o grupo assim que a fuga de informação se tornou pública e arrisca-se agora a ser julgado ao abrigo da Lei de Espionagem, que prevê uma pena de prisão de dez anos por cada documento que divulgou.

Além de detalhes sobre as defesas aéreas ucranianas e o número de tanques e blindados fornecidos pelos aliados de Kiev, surgem indicadores de que os EUA continuam a espiar aliados como a Coreia do Sul, o Egito e Israel. Os documentos referem-se também à presença no teatro de guerra na Ucrânia de cerca de uma centena de elementos das forças especiais de cinco países da NATO. Este documento é datado de 23 de março, mas não refere quais as atividades ou a localização desses grupos. Segundo a BBC , o Reino Unido terá o maior contingente (50 agentes), seguido por Letónia (17), França (15), Estados Unidos (14) e Holanda (1).

Esta revelação será útil para a propaganda de Vladimir Putin, que tem insistido que o inimigo que a Rússia tem pela frente é a NATO e que a Ucrânia é apenas um peão na estratégia da aliança militar liderada pelos EUA de hostilidade face a Moscovo. Entretanto, nos Estados Unidos, essa mensagem é repetida na Fox News pelo seu popular apresentador Tucker Carlson, dizendo que os documentos “mostram que isto não é a guerra da Ucrânia, é a nossa guerra: os EUA são um combatente direto na guerra cotra a Rússia”. E a extrema-direita coloca-se ao lado de Jack Teixeira, com a deputada Marjorie Taylor Greene a afirmar que sendo ele “branco, homem, cristão e antiguerra”, isso torna-o “um inimigo do regime de Biden”.

Publicado originalmente no portal Esquerda.net

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