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EDITORIAL

Vencer o fascismo e mudar o Brasil: Todos à Brasília para a posse de Lula!

Editorial Esquerda Online
Ricardo Stuckert

No momento em que fechamos este editorial, milhares de pessoas já estão se dirigindo à Brasília para aquela que deve ser uma das maiores manifestações populares dos últimos anos no país. Segundo sindicatos, partidos e entidades envolvidas nos operativos, espera-se que mais de 200 mil pessoas ocupem a Esplanada dos Ministérios durante a cerimônia de posse de Lula, que acontecerá neste domingo, dia 1º de janeiro, na parte da tarde.

O complexo protocolo prevê a chegada de Lula e do vice Geraldo Alckmin às 14:20 na Catedral Metropolitana. Depois, os dois seguem para o Congresso Nacional, onde haverá a assinatura do termo de posse e um discurso de Lula à nação. Haverá também a tradicional subido da rampa do Palácio do Planalto e as atividades se encerram no final do dia com um grande show chamado Festival do Futuro, no qual se apresentarão artistas como Baiana System, Martinho da Vila, Margareth Menezes, Pabblo Vittar e Duda Beat. Outros detalhes do cerimonial não foram revelados ou ainda estão indefinidos, seja por questões de segurança, seja por questões práticas, como por exemplo o problema da passagem da faixa presidencial a Lula.

O fato é que estamos diante de uma grande vitória que merece ser comemorada pelo povo brasileiro. 2022 foi o ano em que vivemos em perigo. Mas vencemos. Apesar da força inegável do fascismo e dos graves problemas que ele segue e seguirá causando (agora incluído até mesmo terrorismo!), Bolsonaro foi derrotado nas eleições e agora é a hora de começar a mudar o país para melhor.

A mobilização popular é a melhor resposta ao fascismo, sobretudo agora que querem nos intimidar com atentados terroristas. Mais do que nunca, é preciso tranquilidade, mas também determinação. Não nos deixemos intimidar! A rua é o nosso espaço, a mobilização popular é o nosso método. A maioria do povo trabalhador está conosco. É preciso que a ocupação popular de Brasília seja o início da retomada das ruas pela esquerda em todo o país. Só assim garantiremos a governabilidade de Lula diante das ameaças golpistas e que mudanças importantes possam ser feitas no país.

Aqueles que chegam a Brasília trazem não somente faixas e cartazes de saudação e júbilo, mas carregam também bandeiras de luta. Comemoramos um primeiro passo que foi a aprovação da PEC do Bolsa Família, mas queremos mais. O país precisa de mais. É preciso cessar o processo de privatizações e reverter aquelas já realizadas; revogar as reformas feitas pelos últimos governos, como a trabalhista e da Previdência. Queremos estatais fortes e um orçamento que contemple as necessidades da população trabalhadora, especialmente dos mais pobres.

É preciso reverter o legado do golpe. O povo brasileiro precisa recuperar direitos. É preciso fortalecer o combate ao desmatamento, acabar com o aparelhamento do Estado pelas forças bolsonaristas, promover a cultura, a ciência, a educação e o SUS, proteger os povos originários e tradicionais, avançar em medidas concretas contra o machismo, o racismo e a LGBTfobia. Em particular, é preciso punir os golpistas e agora terroristas incubados nas manifestações bolsonaristas. Quem cometeu crimes deve ir para a cadeia, o que inclui o próprio Bolsonaro e familiares. Nenhum perdão fará o país recuperar a necessária paz. Esta só será garantida mediante um recado explícito dado pelo governo e a sociedade: nunca mais!

Desde a campanha eleitoral, o PSOL foi parte dessa construção e seguirá sendo. Colocamos toda nossa militância a serviço da vitória de Lula contra Bolsonaro e agora seguiremos na luta contra o bolsonarismo, que estará na oposição de extrema direita ao governo, e também contra o neoliberalismo. Ao mesmo tempo, o PSOL não integrará o governo, mantendo assim sua liberdade de ação para batalhar pelas demandas mais sentidas do povo trabalhador e dos setores oprimidos. Essa autonomia é importante também para a crítica à lógica da governabilidade conservadora, baseada em alianças com setores da direita e da grande burguesia que comporão o novo governo. Setores esses que inevitavelmente se colocarão como entraves às mudanças progressivas que precisam acontecer no país.

Os deputados do PSOL serão a voz daqueles cujas vozes foram silenciadas nesse últimos anos de golpe e retrocesso. A única figura filiada ao PSOL que deve assumir ministério no governo Lula é Sônia Guajajara, já confirmada para ministra dos Povos Indígenas. Nesse caso, Sônia se licenciará dos organismos de direção do PSOL, segundo resolução aprovada pelo partido. Além disso, Sônia assume por indicação da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), e não em nome do PSOL. O PSOL respeita a demanda por representatividade dos povos originários e por isso não se opõe à nomeação.

A jornada será longa e tortuosa. Os golpistas, fascistas e terroristas estarão à espreita. Os representantes da direita, dentro e fora do governo, tentarão impedir avanços. Mas temos confiança na força do povo trabalhador e oprimido. O primeiro passo é lotar a Esplanada dos Ministérios e fazer da posse de Lula uma enorme festa popular, mas também um momento de luta.

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