Nesta quarta-feira, o Ministério da Defesa finalmente enviou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) seu relatório de fiscalização do processo eleitoral e a conclusão apresentada não tinha como ser diferente: não houve qualquer fraude no processo eleitoral que chancelou a vitória de Lula.
Assim, o relatório do Ministério atesta o óbvio, ou seja, que os BUs analisados (boletins de urnas, documentos impressos pelas urnas com todos os resultados da votação devidamente discriminados) estão plenamente de acordo com os números das eleições divulgados pelo TSE.
Como denunciamos em artigo anterior, nos meses anteriores às eleições, o ministro da defesa, Paulo Sergio Nogueira, chegou a propor uma “auditoria paralela” ao processo eleitoral e ainda a instauração de uma votação paralela, com cédula em papel, para comparação com o resultado da urna eletrônica. Uma grande bobajada pretensamente “fiscalizadora”, cujos objetivos eram tão somente pressionar o TSE, tutelar o processo eleitoral e empurrar o país para o caos golpista. Na época, a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC), durante a sessão de uma comissão na Câmara realizada na presença do general e ministro da Defesa, Paulo Nogueira, corretamente denunciou: “Não é tarefa das Forças Armadas debater urnas eletrônicas”. A hipótese de buscar um “acordo” com o TSE, como afirma o ministro, simplesmente não existe e soa a chantagem.
O TSE recebeu o relatório e aproveitou para arrematar a questão com a seguinte nota: “TSE informa que recebeu com satisfação o relatório final do Ministério da Defesa, que não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência no processo eleitoral de 2022. As sugestões encaminhadas para aperfeiçoamento do sistema serão oportunamente analisadas. O TSE reafirma que as urnas eletrônicas são motivo de orgulho nacional, e as Eleições de 2022 comprovam a eficácia, lisura e total transparência da apuração e totalização dos votos”
Vale lembrar que outras entidades, como a OAB e o TCU, também emitiram notas em que afirmam a inexistência de qualquer anormalidade nos boletins de urna. Na mesma toada, o ministro Gilmar Mendes aproveitou para cobrar uma declaração de reconhecimento do processo eleitoral de Valdemar Costa Neto, o presidente do PL, partido pelo qual Bolsonaro concorreu. Até o encerramento deste artigo Valdemar não se pronunciou, embora tenha falado sobre seu partido ser oposição ao próximo governo.
Com a apresentação do relatório em questão, o alarde golpista que vem alimentando as hordas bolsonaristas nos bloqueios de rodovias e agora nas portas dos quartéis clamando por “intervenção federal”, acaba por esvaziar-se de vez. Contudo, ele deixa propositalmente uma certa ambiguidade ao apontar eventuais “fragilidades no sistema que poderiam permitir fraudes”, com o intuito de manter um ar de suspeição quanto ao processo eleitoral.
Todavia, o fundamental é que caiu por terra toda a agitação golpista desses últimos meses levantada pela família Bolsonaro e por seus aliados, como o general Paulo Sérgio Nogueira. A legítima vitória de Lula é um fato consumado contra a qual ninguém poderá contestar. Lula, aliás em recente discurso no CCBB, fez uma importante afirmação sobre o uso Bolsonaro ter feito as Forças Armadas desempenharem papel humilhante e que ele deveria pedir desculpas à instituição por ter tentado usá-la em uma função que não cabe a ela, além de tê-la envolvido em uma série de mentiras.
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