Zé Luís e Rosa Sundermann: 28 anos de um crime sem “culpados”


Publicado em: 13 de junho de 2022

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Doni Silva, de São Carlos, SP

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Há 28 anos, no dia 12 de junho de 1994, o casal José Luis e Rosa Hernandes Sundermann foi brutalmente assassinado dentro de sua própria casa, em São Carlos (SP). Até hoje as autoridades – polícia e Justiça – não apontaram nenhum suspeito pelo crime. Uma impunidade comum aos assassinatos de lutadores sociais no Brasil.

Zé Luís e Rosa eram figuras de imensa importância para a organização dos trabalhadores e das lutas no SINTUFSCar e de toda região de São Carlos. Eram militantes do PSTU, partido recém fundado, e incomodavam muito além dos muros da universidade, tanto assim que foram mortos em condições que deixaram muito claro se tratar de uma execução ligada às lutas do campo.

O crime foi denunciado em organismos internacionais e o Brasil chegou a ser condenado, mas apesar disso, 28 anos depois, segue impune.

Um País que carrega a marca da impunidade!

Marielle Franco

O assassinato do casal não é um fato isolado no histórico de execuções de lideranças políticas no país. Sob o governo Bolsonaro, os conflitos no campo resultam em um número cada vez maior nas tentativas de assassinato e de ameaças de morte. Em grande parte, as pessoas assassinadas no ano de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, eram de lideranças de movimentos dos trabalhadores rurais e indígenas, que lutavam pelo direito ao uso da terra e que realizavam denúncias de grilagem, de extração ilegal de madeira, de invasão de garimpeiros.    

O principal foco dos ataques são os territórios tradicionais, seja para a exploração de madeira, minério, expansão agrícola de fazendas, agronegócio ou especulação imobiliária. 

Somando-se a isso o país ainda vive a vergonha da não elucidação do assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes, seu motorista, em março de 2018. Fica muito evidente que a relação do assassinato da vereadora está diretamente ligada aos grupos de milicianos que mantém relações públicas com o atual governo. O principal suspeito, Ronnie Lessa, morava nada mais, nada menos, que no mesmo condomínio que Jair Bolsonaro. Essa coincidência não é mero acaso.    

Voltando aos assassinatos no campo, o mundo acompanha, estarrecido, o desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira que muito provavelmente foram executados por garimpeiros, caçadores e pescadores ilegais ou traficantes de armas e drogas que, notadamente, aumentaram suas atuações no último período numa evidente sensação de impunidade, que se estabeleceu frente às declarações públicas do atual governo que não nega a sua sanha em abrir o acesso às terras protegidas da Amazônia para a exploração ilegal de garimpo e extração de madeira e minérios.  

Basta de assassinatos, de destruição ambiental, grilagem e violência no campo. É preciso pôr fim à essa situação que vivenciamos no país e exigir investigações sérias e punição exemplar para os assassinos e mandantes dos homicídios de todas as lideranças de trabalhadores e dos povos indígenas que estão, cada vez mais, sendo massacrados sob a luz da impunidade.

Conheça a história do casal assistindo um vídeo gravado em 2014 que conta um pouco dessa história.

O legado de Zé Luís e Rosa seguem pulsando nos trabalhadores e na juventude! 28 anos se passaram, mas Zé Luís e Rosa jamais serão esquecidos!

Zé Luís e Rosa Sundermann, PRESENTES!

FORA BOLSONARO E MOURÃO


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