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É preciso combater o Bolsonaro que existe em cada um de nós

Direita Volver

Coluna mensal que acompanha os passos da Nova Direita e a disputa de narrativas na Internet. Por Ademar Lourenço.

Sim, ele está lá, nas profundezas de sua mente. Em algum lugar escondido, esperando a hora oportuna para te afogar com medo e ódio. Se você já está irritado com o autor deste texto e nem quer terminar de ler, é porque ele está agindo. Respire fundo e não deixe o pequeno Bolsonaro que existe dentro de você vencer.

A militância a favor do atual Presidente é uma fauna asquerosa de gente que defende todo tipo de bizarrice. Mas os cérebros deles têm a mesma estrutura que os nossos. Eles, assim como nós, também pertencem à espécie homo sapiens. Ou seja, talvez você fosse um bolsonarista se a história de sua vida fosse diferente.

O que torna o bolsonarista uma pessoa ruim é que ele é tomado por dois sentimentos: medo e ódio. São sentimentos básicos de toda pessoa, como a alegria, o nojo e a tristeza. A excitação e o desconforto causados por uma descarga incontrolável de medo e de ódio motiva o militante fascista a fazer suas atrocidades.

Medo e ódio são universais. Não podemos ser hipócritas. Mas o ódio não pode ser irracional e o medo não pode ser desmedido. Infelizmente, em alguns casos, uma descarga incontrolável desses sentimentos toma conta da gente.

Ódio aos fascistas, paz entre os nossos

Quando o ódio sem filtro toma conta, passa ser excitante ferir outras pessoas. Passa a ser um alívio causar sofrimento em alguém. A pessoa tomada pelo ódio irracional tenta compensar o desconforto desse sentimento machucando os outros. E isso, infelizmente, a gente viu nos últimos dias com as agressões desnecessárias à Rita Von Hunty.

É muito mais fácil agredir verbalmente uma pessoa LGBTQIA+ e que não vai revidar de forma violenta. A prática de compensar as frustrações pessoais agredindo os outros é antes de tudo algo covarde. Por isso quem é tomado pelo ódio irracional escolhe como alvo pessoas que já são discriminadas.

Rita Von Hunty tomou uma decisão errada. Ela não vai apoiar Lula no primeiro turno. Devemos fazer o debate político com pessoas que cometem o mesmo erro. Devemos explicar que na Bolívia, a postura da Central Operária Boliviana de subestimar a burguesia facilitou o golpe de 2019. Temos que alertar nossos companheiros que os riscos são altos e Lula deve terminar o primeiro turno já com uma diferença grande de votos. O segundo turno, se tiver, será tenso, e pode ser decisivo largar com uma boa vantagem.

Mas agredir alguém que, apesar dos equívocos, está na mesma trincheira que a gente, é um absurdo. A pessoa que faz isso está se deixando tomar pelo ódio injusto. Não é apenas uma questão moral. Usar a agressão para aliviar tensões se torna um vício. Degrada a personalidade de quem usa essa prática.

Estamos todos tensos, ansiosos e sentimos a necessidade de descarregar a raiva. Mas não podemos fazer isso uns com os outros. Quem comete esse erro deixa o pequeno Bolsonaro dentro de si tomar conta. E isso pode não ter volta.

O maior medo que devemos ter é o medo de não tomar uma atitude

Além do ódio, outro sentimento que devemos saber controlar é o medo. Ele é fruto de alguns milhões de anos de evolução. Foi o medo que fez nossos ancestrais fugirem de predadores. Mas, como todo sentimento, ele também deve ser dosado.

Muitas pessoas que já se decidiram por votar em Lula para derrotar Bolsonaro estão com medo de ir às ruas. Estão com receio do julgamento social de seus conhecidos bolsonaristas. Em alguns casos, há o risco de assédio que pode evoluir para a violência física ou perda de emprego. Nessas situações, é compreensível que a pessoa não queira se expor.

Mas apenas a mobilização vai derrotar Bolsonaro. 100% dos bolsonaristas vão comparecer nos comícios do genocida. E eles não são poucos. Se do nosso lado não tiver uma mobilização bem maior, Bolsonaro vence. Não adianta Lula ser popular ou ter uma boa equipe de marketing. Se as ruas não forem tomadas de vermelho e amarelo, já era.

Há o risco de algum incidente? Provavelmente o genocida vai controlar seu gado antes das eleições. É improvável que aconteça algum ato de violência generalizada antes do resultado final. O maior risco durante a campanha é algum lunático agir sozinho. É bom a esquerda tomar medidas de segurança. Mas mais importante que isso é que todo apoiador de Lula vá às ruas.

Não podemos deixar de usar nosso vermelho e nosso amarelo e de apoiar nosso candidato por medo de julgamentos ou constrangimentos. Será muito pior se Bolsonaro ganhar. Muito, muito, muito pior. Cada apoiador é importante. Não se pode apenas esperar outros. Como diz um ditado mineiro, “vaca não dá leite”, alguém precisa ir lá e tirar o leite dela.

Cabeça no lugar, pés no chão

Ganhar o mundo para suas ideias é um pequeno esforço. Ganhar você mesmo para suas ideias é um grande esforço. Antes de vencer a batalha contra o inimigo devemos vencer a batalha contra nossas próprias fraquezas.

O pequeno Bolsonaro que mora dentro de você vai continuar agindo, tentando te levar à autossabotagem. Tentando fazer o medo e o ódio te induzirem a tomar decisões erradas. É importante estar bem munido com a razão e com a camaradagem de seus companheiros. Também com a consciência de estar do lado certo da história.

Pratique exercícios, medite, mantenha a calma, convoque seu Buda e se prepare. O que vem pela frente pode ser a maior batalha de nossas vidas. E temos chances reais de vencer.