Editorial especial
Prioridade: impedir a reeleição de Bolsonaro
Por unanimidade, os delegados eleitos se posicionaram a favor da campanha pelo voto em Lula para derrotar Bolsonaro desde o primeiro turno das eleições.
Consideramos que nada é mais importante que impedir a reeleição de um governo de extrema direita, que foi o principal responsável pela morte de mais de 600 mil pessoas na pandemia. Além disso, o atual governo executou um programa sem precedentes de destruição econômica, social, ambiental e de direitos trabalhistas e democráticos. Temos hoje um país massacrado, com 20 milhões de pessoas passando fome.
Não foi possível derrubar Bolsonaro nas ruas, apesar de todos os atos realizados para isso. Com a aproximação das eleições, a candidatura de Lula é aquela que se apresenta como a única com condições de derrotar o candidato da extrema direita.
A disputa será acirrada, como demonstra a recente subida de Bolsonaro nas pesquisas. O fascismo buscará também mostrar suas forças nas ruas, com possíveis ameaças golpistas. Diante do cenário de polarização numa eleição histórica, o PSOL tem que ser um instrumento útil para ajudar a derrotar Bolsonaro, sendo parte ativa da campanha pelo voto em Lula.
Além disso, o partido precisa atuar para que a campanha de Lula seja feita com mobilização e organização pela base em cada bairro, local de trabalho e estudo. Para derrotar Bolsonaro nas urnas e garantir o resultado das eleições diante de qualquer ameaça golpista, será preciso muita luta e disposição para ganhar corações e mentes.
A aliança com Alckmin enfraquece o combate contra Bolsonaro
Lula chamou Geraldo Alckmin de “companheiro”, buscando convencer os trabalhadores de que o velho tucano merece confiança. O petista afirmou também que a aliança com Alckmin é necessária para vencer Bolsonaro, governar o país e defender a democracia. Não concordamos com Lula.
Primeiro, porque Alckmin não se transformou, da noite para o dia, em “companheiro” dos trabalhadores e dos mais pobres. Continua sendo um representante da grande burguesia brasileira, da direita conservadora. Geraldo governou o Estado de São Paulo por 14 anos aplicando uma política neoliberal radical e reprimindo violentamente a luta dos trabalhadores e da juventude. Alckmin apoiou o golpe contra Dilma e comemorou a prisão de Lula. Ele não mudou de lado.
Segundo, não é verdade que Lula precisa de Alckmin para vencer Bolsonaro. O petista não ganhou sequer um ponto nas pesquisas desde que anunciou o ex-tucano como vice. Então, por qual motivo Lula quer Alckmin? O ex-presidente, com essa indicação, sinaliza que seu governo será confiável para as elites dominantes.
Consideramos que as alianças da esquerda com setores da burguesia sempre levam a derrotas estratégicas. Basta lembrar que o golpe contra Dilma foi articulado pelos antigos aliados do PT no governo, como o MDB de Temer. Essas alianças com a direita também rebaixam o programa, fazendo a esquerda renunciar à luta por mudanças estruturais.
Tudo isso enfraquece o combate contra o bolsonarismo, pois cria a ilusão de que se vence a extrema direita em aliança com setores do grande capital supostamente “democráticos”. Na verdade, a história da luta de classes demonstra que se vence o fascismo com a luta e a organização independentes do povo trabalhador e oprimido.
O PSOL na batalha para derrotar o bolsonarismo e por um programa de esquerda
O PSOL deve aprovar em sua conferência eleitoral, no final de abril, o apoio a Lula para derrotar Bolsonaro. Trata-se de uma decisão muito importante que localizará corretamente o partido na principal batalha política do ano.
Como não é possível, por restrições e riscos jurídico-legais, fazer a campanha pelo voto em Lula por fora da coligação formal, o partido está obrigado a entrar nela, apesar da discordância pública (que deve seguir sendo pautada) com a aliança do PT com Alckmin e outras lideranças e partidos ligados à classe dominante.
Realizando uma campanha aguerrida pelo voto em Lula, o PSOL precisa manter sua independência política nessas eleições, assim como apresentar um programa de esquerda com coragem de enfrentar os privilégios das elites dominantes, posto que o programa da aliança com Alckmin terá muitos limites e problemas.
O PSOL tem que fazer defesa enfática da revogação de todo o legado do golpe (privatizações, reforma trabalhista, reforma da previdência, leis antidemocráticas etc.). É preciso também levantar medidas de mudanças relevantes: enfrentamento ao racismo estrutural; defesa das terras e dos povos indígenas; combate à pobreza com a taxação dos mais ricos, grandes empresários e banqueiros; direito ao aborto; investimentos pesados nos serviços públicos (sobretudo em educação e saúde), combate à precarização do trabalho, valorização real do salário mínimo, preservação do meio ambiente, reversão da privatização da Petrobras, entre outros pontos.
O papel da Resistência nessas eleições e além
Enquanto corrente interna do PSOL, a Resistência atuará, em primeiro lugar, para que o partido esteja empenhado, sem nenhuma vacilação, na campanha pelo voto em Lula. É preciso uma campanha combativa com mobilização e organização pela base. Afinal, Bolsonaro ainda não foi derrotado e o mais importante é tirá-lo do poder.
Defenderemos que o PSOL apresente um programa próprio nessas eleições, bem como mantenha as críticas às alianças do PT com Alckmin e outros setores da direita e da burguesia.
A Resistência considera também que a entrada do partido na coligação com o PT decorre exclusivamente da tarefa de derrotar Bolsonaro nessas eleições históricas, nada além disso.
Somos contra a entrada do PSOL em um possível governo Lula-Alckmin. Desde já, afirmamos que estamos taxativamente contra o PSOL governar junto com Alckmin e outros setores burgueses. Seria um erro fatal para um partido que nasceu e se construiu opondo-se à estratégia da conciliação de classes.
Se o petista for eleito presidente, o PSOL deverá estar fora do Palácio do Planalto, e seguir ao lado da luta dos trabalhadores, negros e negras, mulheres, da população LGBTQIA+, povos indígenas e estudantes, exigindo que o novo governo atenda às demandas dos explorados e oprimidos e enfrentando na luta as ameaças da extrema direita.
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