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EDITORIAL

Diante do aumento do custo de vida, apoiar as greves e construir o dia 09 de abril

Editorial
Sind Rede

Manifestação em Belo Horizonte (MG), da greve da educação municipal

Editorial de 31 de março de 2022

Para a maioria da população, viver tem se tornado cada vez mais difícil. A inflação dos últimos meses, somada ao desemprego e à precariedade, transformou tarefas básicas do dia a dia de qualquer família em verdadeiras lutas diárias pela sobrevivência.

Comer tem sido o principal desafio. A alta dos preços atingiu quase todos os itens e produtos, como arroz, pão, café, cebola e cenoura que, em Fortaleza (CE), subiu 334% em um ano. Com isso, para 38% dos desempregados, a quantidade de comida em casa não tem sido suficiente.

O custo de vida piorou também por conta do aumento dos combustíveis, do gás de cozinha, das tarifas de água e energia e no transporte público. O reajuste recente da Petrobras, resultado da política de preços do governo, teve efeitos nos alimentos e no transporte, com impacto imediato em categorias como entregadores, motoristas por aplicativo e caminhoneiros.

Diante da inflação e também dos ataques de governos e empresas, a classe trabalhadora tem reagido, com o aumento das greves em todo o país. No dia 1º de abril, está previsto o início de um novo breque nacional dos entregadores, após atos em diversos locais, como Recife e Rio de Janeiro.

Neste momento, estão em greve categorias nacionais, como os servidores do INSS e os do Banco Central, ao mesmo tempo em que o funcionalismo público federal avança na mobilização unificada por reajuste, tema que também desperta lutas em várias cidades, como São José dos Campos (SP).

A educação tem sido vanguarda nas greves, com movimentos como o de Teresina, com mais de 50 dias parados; de Belo Horizonte (MG) e de Goiás. Em comum, a exigência da aplicação da Lei do Piso.

No setor de transportes, rodoviários pararam no Maranhão, em Teresina e no Rio de Janeiro, e uma importante greve dos metroviários ocorre neste momento em Belo Horizonte (MG), contra a privatização do metrô.

Várias lutas têm sofrido repressão, como ocorreu com os garis do Rio de Janeiro, parados desde o dia 28, e que já tiveram quatro ativistas detidos. Os garis enfrentam o prefeito Eduardo Paes (PSD), exigindo reajuste das perdas, e não de apenas 4%. Além disso, muitas greves enfrentam decisões da Justiça, tornando ilegal o movimento e inclusive ameaçando de prisão suas lideranças.

Bolsonaro, a culpa é sua!

Segundo o Datafolha, 75% da população responsabiliza Bolsonaro pela inflação. E 68% dos entrevistados consideram que ele tem culpa na alta dos preços dos combustíveis, ainda que tente responsabilizar somente a direção da Petrobrás, com a troca de comando, ou os impostos. Apesar da pretensa indignação com a “insensibilidade” da empresa, Bolsonaro silencia sobre o Preço de Paridade de Importação (PPI), criada justamente para garantir os lucros dos acionistas internacionais. Além de não mexer nesse mecanismo, utiliza a alta dos preços para defender a privatização total, ou seja, para entregar de vez a Petrobrás (e junto com ela o controle dos preços) nas mãos de uma minoria de bilionários.

O governo é culpado pela inflação que assola a vida do povo. Mantém o PPI, privatiza fábricas de fertilizantes, encarecendo a produção agrícola, e não tem nenhuma medida para garantir a soberania alimentar ou preservar estoques. Também é culpado pela devastação recorde do meio ambiente e a invasão de terras indígenas, contribuindo para tragédias climáticas como secas e chuvas, que afetam as safras e encarecem o preço dos alimentos.

Da mesma forma, suas políticas de auxílio, retomadas para tentar reabilitá-lo eleitoralmente, se mostram insuficientes. Caminhoneiros e motoristas de aplicativo chamam os vales combustível de esmola, pois não cobrem nem dois dias de trabalho destes últimos. Já o Auxílio-Brasil, que começou a ser pago em março, é criticado pelo baixo valor.

Bolsonaro acumula decisões que aprofundam a desigualdade e a miséria, enquanto favorece grandes grupos econômicos e especuladores, os mesmos que comemoram quando o preço da gasolina aumenta, elevando o valor de suas ações da Petrobrás.

Unificar as lutas e construir um forte dia 09 de abril 

Não é possível esperar nenhuma medida eficaz por parte desse governo ou do Congresso Nacional. Suas poucas e limitadas medidas têm como objetivo criar condições para a disputa eleitoral. As greves em todo o país mostram que a única saída está na mobilização, em nossa capacidade de resistir e avançar. Neste momento, é preciso unificar as greves e lutas que estão ocorrendo, buscando ações comuns e também de solidariedade diante da repressão e de possíveis cortes de ponto. Isso tem ocorrido em vários locais, como no Piauí, onde servidores municipais, da educação estadual e rodoviários em greve atuaram de forma unificada.

Além disso, todas estas greves e mobilizações devem construir e se somar no dia 09 de abril, data convocada pela Campanha Nacional Fora Bolsonaro como Dia Nacional de Mobilização “BOLSONARO NUNCA MAIS! Contra o aumento dos combustíveis e do gás! Não à fome e ao desemprego!”. A realização de um forte dia de luta e paralisações é fundamental tanto para o sucesso das greves em curso como para avançar no enfrentamento com o governo. Os exemplos das recentes vaias da juventude e de artistas mostram o crescimento da reprovação ao governo e a urgência de sua saída. No dia 09, vamos às ruas, contra a inflação, por uma Petrobrás para os brasileiros e para mostrar a maioria do povo que a culpa é de Bolsonaro.

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