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EDITORIAL

Quatro motivos para ir às ruas neste sábado, 02 de outubro

Editorial
Divulgação/O Globo

O governo Bolsonaro completou mil dias deixando um rastro de destruição. Foram quase três anos de morte, ódio, retirada de direitos, desmonte do Estado e ameaças golpistas. A velocidade com que os crimes ocorrem é acelerada. Mas não podemos nos acostumar aos absurdos e mentiras e muito menos perder a capacidade de se indignar. Temos o direito de ir às ruas para derrubar um governo genocida e corrupto, que produz carestia, fome e miséria para o povo. Veja abaixo quatro motivos para ocuparmos as ruas no sábado, 02 de outubro. Convide amigos, familiares e colegas de trabalho e bairro. Chegou a hora do basta: Fora Bolsonaro!

1 – A CPI mostrou que Bolsonaro é inimigo da vida

A CPI e a imprensa revelaram os bastidores da pandemia, para além do negacionismo e da defesa do tratamento precoce. O genocídio teve corrupção e requintes de crueldade. O governo ignorou ofertas como a da Pfizer, condenando ao menos 90 mil pessoas à morte em poucos meses. Decisão tomada para poder negociar vacinas com atravessadores, mediante propina de um dólar por dose de vacina, em transações que serviriam para alimentar a máquina de ódio bolsonarista nas redes.

Ao mesmo tempo, Bolsonaro exaltava a cloroquina como eficaz contra a covid-19. Condenada pela OMS, o medicamento foi usado em larga escala nos hospitais da Prevent Senior, em pacientes idosos, sem avisar familiares, em um experimento cruel, comparado a experiências nazistas. Segundo denúncia de um grupo de médicos, o “estudo” seria encomendado pelo governo e a Prevent Senior ocultou mortes de pacientes tratados com cloroquina e ozônio, alterando o resultado. O bolsonarista Luciano Hang, da Havan, teria mentido sobre a morte da própria mãe. O que a CPI está revelando é uma política genocida que, em nome do poder, tirou a vida de milhares de pessoas. Estamos diante de assassinos.

2 – A inflação e a fome só vão piorar se Bolsonaro seguir no poder

A vida das pessoas nunca esteve tão ruim. A inflação dos alimentos, dos combustíveis e da energia dá contornos dramáticos para a crise social, com desemprego recorde e queda na renda das famílias. Está tudo caro. A maioria das famílias cortou itens da cesta básica e tornaram-se comuns cenas de pessoas buscando ossos e restos de carne. A economia se recupera muito mais devagar do que no resto do mundo, por conta dos erros na pandemia e da política econômica desastrosa. Os sinais são de estagnação, e a tendência é de ainda mais inflação e crise.
Enquanto o governo Bolsonaro permanecer, a vida do povo só vai piorar. Ele ignora a fome do povo, cancela o auxílio emergencial e mantém a política de preços da Petrobras, que beneficia acionistas estrangeiros, reajustando o preço de combustíveis e do gás, inviabilizando até o trabalho de motoristas de aplicativo.

3 – As ameaças golpistas do 7 de setembro não foram abandonadas

O bolsonarismo realizou atos de rua no dia 7 de setembro, ameaçando o STF e exigindo uma “intervenção”. Os atos foram significativos. O recuo, através de uma carta escrita por Temer, não passou de uma jogada, para ganhar tempo e evitar a reação. Não existe “Bolsonaro paz e amor”. Seu objetivo segue sendo um golpe, especialmente contra as eleições de 2022. O perigo permanece. A base bolsonarista raiz, ideologicamente fascista, ainda é grande e segue mobilizada e com penetração nas forças de segurança.

O fascismo não será detido com cartas de repúdio. E não basta vencê-lo nas eleições. É preciso ser maioria nas ruas para derrotar a ameaça bolsonarista. No dia 07, Bolsonaro mostrou as garras e nos desafiou. No dia 02, precisamos dar o troco realizando um grande ato democrático pelo Fora Bolsonaro com todas as forças políticas e sociais dispostas a essa luta. Precisamos dar uma resposta à altura e mostrar que a maioria não vai tolerar as ações golpistas.

4. Apesar de reprovado pela maioria, ele não vai cair sozinho

O governo nunca esteve tão mal junto ao povo. Só 22% o aprovam, contra 53% que o consideram ruim ou péssimo –58% entre as mulheres. Foi na classe trabalhadora em que essa ruptura foi maior, especialmente entre mais jovens, negros, nordestinos e entre quem ganha menos de 2 salários mínimos, onde aprovação é de apenas 17%.

Mesmo diante da reprovação recorde, da crise social e dos crimes, a maioria do Congresso e os grandes empresários não dão sinais para o impeachment. Banqueiros, como o do Itaú, declaram que está tudo bem, que o governo deve continuar até o fim, enquanto preparam uma terceira via. Olavo Setúbal, assim como os empresários reunidos com Temer no jantar, prefere manter o governo Bolsonaro, fragilizado, para, junto ao Centrão, aprovar reformas como a administrativa, novas privatizações e mais destruição do meio ambiente, com o avanço sobre as terras indígenas.

Não dá para esperar até as eleições para derrotar Bolsonaro. O país está sendo destruído e a ameaça golpista não desapareceu. O fim desse governo depende da pressão das ruas, da força da mobilização do povo em luta e da juventude. É preciso que a maioria que o reprova nas pesquisas ocupe ruas e praças, exigindo o impeachment. A força dos protestos organizados pela esquerda e pelos movimentos sociais, por meio da Campanha Nacional Fora Bolsonaro, já conseguiu ampliar o arco a favor do impeachment, com setores do centro e da direita que estarão presentes no dia 02 (como a Rede, Solidariedade, Cidadania, PSB e PDT). Mais do que nunca, partidos e lideranças da classe trabalhadora, em especial Lula, precisam convocar e participar dos atos, para que façamos do dia 2 um dia histórico contra Bolsonaro.