Lênin, Trotsky, Clara Zetkin e outros revolucionários cumpriram um indiscutível papel na defesa e no desenvolvimento da política da Frente Única Operária, contudo, sem dúvidas foi Paul Levi o estrategista por trás da sua elaboração.
Não é um exagero afirmar que a luta pela unidade da esquerda, pela conquista da maioria do proletariado e contra o esquerdismo endêmico no Komintern sintetizam a vida militante deste revolucionário marxista “injustamente esquecido” (Claudon, 2010).
Seus escritos políticos, vertidos infelizmente apenas para a língua inglesa e reunidos por David Fernbach no livro In the Steps of Rosa Luxemburg: Selected Writings of Paul Levi, revelam a indiscutível qualidade de sua elaboração política e a amplitude de sua visão estratégica. Muitos dos materiais ali contidos são textos de polêmica e correspondências, que materializam as várias batalhas que travou, em particular no intenso período entre 1919 e 1921, quando liderou o KPD e, posteriormente, o VKPD.
Herdeiro político de Rosa Luxemburgo
Levi, como muitos socialistas de sua época, nasceu em uma família bem abonada, mas abraçou a causa do proletariado até o fim da vida. Seus pais, cujos rendimentos eram provenientes de um próspero negócio de tecidos, puderam lhe prover excelente educação e conforto.
Uniu-se ao SPD com pouco mais de 20 anos, quando também começou a exercer a advocacia. Não muitos anos depois, Levi já era vereador na cidade de Frankfurt e um destacado dirigente da ala esquerda da social-democracia, ao lado de Rosa Luxemburgo, Karl Liebknecht, Leon Jogiches, Franz Mehring e outros.
Quando da fundação do KPD(S), partido herdeiro da Liga Spartacus, Levi desempenhou um papel não pouco relevante:
O Congresso fundacional do Partido Comunista da Alemanha (Liga Espártaco), o KPD(S) – […] –, que ocorreu da cisão da Liga Espartaquista do USPD, foi levado a cabo do dia 30 de dezembro de 1918 até primeiro de janeiro de 1919. Neste congresso, e a pedido de Rosa Luxemburg, Paul Levi discursou em defesa da participação do KPD(S) nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte que redigiria a Constituição de Weimar – não por alimentar ilusões parlamentares, senão com o objetivo de chegar aos trabalhadores com uma mensagem que rompesse com o consenso contrarrevolucionário em torno de uma república democrático-burguesa como alternativa ao movimento dos conselhos que então sacudia a Alemanha. O congresso fundacional do KPD(S) lamentavelmente rechaçou esta posição, condenando-se ao isolamento político em um momento crucial na história da Alemanha e do mundo.” (Gaido, 2015, p. 22)
Depois da execução de Rosa, Liebknecht e Jogiches, coube a Paul Levi a desafiante tarefa de dirigir o KPD(S), em um contexto político no mínimo complexo para o país: a república havia sido proclamada logo ao fim da guerra, da qual a Alemanha saiu derrotada. Tal derrota custou ao país a assinatura do tratado de Versalhes, imposto pelas nações vencedoras para impedir que a Alemanha se lançasse em novas empreitadas militaristas e coloniais, admitido um mês depois pela constituição de Weimar. A república nascia, portanto, associada às condições deste tratado humilhante, que tinha na social-democracia, já integralmente convertida ao reformismo, silenciosa anuência. Essas condições permitiram que surgisse, às margens das forças armadas, várias tendências políticas ultra-nacionalistas e de extrema-direita, dentre as quais o nazismo. Por outro lado, o comunismo, se bem que já arrastasse uma massa de dezenas de milhares de militantes, era uma corrente ainda engatinhante do ponto de vista político e ideológico.
Oposição leal
Em março de 1920 o governo social-democrata do Reichpräsident Ebert deu lugar ao governo de Kapp-Lütwitz, na sequência de um golpe militar. No entanto, em menos de uma semana, a Alemanha foi sacudida por uma imponente greve geral convocada pelo líder da federação de sindicatos social-democratas, Carl Legien, que esmagou o putsch de Kapp-Lütwitz.
Levi se encontrava cumprindo uma condenação na prisão de Moabit e, portanto, só pôde intervir naqueles eventos de forma indireta, através de cartas que elaborava em base às notícias que lhe chegavam.
A postura do KPD(S) frente aos acontecimentos foi de total vacilação. A maioria da Zentrale, o comitê dirigente do partido, não defendia a necessidade de impedir o golpe porque enxergava com indiferença a possibilidade de substituição de um governo do SPD por um governo de Kapp-Lüttwitz e, portanto, não “moveria um dedo” (Fernbach, 2011, p. 12).
Ao mesmo tempo, a Zentrale considerava que “A classe operária, […], é incapaz de agir” (Die Rote Fahne apud Mermelstein, p. 21, 1993) pois as condições necessárias ainda não estavam reunidas, conforme afirmavam.
Levi, quando tomou conhecimento da posição do KPD(S), criticou severamente a Zentrale:
“Minha opinião: o Partido Comunista alemão está ameaçado por uma bancarrota moral e política. Não consigo entender como alguém, nesta situação, pode escrever frases como esta: ‘A classe operária não é capaz de atuar neste momento. Há que dizer claramente’. ‘Pelo simples fato de que Lüttwitz e Kapp tomem o lugar de Bauer e de Noske, nada mudou imediatamente… no estado da luta de classes’… Depois de haver negado a capacidade de atuar da classe operária no primeiro dia, no dia seguinte o partido lança uma nota [que diz]: ‘Agora, o proletariado alemão deve finalmente assumir a luta pela ditadura do proletariado e pela república comunista soviética’. A nota logo fala da… greve geral (depois de que a classe operária tinha sido considerada incapaz de realizar uma ação). Ao mesmo tempo (quando a greve geral havia tirado as massas das fábricas) [a nota pede a] eleição de soviets [e a convocação de um] congresso soviético central. Em resumo, nossos ‘manda-chuvas’ sabotam a greve geral, organizativa e politicamente. Também o fazem moralmente. Considero que é um crime romper agora a ação ao afirmar: ‘O proletariado não levantará um dedo pela república democrática’. Sabem o que isso significa? Isto é uma punhalada nas costas da maior ação do proletariado alemão!” (Levi apud Gaido, 2015, p. 25).
Sem sequer conseguir “encontrar um jornal que publicasse suas proclamações” (Authier e Dauvé, 1976) e com o país coberto por comitês de trabalhadores armados, os golpistas finalmente foram derrotados e seus líderes se exilaram na Suíça. Em consequência dessa nova correlação de forças, abriu-se na esquerda e nos sindicatos um debate sobre a formação de um governo composto exclusivamente pelos partidos operários, ideia concebida por Carl Legien e compartilhada por Levi.
Levi defendia que o governo do SPD que nascia da vitória sobre o putsch reacionário não era o mesmo governo do SPD de antes do putsch. Esta avaliação se afiançava na premissa segundo a qual a natureza do novo governo deveria ser analisada a partir do conteúdo das forças sociais sobre as quais se alicerçava:
“Se depois da supressão do próprio golpe militar, temos de novo um governo Bauer-Ebert-Noske, este já não seria idêntico ao anterior, porque havia perdido seu apoio à direita, assim como não foi o mesmo em janeiro de 1919, depois de ter perdido o apoio da esquerda. Portanto, agora é imperativo, em primeiro lugar, intensificar a ação para esmagar o golpe sem concessões! Se tivermos sucesso, qualquer futura ‘república democrática’ se deslocará para a esquerda, porque perderia seu apoio à direita. Só então chegará o momento no qual podemos desenvolver nós mesmos! Agora temos que empreender uma ação conjunta – também com o SPD… Consigna imediata: Nenhuma concessão [aos golpistas].” (Levi, Brief an das Zentralkomitee der Kommunistischen Partei Deutschlands apud Gaido, 2015, p. 26)
A proposta de constituição de um governo proletário foi recusada pelo USPD e pela maioria KPD(S), que não aceitaram participar de um governo com o SPD.
Contudo, Levi trabalhou para amenizar o erro da Zentrale lançando a linha de Oposição leal ao novo governo do SPD. Ou seja, o KPD(S) seguiria localizando-se à esquerda do governo do SPD, mas estabelecia como compromisso o combate implacável contra todo e qualquer intento reacionário. Deste modo, em uma declaração dos comunistas do comitê de Berlim, afirmava-se:
“Se vocês tomarem a sério suas ações, se vocês querem verdadeiramente armar os operários e desarmar a contra-revolução, se vocês querem verdadeiramente depurar a administração de todos os elementos contra-revolucionários, então isso significa a guerra civil. Neste caso, é claro que não somente sustentaríamos o governo mas que estaríamos à frente do combate. Caso contrário, se vocês traírem seu programa e se vocês golpearem os trabalhadores pelas costas, então, nós – e nós esperamos que neste caso sejamos seguidos por pessoas vindas de vossas próprias fileiras – empreenderemos a luta mais resoluta, sem reservas e com todos os meios à nossa disposição.” (Die Kommunistiche International n°1, 1926, p. 406. Citado por BROUÈ, P. La Revolution allemande, p. 354, apud Mermelstein, 1993, p. 22)
Levi em particular, era ciente de que a influência do KPD(S) era forte sobretudo entre os trabalhadores desempregados, e que a maioria dos trabalhadores urbanos, da indústria e dos serviços, seguia ou o SPD ou o USPD. Nessas condições, a ditadura do proletariado não poderia encontrar bases sólidas. Assim, em uma nova declaração, poucos dias depois, Die Rote Fahne endossava:
“O KPD estima que a formação de um governo socialista do qual partidos capitalistas burgueses são excluídos é uma situação desejável para a autoafirmação das massas proletárias e pelo seu amadurecimento para o exercício da ditadura do proletariado. Ele atuará perante esse governo como uma oposição leal, desde que tal governo conceda garantias para a atividade política da classe lutar contra a contra-revolução burguesa por todos os meios disponíveis, e não inibir o fortalecimento social e organizacional da classe trabalhadora. Por oposição leal queremos dizer: renúncia à preparação de uma derrubada violenta, obviamente mantendo a liberdade de agitação política do partido para seus objetivos e slogans.” (Die Rote Fahne, 23. März 1920, apud Gaido, p. 28, 2015)
A política de oposição leal foi apoiada por Karl Radek, Clara Zetkin, Ernst Meyer e também por Lênin, que a considerou uma tática correta e sobre ela teceu importantes observações:
“Essa declaração é absolutamente correta tanto do ponto de vista da premissa fundamental quanto do da conclusão prática. A premissa fundamental consiste em que, atualmente, não há ‘base objetiva’ para a ditadura do proletariado, porquanto a ‘maioria dos operários urbanos’ apoia os independentes. Conclusão: promessa de ‘oposição leal’ ao governo ‘socialista (isto é, renúncia de preparar sua ‘derrubada através da violência’) se se exclui os partidos burgueses-capitalistas.” (Lênin, 2017, p. 161)
Ao fim e ao cabo, a elaboração de Levi forneceu importantes elementos para o desenvolvimento da política que posteriormente passou a ser conhecida como Governo operário e camponês, além de tornar-se um ponto de referência para o IV° Congresso do Komintern, no qual formulou-se uma série de orientações e critérios para a participação dos comunistas em governos liderados por partidos reformistas.
De Heidelberg a Halle
Paul Levi, apesar de repentinamente guindado ao papel de figura central do KPD(S), foi também o principal articulador da fusão entre o seu partido e uma ala dissidente do USPD, cujo resultado foi a fundação do VKPD em dezembro de 1920, o maior partido comunista, depois do russo, naquele momento [1]. Contudo, essa fusão só foi possível depois do Congresso de Heidelberg, em outubro de 1919, quando Levi operou a separação da maioria esquerdista do partido, afeita a teses de natureza anarcossindicalista.
Neste Congresso Levi redigiu as “Teses sobre os princípios e as táticas comunistas” ou “Teses de Heidelberg”, cujas orientações indicavam que “o partido não podia renunciar em princípio a participar das eleições, que chamavam a conformar seções comunistas nos sindicatos, e que condenavam qualquer tipo de federalismo organizativo tal como pregado pela ala anarcossindicalista do KPD(S)” (apud Gaido, 2015, p. 23). Os dissidentes fundaram então o KAPD, dirigido por Otto Rühle.
Depois de purgar a ala esquerdista das fileiras do KPD(S), Levi colocou-se em melhores condições para aproveitar a inflexão de uma parte do USPD que se radicalizava cada vez mais em direção ao Komintern. Apesar do risco desta operação, a princípio bastante reprovada por Lênin e Radek, o resultado foi extremamente favorável e o KPD(S) fundiu-se em novo partido com os dissidentes do USPD em dezembro de 1920, no Congresso de Halle.
Ao fim desse Congresso, coube a Levi a co-presidência do novo partido, em conjunto com Ernst Däumig, proveniente do USPD.
“A todos os partidos e sindicatos socialistas”
O VKPD veio à luz em uma situação política conjuntural muito particular naquele momento: de um lado enfrentava a ofensiva da burguesia sobre as condições de vida do proletariado, de outro a hegemonia política gigantesca do SPD sobre os sindicatos e o movimento operário em geral. Portanto, o desafio posto diante de si consistia em buscar uma margem de atuação, no marco daquele quadro político, que permitisse vencer a letargia do SPD e colocar os trabalhadores em movimento.
Desse modo, Paul Levi elaborou como proposta uma tática que consistia em uma carta aberta (ver apêndice), ou seja, um documento público, porém endereçado aos demais partidos da esquerda, em especial ao SPD, e ao movimento sindical em geral. O teor da carta era claro ao apresentar como urgente a luta em defesa de reivindicações democráticas e sociais elementares: valorização salarial, libertação de presos políticos, dissolução das milícias reacionárias, constituição de comitês comuns de defesa etc. Ou seja, o VKPD desafiava publicamente os demais partidos a travar uma batalha unitária, não pelas bandeiras da revolução proletária defendidas pelo próprio VKPD, mas pelas questões mais sentidas pelas amplas massas trabalhadoras alemãs.
Todavia a carta aberta encontrou portas fechadas por parte de seus destinatários. O SPD denunciou nos sindicatos a proposta do VKPD como uma manobra fracional e antissindical. Já o KAPD a rechaçou como uma tentativa oportunista de reforçar ilusões na social-democracia.
Contudo, por todo o país, a carta do VKPD adentrou com facilidade o ambiente das assembleias sindicais: metalúrgicos, mineiros, estivadores, trabalhadores de estaleiros, operadores de transporte etc. Todos ansiavam cerrar fileiras para lutar em defesa de suas condições de vida e, para tal fim, desejavam a união de suas lideranças.
Embora a carta tenha possibilitado ao VKPD alcançar uma importante localização entre o operariado, a tática de Levi foi abortada em pleno desenvolvimento, em razão de que a ampla maioria da sua direção tendia cada vez mais para uma linha esquerdista que consistia em rechaçar a unidade com os social-democratas ao passo que flertava cada vez mais abertamente com a teoria da ofensiva.
De Livorno ao “maior putsch bakuninista da História”
Levi também foi um crítico mordaz da ruptura dos comunistas italianos com o PSI no congresso de Livorno, operação forçada artificialmente pelos emissários do Komintern, Mátyás Rákosi [2] e Kristo Kabakchiev.
Levi percebia na ala de Giacinto Serrati, cujas posições indicavam uma evolução em direção ao bolchevismo, uma equivalência com a ala esquerda do USPD alemão. Portanto, para Levi, uma ruptura tão prematura como aquela desperdiçava a possibilidade de uma aproximação orgânica dos comunistas italianos com a fração de Serrati (numericamente superior aos comunistas), o que, como vantagem, ainda poderia deixar os reformistas de fora e em minoria.
Apesar do alerta de Levi, para quem “seria um erro grave da parte da Internacional Comunista empurrar esse núcleo [de Serrati] para a direita, pela teimosia e pela força” (Cyr, p. 148, 2011), a intervenção de Rákosi e Kabakchiev acabou por isolar os comunistas no movimento operário italiano sob a direção esquerdista de Bordiga, de forma que a ala de Serrati acabou sendo jogada no colo da ala reformista. Ainda mais, havia o agravante de que a cisão com o PSI se deu bem no momento em que as lutas sociais reduziam o ritmo e o fascismo surgia.
Ao fim do congresso de Livorno, em uma carta endereçada ao Komintern, Levi manifestou enorme frustração com seus resultados e se mostrou escandalizado com a atuação catastrófica dos emissários internacionais. Posição que encontrou apoio da maioria do comitê executivo do VKPD, mas foi rechaçada no plenum de fevereiro, quando a maioria aprovou uma resolução proposta por Thalheimer e Stoecker, que marcava posição em defesa da ruptura do PCI com o PSI, tal como exatamente ocorreu.
Para Levi, a aprovação daquela resolução, que na prática lhe colocou em uma situação na qual se via desautorizado pela maioria dos seus pares, foi o suficiente para sua demissão da direção, iniciativa acompanhada por Clara Zetkin, Ernst Däumig, Otto Brass, Curt Geyer e Adolph Hoffman. Um gesto controverso que, por sinal, deixou o comando do partido nas mãos de Thalheimer, Stoecker, Brandler e outros dirigentes influenciados pelas teses esquerdistas de Bela Kun, Zinoviev e Bukharin.
Sem Levi no caminho, estavam dadas todas as condições para os defensores da teoria da ofensiva desencadearem a ação de março de 1921, uma tentativa de greve geral insurrecional lançada sem ampla adesão dos trabalhadores e em base a um ultimato: “Quem não está comigo está contra mim” (apud Broué, 1971, p. 311). Sem condições propícias para um levante daquela magnitude e baseando-se apenas em falsos atentados com o objetivo de comover os operários, dentro de poucos dias a ação de março terminou fracassada
Levi considerava “um passo para trás, em direção ao surgimento do movimento operário” (apud Claudon, 2010) a ideia de que o partido pudesse, a partir de suas próprias forças e a despeito do estado de ânimo das massas trabalhadoras, simplesmente forçar o desencadeamento de uma situação revolucionária. Levi ainda afirmava que seria “um erro acreditar que algumas tropas de assalto […] pudessem cumprir a missão histórica do proletariado; […]” (apud Claudon, 2010).
Em uma carta remetida a Lênin, durante o desenrolar da ação de março, Levi ponderou que:
“Não temos outro caminho a não ser o da ação comum e cooperação com a classe operária enquanto tal; só nos podemos considerar vanguarda se a classe operária enquanto tal descer à luta e, além disto, devemos manter com ela uma relação adequada, correspondente a seus sentimentos, se não quisermos perder a possibilidade, a longo prazo, de obter uma influência cada vez maior entre estas massas.” (Carta de P. Levi a Lênin, 27 de março de 1921 apud Hájek, 1985, p. 185)
Ao fim e ao cabo, a ação de março lançou o partido numa onda de refluxo e de isolamento na classe trabalhadora que quase o dizimou.
Da quebra de disciplina ao reencontro com o SPD
Finalmente encerrada aquela aventura, Levi publicou Nosso caminho: contra o putschismo, um documento no qual apresentou uma crítica demolidora contra a maioria da direção partidária e suas concepções de corte esquerdista e anti-marxista acerca da revolução.
Com veemente acidez e sem meias palavras Levi não poupou Bela Kun, Brandler, Zinoviev e cia, responsabilizando-os pelo que considerou um putsch bakuninista:
“Todo isso caracteriza o movimento de março como o maior putsch bakuninista da história até então. [….] Chamá-lo de blanquismo seria um insulto a Blanqui.” [3] (Fernbach, 2012, p. 148)
No ambiente já bastante tensionado e debilitado no qual estava o VKPD, essa publicação só poderia impactar como uma bomba. A grande revolucionária Clara Zetkin, que reunia não poucas razões para estar igualmente escandalizada com os abusos de Bela Kun[4], novamente se colocou ao lado de Levi, contudo lhe advertiu da imprudência que seria incidir naquele embate, cuja correlação de forças era tão desfavorável a ambos, através de um documento que só incencendiaria de vez os ânimos no partido:
“Caro camarada Paul. Li sua brochura com muita atenção, da primeira à última palavra. É simplesmente excelente. No entanto, não estou equivocada sobre as consequências dela: você será expulso [por escrevê-la]. ‘O judeu deve ser queimado (Der Jude muss verbrannt werden)’. A pira já está montada. Agora depende de você não acender a faísca que irá incendiá-la. Peço-lhe, portanto, […] expressamente que ponha um pouco de lado a sua alma […] e retire ou mude as passagens que risquei.” (Lettre de Clara Zetkin à Levi du 11 avril 1921. SAPMO-BArch, Nachlass Paul Levi, NY apud Cyr, 2011, p. 158)
Não só Clara Zetkin, mas também Lênin insistiu para que Levi esperasse a poeira assentar e a exaltação dos ânimos no partido arrefecer, para só então abrir o debate. O Congresso da Internacional, que ocorreria não muitos meses depois, seria o melhor momento. Contudo, Levi, bastante decepcionado com o estado de destruição no partido, fez pouco caso dos conselhos de Clara Zetkin e Lênin e publicou seu documento. Com efeito, foi acusado de quebrar a disciplina e acabou expulso do partido e do Komintern.
De fato Levi parecia ter atingido seu limite pessoal para tomar aquela iniciativa. Não por acaso, algum tempo depois Trotsky comentou:
“Em conversas particulares a respeito dos acontecimentos de março na Alemanha (1921), Lenin disse, a propósito de Levi: ‘Este homem definitivamente perdeu a cabeça’. É verdade que Lênin acrescentou, então, com malícia: ‘Pelo menos ele tinha alguma coisa a perder, o que não se pode dizer dos outros.” (Trotsky, 2011, p. 205)
Embora não pareça incontroverso admitir que, realmente, Levi tenha se precipitado ao publicar seu documento antes do Congresso do Komintern, fato que acabou por dar munição aos seus adversários contra si mesmo, há razões de sobra para acreditar que a separação de Levi foi, a bem da verdade, tão somente um subterfúgio usado pela ala esquerdista da Internacional interessada em remover Levi de cena, a despeito de qualquer consideração sobre o mérito por trás de tudo aquilo: a ação de março e suas consequências nefastas.
Neste aspecto, também não deixa de ser plausível admitir que Lênin (bem como Trotsky) tenha contemporizado com a expulsão de Levi a pretexto de um pacto velado com os setores esquerdistas no III° Congresso do Komimtern. Afinal, na prática, a eliminação de Levi serviu como uma moeda de troca com a qual foi possível barganhar um recuo por parte dos esquerdistas.
Ao fim e ao cabo, Bela Kun, Zinoviev, Rakosi e todos os principais envolvidos na ação de março não sofreram qualquer tipo de sansão e, meses depois, Brandler voltaria a ser o principal dirigente do partido, em que pesem os desmandos que cometeram na Alemanha.
Lamentavelmente, a expulsão burocrática do revolucionário alemão consumou-se como um caminho sem volta. Mesmo Lênin, que estava determinado a trabalhar pelo seu retorno, considerando uma breve fase de suspensão de suas atividades, acabou abrindo mão da ideia quando Levi, num gesto de aparente provocação e vingança, resolveu publicar a crítica de Rosa Luxemburgo contra a revolução russa. Neste documento Rosa tece pesadas críticas à concepção de revolução dos bolcheviques e seu regime de organização, o que não poderia deixar de despertar certa raiva em Lênin. Com o mesmo propósito, Levi ainda escreveu um prefácio ao livro Lições de outubro, de Trotsky:
“Em sua introdução às Lições de outubro de Trotsky, podemos ver sua nova atitude em relação aos russos. Levi escreveu um breve resumo de suas divergências não apenas com um dos principais líderes da revolução russa, mas também com os comunistas alemães e suas estratégias em um momento crucial para a ação em 1923, que ele novamente acreditava não ser o momento para a Revolução na Alemanha. Durante esse tempo, ele também escreveu uma introdução à A Revolução Russa de Rosa Luxemburgo, um livro que lhe deu uma base teórica para a partir da qual atacar os bolcheviques em suas políticas como chefes de Estado. Nessas duas introduções havia uma longa lista de críticas que, mais tarde, voltariam completamente contra a União Soviética, vendo os expurgos do Partido no final dos anos 20 com Leon Trotsky e outros como consequência das políticas nocivas que a União Soviética havia seguido até então. Sem dúvidas, Levi estava exausto de tudo o que tinha visto, e sua experiência com os comunistas alemães teve muito a ver com sua desavença.” (Berduc, 2016, p. 84)
Em fins de 1922, depois de uma breve passagem pelo USPD, Levi reintegrou-se ao velho SPD. Lá animou uma tendência de esquerda a partir da qual seguiu atuando intensamente como parlamentar e jornalista, até o fim da vida. Em 1927, horrorizado com a situação dos camponeses na Rússia, com o início da perseguição contra a oposição soviética e com a consolidação do stalinismo, a quem interpretava como um fenômeno cujas origens se assentavam no próprio bolchevismo, Levi chancelou em um texto público sua ruptura formal com o leninismo.
Injustamente esquecido
Paul Levi foi um militante que soube manejar as armas políticas do marxismo como um grande estrategista revolucionário. Sua estatura política é, portanto, indiscutivelmente equiparável à de Rosa, Lênin, Trotsky, Clara Zetkin e Gramsci.
“Paul Levi não foi, portanto, apenas outro revolucionário, mas alguém cujas lições neste breve período nos ajudam a entender que muito cedo os comunistas na Europa tiveram a chance de se tornarem partidos de massa com ampla sustentação, mas que a forte política sectária os impediu de fazê-lo. Ele também nos ajuda a entender por que uma revolução europeia não aconteceu, já que poucos a viam como algo a ser construído com paciência, com o apoio de massas como fator chave necessário. Acima de tudo e mais importante, Levi nos ensina que uma revolução não pode ser criada simplesmente com força ou violência, mas sim com o apoio de massa combinado com uma liderança forte e uma compreensão de que as revoluções são processos complexos preparados por meio de entendimentos cuidadosos, rigorosos e profundos do que uma insurreição realmente envolve.” (Berduc, 2016, p. 88)
Para todos os efeitos, o errático caminho que trilhou nos últimos 8 anos de sua vida não diminui em absolutamente nada a importância das suas ideias e nem o valor do seu legado político para a causa dos trabalhadores. Suas elaborações, em particular aquelas produzidas até 1921, dentre as quais Nosso caminho, são documentos políticos brilhantes e imensamente úteis a um necessário rearme político dos revolucionários anticapitalistas do século XXI.
A trágica maneira como morreu, se lançando da janela do quarto andar de um apartamento em Berlim, carrega um simbolismo dramático em todos os sentidos. Porque ali se apagou uma das mentes mais lúcidas, mais originais e mais brilhantes do comunismo germânico daquele período. Porque sua morte, bem no começo da década de 30, é parte de uma etapa que se encerrava e abria passagem para uma nova, marcada pela ascensão das hordas de Hitler em marcha sobre os restos da república de Weimar. Porque Levi personificava a luta por unir a esquerda para lutar, em contraponto às infantilidades sectárias do esquerdismo e a inércia da social-democracia.
Conta-se que, em uma sessão realizada em sua homenagem no parlamento alemão, os deputados nazistas do NSDAP, seguidos pelos stalinistas do KPD, abandonaram o recinto não sem romperem o minuto de silêncio com vaias e ofensas. Por trás de um gesto tão sórdido como esse, como é bastante próprio do modus operandi stalinista, na verdade se escondia o repúdio à política da Frente Única. Contudo, não muitos anos depois dessa cena deplorável, os erros esquerdistas do KPD finalmente cobrariam sua fatura quando Hitler chegou ao poder sem que os comunistas tenham dado um só disparo de resistência, a despeito de toda a retórica pretensamente radical que esgrimiram.
Apêndice
Carta aberta da Zentrale do Partido Comunista Unificado da Alemanha à Federação Geral de Sindicatos Alemães, à Associação das Ligas de Servidores Social-Democratas, à União Geral de Trabajadores, ao Sindicato de Trabalhadores Livres (sindicalista), ao Partido Social-Democrata da Alemanha, ao Partido Social-Democrata Independente da Alemanha e ao Partido Comunista Operário da Alemanha:
O Partido Comunista Unificado da Alemanha considera seu dever, neste momento grave e difícil para todo o proletariado alemão apelar para todos os partidos e sindicatos socialistas.
A progressiva decomposição do capitalismo, as repercussões da incipiente crise mundial sobre os efeitos da crise especial alemã, a crescente desvalorização da moeda e o aumento progressivo no preço de todos os alimentos e bens de consumo, o aumento do desemprego e o empobrecimento das massas, que continuam a avançar na Alemanha, torna necessário que a classe proletária como um todo se defenda, não apenas o proletariado industrial, mas todas os seus segmentos que agora estão despertando [para a vida política] e se conscientizando de seu caráter proletário. O proletariado é mantido nesta situação insuportável pela crescente reação, que especula sobre sua falta de unidade e sempre lhe impõe novos obstáculos através da Orgesch, dos assassinatos e do poder judiciário que encobre todos os assassinos.
Portanto, o VKPD propõe que todos os partidos socialistas e as organizações sindicais se reúnam sobre as seguintes bases, deixando para mais adiante a discussão detalhada das ações individuais a realizar:
I.
a) Introdução de lutas salariais uniformes para assegurar a existência dos trabalhadores, empregados e funcionários públicos. Combinação entre as lutas salariais individuais dos trabalhadores ferroviários, os funcionários públicos, os mineiros e outros trabalhadores industriais e agrícolas em uma luta única conjunta.
b) Aumento de todas as pensões das vítimas de guerra, dos aposentados e pensionistas em proporção aos aumentos de salários exigidos.
c) Regulação uniforme do seguro desemprego para todo o país, em base aos rendimentos dos empregados a tempo completo. A totalidade ou o custo dessa operação deve ser arcado pelo estado federal (Reich), que deve cobrar impostos apenas sobre o capital para esse fim. Esta operação deve ser controlada pelos desempregados através dos conselhos especiais de desempregados, em conjunto com os sindicatos.
II. Medidas para reduzir o custo de vida, a saber:
a) Entrega de alimentos subsidiados a todos os assalariados e aos que recebem baixa remuneração (aposentados, viúvas, órfãos, etc.) sob a supervisão de cooperativas de consumo e o controle de sindicatos e conselhos de empresa. Os meios [financeiros] necessários devem ser fornecidos pelo estado federal.
b) Confisco imediato de todos os quartos habitáveis disponíveis, com direito não só à ocupação obrigatória, mas também à expulsão forçada de pequenas famílias de grandes apartamentos e casas.
III. Medidas para o fornecimento de alimentos e bens de consumo:
a) Controle de todas as matérias-primas existentes, carvão e fertilizantes pelos conselhos de trabalhadores. Comissionamento de todas as fábricas que produzem bens de consumo que estão paradas, distribuição dos bens assim produzidos de acordo com os princípios II. a).
b) Controle do cultivo, colheita e comercialização de todos os produtos agrícolas pelos conselhos de pequenos agricultores e pelos conselhos rurais (Gutsräte), em conjunto com as organizações de trabalhadores agrícolas.
IV.
a) Desarmamento imediato e dissolução de todas as milícias burguesas e criação de organizações proletárias de autodefesa em todos os estados (Länder) e comunidades.
b) Anistia para todos os crimes cometidos por razões políticas ou devido à existência de pobreza generalizada. Libertação de todos os presos políticos.
c) Supressão das medidas de proibição de greve em vigor.
d) Estabelecimento imediato de relações comerciais e diplomáticas com a Rússia Soviética.
Ao propor essa base de ação, não escondemos em nenhum momento, nem de nós mesmos nem das massas trabalhadoras, que essas demandas que propomos não podem eliminar a pobreza. Sem sacrificar por um momento a nossa luta para incutir nas massas trabalhadoras a ideia da luta pela ditadura [do proletariado], única via de salvação, sem deixar de pedir às massas trabalhadoras em cada momento oportuno que se preparem para o luta pela ditadura e sem renunciar à sua liderança, o Partido Comunista Unificado está disposto a trabalhar com os demais partidos operários para empreender ações conjuntas que levem à concretização das medidas mencionadas.
Não escondemos as diferenças que nos separam de tais partidos.
Pelo contrário, declaramos: exigimos das organizações a quem apelamos que não se comprometam apenas verbalmente com as bases de ação propostas, mas realizem as ações necessárias para alcançá-las.
Perguntamos aos partidos a quem nos dirigimos: vocês consideram essas demandas corretas? Presumimos que sim.
Nós lhe perguntamos: vocês estão dispostos a empreender uma luta implacável conosco para alcançá-las?
Para esta pergunta clara e inequívoca, esperamos uma resposta igualmente clara e inequívoca. A situação requer uma resposta rápida. Portanto, aguardamos uma resposta até 13 de janeiro de 1921.
Caso os partidos e sindicatos aos quais nos dirigimos não estejam dispostos a lutar, o VKPD se considerará obrigado a travar esta batalha sozinho, e está convencido de que as massas trabalhadoras o seguirão. Hoje o VKPD convida todas as organizações proletárias do país, e as massas trabalhadoras que as apoiam, a expressarem a sua vontade pela defesa comum contra o capitalismo e contra a reação, pela defesa comum dos seus interesses.
Zentrale do Partido Comunista Unificado da Alemanha
08/01/1921
LISTA DE SIGLAS
KAPD – Partido Comunista Operário Alemão;
KPD – Partido Comunista Alemão;
NSDAP – Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Também conhecido como Partido Nazista;
SPD – Partido Social-Democrata;
USPD – Partido Social-Democrata Independente;
VKPD – Partido Comunista Alemão Unificado;
NOTAS
[1] Em artigos anteriores, afirmamos que os números do VKPD alcançaram 500.000 membros. No entanto, outras fontes que consultamos falam apenas de 350.000 membros. Para todos os efeitos, foi do VKPD a posição de segundo maior partido comunista do mundo, naquele período.
[2] Muitos dos dirigentes que abraçaram as ideias esquerdistas combatidas por Lênin, Levi, Trotsky e Zetkin nos anos 20, posteriormente acabaram se convertendo em stalinistas empedernidos, como no caso de Bela Kun e também de Rakósi. Este último, descrito por Broué (1997, p. 207) como “uma das pessoas mais limitadas e mais brutais que já passaram pelo movimiento comunista”, além de ser responsável pelos desastres de Livorno e Berlim, anos depois se vangloriaria de ser o “melhor discípulo de Stalin na Hungria” (Gaido, 2015, p. 32). Uma relação nada casual.
[3] Levi se refere ao revolucionário socialista francês e contemporâneo de Marx e Engels, Louis-Auguste Blanqui, adepto da tática insurrecionalista a partir de pequenos grupos conspirativos. Era também uma figura muito respeitada por Engels.
[4] Não menos cordial era o tratamento de Bela Kun dispensado a Clara Zetkin. No artigo Clara Zetkin na cova dos leões, John Riddell (2013) conta que Zetkin amargou um clima demasiadamente hostil por ter criticado a ação de março e se solidarizado com Paul Levi: “Zetkin estava isolada em seu partido, cercada pelo que sua biógrafa Louise Dornemann chama de “um muro frígido de rejeição, desconfiança e hostilidade”, marcada como “oportunista” e “renegada”. Zetkin “sentiu-se terrivelmente sozinha, como nunca antes em sua vida”. Os oponentes de Zetkin se organizaram para impedir que ela influenciasse o Congresso Mundial, o qual se reuniria em Moscou em junho. Béla Kun, líder da esquerda radical da Komintern, quem a Komintern havia enviado à Alemanha para ajudar a reorientar o partido lá, escreveu a Lenin em 6 de maio de 1921, alertando-o contra Zetkin. “Levi e Zetkin são completamente histéricos, e o que eles estão dizendo no partido alemão agora, não consiste em nada além de fofocas”, afirmou. A histeria foi então considerada um distúrbio mental principalmente feminino, marcado por fingir sintomas de doença para obter vantagem pessoal. Kun continuou: “Quanto às declarações da velha camarada Zetkin… Apesar de todos os meus sentimentos em relação à velha lutadora… a senhora está sofrendo de demência senil. Ela fornece uma prova viva de que Lafargue e sua esposa agiram de forma completamente correta”. Kun estava se referindo à filha de Marx, a líder socialista Laura Lafargue e seu marido, Paul. Ao atingir a idade de Zetkin, Laura Lafargue havia tirado a vida, convencida de que não tinha mais nada a oferecer ao movimento.”
Bibliografia
AUTHIER, Denis et DAUVÉ, Gilles, La Gauche Communiste en Allemagne: 1918-1921, Payot, Paris, 1979. Trad. Bruno Rodrigues.
BERDUC, Manuel, Against Putschism: Paul Levi’s Politics, the Comintern, and the Problems of a European Revolution 1918-1923, Submitted under the supervision of Mary Jo Maynes to the University Honors Program at the University of Minnesota-Twin Cities in partial fulfillment of the requirements for the degree of Bachelor of Arts, Summa Cum Laude in History, 2016. Trad: Bruno Rodrigues
BROUÉ, Pierre, Histoire de l’internationale communiste 1919-1943, Fayard, Paris, 1997. Trad. Bruno Rodrigues.
CLAUDON, Jean-François, Paul Levi, «L’occasion manquée» du socialisme international (1883-1930), Gauche Démocratique et Sociale, 2010. Disponível em: https://bit.ly/2UU1QsF. Trad: Bruno Rodrigues
CYR, Frédéric, Rebelle devant les extrêmes: Paul Levi, une biographie politique – Thèse présentée à la Faculté des études supérieures et postdoctorales en vue de l’obtention du grade de Philosophiæ Doctor (Ph.D.) en histoire, Université de Montréal, 2011. Trad: Bruno Rodrigues
FERNBACH, David, In the Steps of Rosa Luxemburg: Selected Writings of Paul Levi, Haymarket Books, Chicago, 2011. Trad: Bruno Rodrigues
GAIDO, Daniel, Paul Levi y los orígenes del comunismo alemán: el KPD y las raíces de la política de Frente Único (enero 1919-marzo 1921), Revista Izquierdas.cl, número 22, pp. 20-47, Santiago (Chile), 2015. Disponível em: https://bit.ly/3iO1Jaa Trad. Bruno Rodrigues.
HÁJEK, Miloš, A discussão sobre a frente única e a revolução abortada na Alemanha, In História do marxismo V. 6, org. Eric Hobsbawn, Ed. Paz e Terra, São Paulo, 1985.
HERMANN, Weber (hrsg.), Offener Brief der Zentrale der Vereinigten Kommunistischen Partei Deutschlands, Die Rote Fahne (Berlin), 8. Januar 1921, Der deutsche Kommunismus: Dokumente 1915-1945, K ln: Kiepenheuer & Witsch, 1973, pp. 168-169.
LÊNIN, V. I., Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo, Expressão Popular, São Paulo-SP, 2017.
MERMELSTEIN, Waldo, Origens da Frente Única Operária, revista Desafio, Desafio, São Paulo, 1993.
RIDDELL, John, Clara Zetkin in the lion’s den, Historical Materialism conference, London, 2013. Disponível em: http://bit.ly/2UeV8xh. Acessado em agosto de 2021
TROTSKY, Leon, Revolução e contrarrevolução na Alemanha, Sundermann, São Paulo-SP, 2011.
Comentários