Vinte meses pandêmicos se passaram e durante todo esse tempo viu-se que o direito fundamental (A VIDA), pouco vale quando se trata dos mais explorados e invisibilizados. 562 mil vidas perdidas são reflexos da indiferença de um governo que não governa para o povo e sim para os senhores servos do capitalismo, mas, como diria o ditado: Em tribo onde muitos caciques apitam as ocas desabam, que caia o Bolsonaro então!
Em entrevista à Resistência Feminista, em uma matéria especial para o dia internacional dos povos indígenas, Simone karipuna, que integra a coordenação executiva da Apoianp, conta sobre como tem sido a vida dos povos originários com a administração do governo Bolsonaro. Ela destaca que as dificuldades não são apenas fruto do presente e que são mais de 500 anos de genocídio dos povos indígenas, mas que “o governo atual tem propagado um discurso de ódio e de racismo institucional que nunca tínhamos visto de modo oficial pelos governos passados”. Dentre todo esse cenário ainda lidam com práticas administrativas de malquerenças a respeito de ampliar e garantir direitos, segundo Simone, dentre eles o que é mais caro, é o reconhecimento da identidade e existência.
“Além do impulso, de propostas legislativas que atacam nossos territórios como o PL da Grilagem e o PL 490, todos com suporte da base aliada deste governo”. Menciona também que, “os discursos que provocam conflitos internos e atacadas as organizações que lutam pela defesa de seus territórios, este ano, diversas organizações de base da Apib sofreram ataques, entre os que tiveram a mínima intervenção da Polícia Federal, pouco se fez para defender as lideranças que sofreram ameaças, tiveram suas casas queimadas ou foram expulsas de seu lar ancestral a tiros por garimpeiros”.
Quando perguntada a cerca desse período de pandemia e seus agravos nos territórios indígenas no estado do Amapá, ela disse que nesse momento de covid-19 escancarou-se os problemas e que políticas públicas relacionadas à educação e saúde que já sofriam com o desmantelamento junto aos territórios se tornaram grandes chagas.
Segundo ela, “Mesmo com sentenças judiciais, não é política de Estado o cumprimento de serviços mínimos da assistência desses direitos. Além do caos com a covid-19, que vitimou muito de nossos parentes, a estrutura do subsistema da saúde indígena, pouco se comunica com o sistema geral do SUS, que é quem tem competência para atendimento de alta complexidade. Com isso, foi necessário que a atenção básica se equipasse com equipamentos que a tecnologia não existe na estrutura das aldeias, se antes já tínhamos problemas com insumos básicos, agora faltavam outros que estrangularam o atendimento”.
Ao realizar uma pesquisa para fazer um levantamento de dados sofre a situação das etnias do estado, obtive pouco êxito, sobre números específicos de contaminados, recuperados e vidas perdidas por coronavírus – o dado divulgado mais recente data do mês de abril deste ano.
A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) disse em reportagem local que entre as aldeias indígenas do Amapá e Norte do Pará foram registrados 904 casos confirmados de Covid-19 e cinco mortes no mês de abril de 2021.
Ao ser questionada sobre quais medidas foram tomadas pra resguardar os povos nesse período, Simone Karipuna disse: “A principal delas foram medidas judiciais com a ADPF 709, que obrigou o estado brasileiro a realizar um plano nacional de contenção da covid-19, nas terras indígenas, embora passado meses essa medida não tenha sido tocada adequadamente. Mas nos nossos territórios, fizemos barreiras sanitárias, conseguimos apoio do MPF para garantir alimentação para o isolamento social por medida judicial, e apesar das Fake News, que tem sido combatidas, estamos como uma boa cobertura de vacina”.
A realidade é que a vida/luta dos povos tradicionais seguem seja no cotidiano de nossas florestas, seja na cidade, para que barrem o extermínio não apenas da história, de nossa ancestralidade, mas de um povo que tanto faz para o coletivo, os nossos guardiões da mãe terra. O governo Bolsonaro quer apagar a memória de nosso país, quer deixar invisível a identidade e existência dos povos indígenas. Para assim continuar seu projeto de exploração de minérios, agronegócio e desta forma beneficiar a si e aos seus, mesmo que custe a vida desses povos.
9 de agosto é o dia internacional dos povos indígenas, na busca para garantir autodeterminação e os direitos humanos às diversas etnias indígenas do planeta, mas nos faltam motivos para comemorar, pois tudo que se tem são retrocessos, devastação, desrespeito, por isso nesta semana lideranças de várias etnias buscam se organizar para a construção de um calendário de lutas e para a execução do mesmo nas ruas sejam daqui do da esquina do rio mais belo, com a linha do equador à Brasília, os gritos de FORA BOLSONARO prevalecem fortes na construção de um amanhã afetuoso com sua história e com as pessoas deste Brasil diverso, bonito por sua própria natureza.
*Professora e militante da resistência feminista em Macapá/AP
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