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MUNDO

2 erros fatais sobre Cuba

Gabriel Casoni, de São Paulo, SP*
2011/cubadebate.cu

Apresento a seguir dois erros cruciais cometidos por setores da esquerda brasileira sobre Cuba. Ao final, sugiro algumas linhas de defesa da Revolução.

Erro 1: Não compreender que a chave do problema cubano é o bloqueio norte-americano, que existe há 60 anos, foi intensificado por Trump e mantido por Biden. Temos uma pequena ilha cercada e estrangulada pela mais poderosa potência imperialista do planeta. E mais: há do outro lado do Estreito da Flórida uma poderosa burguesia cubano-americana sedenta por destruir o regime cubano e retomar as propriedades e o poder político tomados pela Revolução. Os gusanos de Miami mantém uma rede terrorista e subversiva em Cuba. Portanto, a contrarrevolução existe e é poderosa. Qualquer organização política de esquerda que não seja defensista de Cuba contra o imperialismo e a contrarrevolução, acaba por cumprir um papel reacionário.

A contrarrevolução existe e é poderosa. Qualquer organização política de esquerda que não seja defensista de Cuba contra o imperialismo e a contrarrevolução, acaba por cumprir um papel reacionário.

Erro 2: Não compreender que o regime burocrático e repressivo do PC cubano, bem como a política econômica do governo da ilha, de crescente abertura capitalista desconectada de uma estratégia internacional, estão debilitando a Revolução, minando as forças sociais e morais do socialismo em Cuba. As manifestações de domingo (11), embora sequestradas pela contrarrevolução, contaram com um legítimo sentimento de insatisfação e indignação popular, pela crise social terrível que vive o povo. A falta de liberdades democráticas sufoca os trabalhadores cubanos, especialmente a juventude, e a abertura crescente ao capitalismo agrava as desigualdades sociais, produzindo mal estar social. A linha do PC, portanto, enfraquce a defesa da Revolução e abre espaço para o avanço das forças contrarrevolucionárias, inclusive dentro da ilha.

Dito isso, penso que a esquerda socialista, para defender Cuba, deve:

  1. Cerrar fileiras no combate à contrarrevolução. Pelo fim imediato do bloqueio norte-americano!
  2. Solidariedade ao povo cubano! Pressionar os governos de todos países a enviarem ajuda financeira, de alimentos e medicamentos a Cuba, para atenuar os efeitos do bloqueio, a começar pelos governos da América-Latina.
  3. Defesa das liberdades democráticas para que o povo cubano e a esquerda possam se expressar e lutar livremente na ilha, no marco da defesa da Revolução, ainda que sejam manifestações críticas ao governo. Liberdade para o povo, mas repressão para os agentes da contrarrevolução gusana.
  4. Revisão das políticas de abertura ao capitalismo na ilha, que estão corroendo aos poucos a unidade do povo em torno da defesa das conquistas da Revolução. Adotar uma nova política econômica.
  5. Retomar a estratégia internacional da luta pela revolução, pois não é possível socialismo num só país, que dirá em uma ilha só.

Viva Cuba socialista!

*Gabriel Casoni, de São Paulo (SP), é professor de sociologia, mestre em História Econômica pela USP e faz parte da coordenação nacional da Resistência, corrente interna do PSOL.

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