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EDITORIAL

Dia 29: expressar a indignação da maioria nas ruas

Editorial de 26 de maio de 2021
Thiago Mahrenholz | EOL

Ato no dia 13 de maio em São Paulo

Mais de 450 mil vidas perdidas para a covid, e a pandemia permanece sem controle. A vacinação segue lenta. A fome voltou aos lares de milhões de brasileiros. O país registra o maior índice de desemprego já registrado. Jovens negros continuam sendo — e cada vez em maior número — executados nas favelas e periferias. A Amazônia e o Cerrado ardem em chamas, com os povos indígenas sendo massacrados. O país está sendo destruído. Bolsonaro é mais letal que o próprio vírus. Por isso, é hora de voltar às ruas, com todos cuidados sanitários. Não podemos conviver com o governo da morte até as eleições de outubro de 2022. Em defesa da vida, é preciso derrubar Bolsonaro o quanto antes. Ir às ruas para tirar o genocida do poder é trabalho essencial. Vamos, todas e todos, aos atos de sábado (29), protegidos com máscara e álcool gel, para pressionar pela queda desse governo assassino!

O desgaste do governo se acentua, mas Bolsonaro responde com radicalização

No inicio desse ano, começou a se desenvolver com mais intensidade a segunda onda da pandemia, ainda mais forte e mais letal que a primeira, ficando evidente as irresponsabilidades e os crimes de Bolsonaro na gestão da pandemia. Somado a essa crise sanitária, se desenvolveu a crise econômica e social, com o aprofundamento da desigualdade, do desemprego e da pobreza, gerando enorme mal estar social, especialmente nos grandes centros urbanos.

Nesse momento de crescimento do desgaste do governo Bolsonaro, por meio das iniciativas da Campanha Nacional Fora Bolsonaro, foi possível a unificação de um calendário de lutas, que passou a ser retomado com ações em todo país no início do ano, com atos simbólicos e  carreatas que tomaram as ruas exigindo vacinas, auxilio emergencial de R$ 600 e o Fora Bolsonaro!

Nesse mês de maio, a pandemia avançou a passos largos. E Bolsonaro, mesmo com acentuada rejeição popular, que se expressa em todas as pesquisas de opinião, ainda preserva apoio de um setor massas, embora minoritário, demonstrado capacidade de mobilização de suas bases com seguidos atos neofascistas desde o 1o de maio.

Por outro lado, a CPI da covid-19 foi instalada no Senado e vem produzindo ainda mais desgaste para o governo. Mas foi a ação violenta e covarde da polícia do Rio de Janeiro na favela do Jacarezinho, atropelando uma decisão do próprio STF, um dia após a visita de Bolsonaro ao governador do Rio, que provocou uma retomada das mobilizações de rua. Os atos em solidariedade à comunidade de Jacarezinho, coordenados pela Coalizão Negra, ligaram um sinal de alerta para todo movimento, ficando mais nítida a compreensão de que as ruas precisam ser ocupadas contra um governo que é mais letal que o próprio vírus. Os atos de 13 maio abriram, assim, a possibilidade da convocação de atos nacionais de maior envergadura pelo Fora Bolsonaro.

É preciso mostrar que o bolsonarismo é minoria também nas ruas

O dia 29 é uma oportunidade para que se expresse nas ruas, ainda que de modo inicial, a insatisfação popular majoritária que vem sendo registrada nas pesquisas. Importa notar que as greves gerais na Colômbia, assim como os processos de mobilização vitoriosos no Chile, servem como um exemplo de que na luta é possível ter conquistas. Provavelmente, os protestos do dia 29 não serão de massas, com centenas de milhares nas ruas. Mas podem ser ações que envolvam  algumas dezenas de milhares de ativistas, abrindo caminho para atos maiores no futuro próximo.

Dito isso, é preciso destacar uma preocupação. A dinâmica de retomada das ruas, com atos mais numerosos, só será possível se fortalecermos a “campanha nacional Fora Bolsonaro” como uma Frente Única do conjunto dos movimento sociais e partidos de esquerda. Isso significa que as direções dos movimentos e partidos não podem vacilar, e muito menos apostar todas as fichas somente na disputa eleitoral em 2022. Seria um erro grave abandonar a estratégia do Fora Bolsonaro já! Sem grandes mobilizações de rua, muito dificilmente o processo de impeachment será considerado pelo Congresso Nacional dominado pelo Centrão. Sem impeachment, existe a possibilidade de que Bolsonaro consiga recuperar popularidade mais adiante, se houver crescimento econômico, podendo chegar, assim, com  força às eleições presidenciais.

Outro elemento que queremos sublinhar é a importância de evitarmos a fragmentação das iniciativas de luta contra a extrema direita. A luta política e ideológica no país não produziu ainda uma relação de forças que permita uma ofensiva imediata da classe trabalhadora. Além disso, não podemos esquecer que o inimigo que enfrentamos é uma extrema direita neofascista, com considerável suporte nos meios militares, policiais e empresariais, que estão indo às ruas pedir golpe militar e a criminalização da esquerda. Isso significa que precisamos combater toda e qualquer atitude que vise enfraquecer a Frente Única dos movimentos sociais e partidos de esquerda para derrotar Bolsonaro.

Ir aos atos com coragem e cuidados

É preciso ir às ruas com todos os cuidados sanitários e também com máxima atenção com possíveis ações violentas da polícia contra os protestos. A coordenação dos atos em cada cidade deve orientar e garantir o uso de máscaras adequadas, o distanciamento social e o uso de álcool gel. As equipes de comunicação precisam ficar atentas para registrar possíveis abusos de autoridade por parte das forças de segurança e a autodefesa precisa se organizar cada vez mais daqui pra frente, para proteger os atos de possíveis provocações bolsonaristas.

O momento exige coragem, como Guimarães Rosa nos alertou em sua obra “ Grande Sertão Veredas”:
“O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem”

 

LISTA DOS ATOS

Veja a lista dos atos em todo o país neste dia 29

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29M / Fora Bolsonaro