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OPRESSÕES

Malcolm X em seis atos: Ato final – Sua morte e legado

Leia a sexta e última parte da série sobre Malcolm X

Gabriel Santos*, de Maceió, AL

Ato final: Sua morte e legado 

Pouco antes de morrer, em uma entrevista concedida ao jornal trotskista Young Socialist em 18 de janeiro de 1965, Malcolm X falava: “É impossível o capitalismo sobreviver, principalmente porque o sistema capitalista precisa de sangue para sugar. O capitalismo costumava ser como uma águia, mas agora é mais como um abutre. Costumava ser forte o suficiente para sugar o sangue de qualquer pessoa, forte ou não. Mas agora tornou-se mais covarde, como o abutre, e só pode sugar o sangue dos desamparados. À medida que as nações do mundo se libertam, o capitalismo tem menos vítimas, menos para sugar e se torna cada vez mais fraco. É apenas uma questão de tempo, na minha opinião, antes de entrar em colapso completo.” 

Ele não chegou a ter tempo de ver se sua opinião se realizaria ou não. No dia 21 de janeiro do mesmo ano que deu a entrevista acima, em um discurso no Harlem, Malcolm foi alvejado com 14 tiros de calibre 38 e 45. Assassinado diante de um público de sua esposa que estava gravada e de seus quatros filhos. 

A trajetória política de Malcolm X foi interrompida e se torna impossível como se desenvolveria suas ideias se ele vivesse mais tempo. Quando foi brutalmente assassinado, X não era o mesmo que saiu da cadeia, nem aquele dirigente da Nação do Islã. Malcolm X destilava um justo e merecido ódio ao racismo e identificava a luta contra este, com a luta contra o imperialismo e o capitalismo. 

Sua trajetória pessoal é um encontro com a história da luta contra o racismo nos Estados Unidos nas décadas de 50 e 60. Entre o islamismo negro, a autodefesa, o nacionalismo negro e a auto-organização. 

Sua trajetória pessoal é um encontro com a história da luta contra o racismo nos Estados Unidos nas décadas de 50 e 60. Entre o islamismo negro, a autodefesa, o nacionalismo negro e a auto-organização. 

Maolcolm X sempre criticou o chamado Sonho Americano, e mostrou que este Sonho, era feito em cima de pesadelos dos negros do país. 

“Não, eu não sou norte-americano. Eu sou um dos 22 milhões de negros vítimas do norte-americanismo. Um dos 22 milhões de negros vítimas da democracia que nada mais é que uma hipocrisia disfarçada. Então, eu não estou aqui falando com vocês como um norte-americano, ou patriota, ou um patriota cego qualquer estiador de bandeira. Estou falando como vítima desse sistema. Eu vejo a América através dos olhos da vítima e não a vejo como um sonho norte-americano.” 

Suas lições sobre autodefesa, auto-organização, consciência negra, e a ligação entre capitalismo e racismo, faz de Malcolm X um dos grandes nomes e legados a ser reivindicados pela comunidade negra que luta e se ergue por meio de coletivos políticos, culturais e artísticos. 

Como cantou Mano Brown, Malcolm X foi lampião, e sua luz abriu caminho para H.P Newton e os Panteras Negras, para pensadores que utilizam a noção de colonialismo

doméstico, para aprofundarmos a inter-relação entre raça e classe, e para lembramos que “temos o direito de revidar, por qualquer meio necessário”. 

Sejamos como Malcolm X

*Gabriel Santos é educador popular em Maceió (AL) e ativista do Afronte!