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OPRESSÕES

Malcolm X em seis atos: sobre autodefesa e auto organização do povo negro

Leia a quinta parte da série sobre Malcolm X

Gabriel Santos, de Maceió, AL

Uma nota sobre autodefesa e auto organização do povo negro 

O discurso de fundação da Organização de Unidade Afro-americanas é dos mais importantes de Malcolm X. Nele, X convida os negros para tomarem para si o controle de seus destinos. Além disso, ele parte da noção da necessidade da unidade entre os negros do país em torno da luta anti racista independente de sua religião, local do país, ou origem. 

“vamos apoiar as aspirações no nosso povo por irmandade e solidariedade numa grande unidade que transcenderá todas as diferenças de organização. (…) Desejosos de que todos os Afro-Americanos se unam a partir de agora para que o bem-estar e o bem viver de nosso povo sejam assegurados. (…) Estamos decididos a reforçar os laços de objetivos entre nosso povo, ultrapassando todas as nossas diferenças e estabelecendo um programa construtivo e não sectário para os direitos humanos”. 

Demonstra também um internacionalismo que liga o futuro das lutas negras em seu país, com as lutas em outras partes do continente e na África: “Porque não é apenas uma organização para unidade Afro-Americana, no sentido de que nós queremos unir todo o nosso povo na América do Norte, América do Sul e Central com o nosso povo no Continente Africano. Precisamos andar unidos para avançar unidos. A África não irá adiante mais rápido do que nós, e nós não andaremos mais rápido que a África. Nós temos um só destino e nós temos um só passado!”. 

Malcolm X nunca abandonou suas ideias e a defesa da necessidade e direito da autodefesa por parte do movimento negro na luta contra os supremacistas brancos. 

Se não querem que eu e você sejamos não violentos, então tem que fazer os racistas deixarem de ser violentos.

“Não venha me ensinar como não ser violento com esses espancadores antes de ensiná-los a não ser violentos. Se o Governo dos EUA não quer que nós tenhamos rifles, então deve tirar os rifles dos racistas. Se não querem que eu e você sejamos não violentos, então tem que fazer os racistas deixarem de ser violentos. Não venham nos ensinar a não violência enquanto esses brutamontes são violentos. (…) Táticas baseadas exclusivamente em moralidade só podem ter sucesso quando você lida com pessoas que tem moral ou num sistema que é moral. Um homem ou um sistema que oprime um homem por causa de sua cor não é moral. É dever de todo Afro-Americano e cada comunidade Afro-Americana por este país proteger nosso povo contra assassinos das massas, contra os que jogam bombas, contra os linchadores, contra os que batem nas pessoas, contra a brutalidade e contra os exploradores. Nunca podemos ter paz e segurança enquanto um só Negro neste país sendo mordido por uma cão da polícia. Ninguém tem paz e segurança.”

Para Malcolm X o povo negro devia escrever sua própria história. Tomar em suas mãos seu destino e a partir de sua auto-organização garantir seus direitos. Ele dava atenção essencial a questão da necessidade do povo negro redescobrir sua identidade e assim crescer seu auto-respeito, e através disto, que são atos políticos, lutar por sua liberdade enquanto grupo social. 

*Educador popular e ativista do Afronte!

 

NO PRÓXIMO TEXTO (25/05)

Ato final: Sua morte e legado