Malcolm X em seis atos: A luta racial e o colonialismo
Leia a quarta parte da série sobre Malcolm X
Publicado em: 21 de maio de 2021
Após a saída da Nação, Malcolm X faz uma série de discursos pelo país, um dos seus mais famosos, “o voto ou a bala”, foi feito em 3 de abril, na Igreja Metodista Cory de Cleveland, nele X diz: “Não sou anti-branco, sou anti-exploração e anti-opressão.” Dias depois, em Palm Gardens, Nova York, em uma nova palestra, desta vez organizada por um grupo do Partido Socialista dos Trabalhadores (SWP), partido trotskista norte-americano, Malcolm X defenderia a revolução cubana e chinesa. Afirmava que “todos os países que hoje emergem do capitalismo se voltam para o socialismo, não acredito que seja por acaso”. Colocando ainda que os principais países que avançaram na luta antirracista tinham como filosofia política o socialismo.
Malcolm X passava a identificar a luta racial nos Estados Unidos não de modo isolado, mas como parte de um processo de luta que acontecia globalmente. O conflito racial não era um problema local, nem uma questão de brancos e negros. Para X era: “Incorreto classificar a revolta do negro como sendo simplesmente um conflito racial, ou somente como um problema norte-americano. Ao invés disso, estamos vendo uma rebelião global de oprimidos contra opressores, os explorados contra os exploradores”.
Não existe capitalismo sem racismo.
X colocava a revolta negra que acontecia no coração do Império em um processo ligado a fora de suas fronteiras, em especial aos processos revolucionários anti-coloniais que aconteciam na África: “Você pode pegar o exemplo do socialismo Africano. Muito dos intelectuais africanos que analisaram a via do socialismo começaram a ver onde os Africanos podem usar a forma do socialismo e onde ela se encaixa no contexto Africano; onde a forma que é usada num país europeu pode ser boa para um particular país europeu, mas não pode ser utilizada de bom modo num contexto Africano.”
Os negros norte-americanos não eram pra Malcolm um grupo social isolado em sua fronteira nacional, mas parte de um movimento mundial: “Estamos vivendo uma Era de revolução, e a revolta do negro estadunidense faz parte da rebelião contra a opressão e o colonialismo que caracterizaram essa Era”.
Podemos dizer que a evolução do pensamento de Malcolm X partiu do islamismo político e do nacionalismo negro, e, cada vez mais, seu antirracismo foi se tornando a principal potência de um anticapitalismo. Malcolm X conseguiu identificar a interligação entre imperialismo, racismo e capitalismo, desenvolvendo uma das frases mais importantes tanto para o movimento antirracista quanto para os anticapitalistas: “A maioria dos países de poder colonial eram países capitalistas e o último bastião do capitalismo hoje em dia é a América, e é impossível para uma pessoa acreditar no capitalismo e não acreditar no racismo. Não existe capitalismo sem racismo.”
*Educador popular e ativista do Afronte!
NO PRÓXIMO TEXTO (24/05)
Ato 5: Uma nota sobre autodefesa e auto organização do povo negro
Top 5 da semana

brasil
Prisão de Bolsonaro expõe feridas abertas: choramos os nossos, não os deles
brasil
Injustamente demitido pelo Governo Bolsonaro, pude comemorar minha reintegração na semana do julgamento do Golpe
psol
Sonia Meire assume procuradoria da mulher da Câmara Municipal de Aracaju
mundo
11 de setembro de 1973: a tragédia chilena
mundo