Amanda Silva Gomes é uma jovem negra, atriz, diretora artística e professora de teatro da companhia de teatro Megaroc, em Realengo, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Foi aprovada em primeiro lugar nas vagas de ação afirmativa do vestibular 2020/1 para o curso de Licenciatura em Teatro na Unirio, uma das instituições federais de ensino superior da capital fluminense. A administração da Unirio indeferiu, porém, a matrícula de Amanda no início de 2021 devido a uma orientação equivocada sobre a documentação necessária para manter o vínculo com a instituição.
A estudante contestou o indeferimento, mas a Unirio tem mobilizado seu aparato administrativo e jurídico para impedir que a injustiça seja reparada. Diante disso, um movimento está em andamento para que Amanda seja reintegrada e para denunciar obstáculos enfrentados por pessoas não-brancas e moradoras das periferias dos grandes centros no acesso às universidades.
“É necessário atenção e orientação específica aos alunos cotistas, já que para nós, a quantidade de documentação requerida é muito maior”, explica Amanda Silva. “Não é sem razão que todos os alunos que tiveram suas matriculas indeferidas no último edital de 2020/1 são cotistas”, completa.
Segundo Rosineide Freitas, da Regional RJ do Andes-SN, “a universidade tem que assumir o seu papel proativo de garantir o acesso à política pública”. Para isso, a instituição precisa colocar em funcionamento “um conjunto de ações que gire sua estrutura para solucionar dúvidas, para garantir acesso a material e para dirimir problemas que a burocracia causa”, completa.
Para Miguel Hauer, diretor do DCE da Unirio, é possível dizer que o obstáculo que a Unirio levanta é uma “farsa”, pois se a reitoria estivesse disposta a resolver o problema da vaga no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), já o teria feito e não haveria mais processo judicial tramitando.
O movimento #AMANDAFICA redigiu um abaixo-assinado online sobre o tema, que já reúne cerca de 30 mil assinaturas de apoio. No dia 15 de abril, quinta-feira, às 19h, será realizada uma transmissão sobre a política de cotas no canal da seção sindical docente da Unirio (Adunirio) no Youtube, abordando o caso da estudante, com participação do Andes-SN, do Coletivo Primavera Negra e do DCE.
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