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MOVIMENTO

Professor denuncia que sofreu atentado após criticar Prefeitura de Barueri

Educador teve seu carro fechado várias vezes e conseguiu escapar. Em seguida, registrou Boletim de Ocorrência (BO)

da redação
Roger Reis Nina

O professor Jadison, após procurar ajuda com a Guarda Municipal

O primeiro dia de vacinação dos profissionais de educação na cidade de Barueri (SP), neste sábado, 10, foi marcado por um grave ataque a liberdade de manifestação e ao movimento sindical. O professor Jadison Rodrigues, 53, denuncia ter sido vítima de desrespeito, intimidação e, por último, um atentado contra a sua vida, na forma de uma perseguição digna de filmes de ação.

Tudo começou ainda na fila de vacinação, no Centro de Aperfeiçoamento para Professores (CAP). Jadison resolveu gravar um vídeo mostrando os problemas encontrados: como a fila e o local inapropriado (fechado) e o impedimento de vacinação para professores da rede estadual – apesar do anúncio público feito pelo governo do estado, a vacinação em Barueri estava restrita aos professores da rede municipal. Jadison, que havia feito o cadastro do sistema online e estava com o comprovante que mostrava apto a vacinar, questionou a proibição e exigiu ser vacinado.

O professor acusa ai o início da truculência por parte da Secretaria de Educação. Um homem com roupa camuflada veio e lhe pediu os documentos, em tom intimidatório. Jadison acusa também racismo: “Era o único negro na fila. E ele veio direto em minha direção”, afirma.

Após ser vacinado, o professor, que é que é representante escolar da Apeoesp, conversou com um grupo de 10 a 15 professores e professoras da rede estadual, que não havia conseguido se vacinar. “Me coloquei a disposição para ajudá-los a exigir seus direitos, caso quisessem”, afirmou. “Eu me vacinei porque exigi e eles também tinham direito a se vacinar”.

Após a conversa, o professor decidiu ir embora e deixou o local em seu veículo. Alguns minutos depois, a poucos quilômetros dali, na altura do Fórum, seu carro foi interceptado por um veículo branco, dirigido pelo mesmo homem que atuava na fila, em nome da Secretaria de Educação. “Ele me fechou três vezes, eu desviei e fugi. Teve um momento em que ele acelerou de marcha-ré para me perseguir. Consegui fazer o retorno e voltei para o CAP”, conta Jadison.

A perseguição encerrou quando o professor avistou a Guarda Municipal e estacionou, pedindo ajuda. No local também haviam outros professores. Ele conta que o guarda nada fez contra o perseguidor, além de conversar, e que ambos se cumprimentaram trocando continências, um gesto militar. De longe, o “segurança” da Prefeitura ainda teria dito para Jadison que “com você a conversa vai ser diferente”, em nova ameaça. Diante da falta de ação da Guarda, o professor decidiu registrar boletim de ocorrência e denunciar o fato amplamente.


Segundo Roger Reis Nina, conselheiro da Apeoesp e militante do PSOL, o professor Jadison Rodrigues não pode ser ameaçado por defender o seu direito e o direito da categoria que representa. “É preciso que o prefeito Furlan tome providências imediatas para identificar e punir os agressores, sob pena de ser conivente com ameaças e agressões aos profissionais da educação. Não seremos intimidados! Continuamos na luta por justiça social e vacinas para todos! Fascistas, não passarão!”, afirma.

Roger destaca que a intimidação a Jadison deve se entendida no contexto da luta da Apeoesp contra o retorno às aulas na cidade, que contou com carros de som na cidade e a vitória contra a reabertura das maternais, por exemplo.

A assessoria jurídica da Apeoesp também está acompanhando o caso. Segundo João Zafalão, da Apeoesp, a denúncia também está sendo feita a outros órgãos, como a Assembleia Legislativa do Estado, através do deputado e professor Carlos Giannazi (PSOL). “Queremos saber como alguém da Prefeitura, que está na fila representando a Secretaria, decide entrar em um carro e perseguir um professor apenas porque ele se manifestou. Esse é um grave ataque ao movimento sindical e a liberdade. Queremos que o autor seja identificado e que a Secretaria se pronuncie. Toda solidariedade ao nosso colega”, afirma Zafalão.