Um presidente que não se importa

Gibran Jordão, do RIo de Janeiro, RJ
Os elefantes são animais que vivem coletivamente em comunidades, e a etologia guarda muitos registros de manifestações de dor e solidariedade coletiva entre seus membros quando acontece a morte de algum membro do grupo. Incrivelmente um elefante consegue construir relações de empatia e compaixão com o seu próximo. Sentimentos que muitos acreditam ser um atributo que caracteriza a humanidade, mas que algumas espécies de animais também conseguem estabelecer como parte do seu “comportamento social”.
Quando uma pessoa informa um revés, uma enfermidade, uma perda, um acidente, um falecimento para outra pessoa que está com suas faculdades mentais sadias. Com toda certeza a resposta será qualquer gesto ou manifestação de solidariedade e de comoção com a dor do próximo. A compaixão é o mínimo que se espera de um ser humano para outro, pois faz parte de nosso desenvolvimento civilizatório.
Não é normal alguém demonstrar completa indiferença ou desprezo diante de uma tragédia pessoal, mais grave quando estamos diante de uma catástrofe social. E mais surreal ainda quando o desprezo e a indiferença se manifesta nas opiniões de um chefe de estado, quando o mesmo está diante de uma pandemia arrasadora. Que está matando não um, ou dois… Mas milhares!
Pensem no tamanho da dor dos familiares, do sofrimento da espera, da angústia com a impotência, a revolta com o descaso público… Pensem na tensão, no stress e na tristeza que abate os profissionais de saúde que não conseguem salvar todas as vidas porque só tem dois braços, duas pernas, o dia só tem 24 horas e o hospital não tem mais leitos…
Pensem no desespero de uma jovem mãe desempregada na fila quilométrica do banco para receber auxílio emergencial. Lutando para garantir a saúde do pai já idoso e dos filhos que não podem frequentar a escola para garantir a quarentena.
Como não sentir empatia por tanta dor, como não se tocar diante da envergadura da tristeza de tantos seres humanos?
Como não sentir empatia por tanta dor, como não se tocar diante da envergadura da tristeza de tantos seres humanos?
Qual será o futuro de uma nação cujo o presidente diz: ” E daí?”,  quando indagado sobre o fato do Brasil ter batido um recorde, com quase 500 mortes nas últimas 24 horas? Liderando o continente em relação ao número total de falecimentos, com mais de cinco mil óbitos provocados pelo COVID19.
Como explicar que existe hoje no Brasil pessoas que compõe uma corrente de opinião com influência de massas. Que apoiam um presidente que tem menos capacidade que algumas espécies de animais, em reunir elementos morais mínimos para externar compaixão diante da nação que está abatida por uma crise sanitária, política e econômica.
Derrotar a necropolítica bolsolavista e tirar Bolsonaro do poder é uma das tarefas mais importantes da nossa geração. Como também vai colocar a prova a capacidade política de toda e qualquer força democrática e progressista e suas mais variadas tendências, que não desejam que o neofascismo se desenvolva no país.
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