Bolsonaro sentiu o início da perda de popularidade, o isolamento político dentro do seu próprio governo e teve que organizar um recuo parcial. Apostou alto e estava perdendo o jogo, as fissuras já estavam sendo vistas dentro do seu próprio barco com a linha alternativa pública de Moro, Guedes, Mourão e Mandetta.
Os três principais recuos foram não se dirigir publicamente contra o isolamento social, não ter comemorado o golpe militar de 1964 e ter se dirigido ” respeitosamente ” para os governadores, prefeitos, parlamento e judiciário. Não foram recuos pequenos para quem viu o seu último pronunciamento nacional e mesmo o “show” de horrores dessa manhã na saída do neofascista do Palácio da Alvorada. Manteve a linha de defesa dos empregos e fez um discurso adequando o tema da luta para salvar as vidas. Tudo isso com as tradicionais fake news.
Essa crise política serviu para mostrar também qual é a estratégia de Maia, Alcolumbre, governadores e o centro político. Todos seguem apostando na governabilidade, nas reformas que retiram direitos e no desgaste lento e gradual de Bolsonaro pensando em 2022. Todos eles têm mais horror do movimento de massas e da esquerda do que de um neofascista com instinto genocida como Bolsonaro à frente do país.
A esquerda não pode ser um “vagão desse trem” que só se movimenta se abastecido com combustível eleitoral. Importante destacar que Ciro, PCdoB e governadores do PT seguem apostando nessa estratégia cuja esperança é que tudo se resolva nas urnas, pacificamente, naturalmente, assim como um céu azul pode resplandecer ao nascer do sol depois de uma noite de tempestade. Por não pensar assim, o PSOL votou na sua executiva colocar fim ao governo Bolsonaro e busca construir a unidade política e social necessária para essa tarefa histórica.
Em uma crise como essa causada pelo COVID-19, as mudanças políticas ocorrem mais rápido que o normal. Tudo indica que a escalada de casos dessa terça-feira(1200 casos e 42 mortes) é apenas uma pequena amostra do que vai ocorrer, infelizmente, no país. A vinculação de Bolsonaro ao tema do Coronavírus foi grande e seu governo passa a estar dependente dos resultados do enfrentamento da crise. Em breve vamos ver as cenas dos próximos capítulos, nos quais temos a obrigação de começar a participar, com força, o quanto antes, sob pena do ato final ser, para milhares de brasileiros, dramático, e fatal.
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