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BRASIL

Trabalhadores do transporte público do Recife lutam por saúde e direitos

Os metroferroviários conseguiram uma liminar para que o metrô funcione apenas para os trabalhadores que estão nos serviços essenciais. Rodoviários conseguiram uma portaria para evitar a superlotação nos coletivos e as aglomerações nos terminais. Luta também é contra tentativas de redução de salários e demissões durante a crise

Rosilda Pinheiro (SINDMETRO-PE) e Aldo Lima (Sindicato dos Rodoviários do Recife e RMR)

Terminal de ônibus no Recife, no início das medidas de combate à pandemia. Foto G1 PE

Em tempos de pandemia do Coronavírus (Covid-19), a classe trabalhadora reivindica a quarentena enquanto direito. É preciso que tenhamos o máximo de proteção o que é também a própria solução da calamidade pública em que nos encontramos. Nas categorias que trabalham com serviços essenciais, embora não seja o momento de parar completamente a oferta dos serviços, é fundamental que sejam dadas aos trabalhadores e aos usuários condições de segurança apropriadas. Ao mesmo tempo, temos o desafio de impedir demissões e perda de direitos.

No Recife e Região Metropolitana, as entidades sindicais que representam os rodoviários e os metroferroviários, ambos serviços considerados essenciais, vêm exigindo dos governos e dos patrões que a saúde e os direitos destas categorias sejam resguardados. Afinal de contas, não foram os trabalhadores que causaram esta crise e nem são eles que possuem capacidade econômica para se sujeitarem a possíveis sacrifícios em sua remuneração.

Temos atuado com a compreensão de que, ao contrário do que pensam Bolsonaro e Paulo Guedes, mais do que nunca, todas as iniciativas que sejam tomadas tenham como máxima que a vida está acima da necessidade de se obter ou preservar lucros. Neste sentido, exigimos o afastamento remunerado dos trabalhadores que faziam parte dos grupos de risco do Coronavírus. Também cobramos uma melhor higienização dos ambientes de trabalho e dos veículos, além da distribuição de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), pautas com as quais as patronais se comprometeram.

No caso dos rodoviários, a fim de proteger estes profissionais e a própria população, também foi solicitada a suspensão do regime de trabalho da dupla função, já que o motorista não teria condições de dirigir, cobrar a passagem e ainda ter tempo para higienizar as mãos, o que o tornaria um vetor do Covid-19. Lamentavelmente, até este momento, esta reivindicação não foi acatada pelo Governador Paulo Câmara (PSB) ou pelos empresários do setor. Outra luta dos rodoviários é garantir que os trabalhadores tenham direito à estabilidade no emprego por 06 meses.

O motorista não teria condições de dirigir, cobrar a passagem e ainda ter tempo para higienizar as mãos

Vale lembrar que o transporte público é de suma importância para transportar os demais profissionais dos serviços essenciais, como os da saúde, que estão à frente do combate a essa terrível pandemia. Os metroferroviários e rodoviários de Pernambuco estão unidos a estes profissionais, para que os mesmos continuem oferecendo serviços imprescindíveis à proteção da saúde de toda a população.

Foi nesse sentido que os metroferroviários conseguiram uma liminar para que o metrô funcione apenas para os trabalhadores que estão exercendo atividades atreladas aos serviços essenciais, como os trabalhadores da saúde, do fornecimento de água e energia, trabalhadores de farmácias, postos de gasolina e supermercados.

Já os rodoviários, pressionando o governo do estado, conseguiram que fosse publicada uma portaria para evitar a superlotação nos coletivos e as aglomerações nos terminais de integração. Segundo a portaria, os ônibus só podem circular com passageiros sentados e as empresas de ônibus “deverão adotar todas as providências para evitar acúmulo de passageiros em filas”.

Tanto o sindicato dos rodoviários quanto o dos metroferroviários têm cumprido a tarefa de fiscalizar se suas categorias estão recebendo equipamentos de proteção. Não é razoável que estejamos nas ruas nos expondo para desempenhar nosso trabalho e que nem ao menos tenhamos máscaras e álcool em gel. Para que possamos continuar desempenhando nosso papel, temos que estar protegidos.

Reafirmamos nossa postura de não permitir que a pandemia seja usada como desculpa para fazer avançar os velhos interesses de aumentar a precarização do trabalho e a flexibilização de direitos e garantias, muito menos que seja utilizada para justificar demissão em massa. Iniciativas como a suspensão ou corte de salários, como pretende o Governo Federal, só nos trarão mais mortes e calamidade. Acreditamos que é necessário justo o inverso: garantir trabalho e renda, o que é fundamental para dar à classe trabalhadora condições de sair do cerco viral que a envolve.