Honduras: Um narco-estado que afunda na presença de tropas dos Estados Unidos e de Israel


Publicado em: 11 de fevereiro de 2020

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Tomas Andino, de Honduras

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Se há um consenso na grande maioria da população de Honduras, é que Juan Orlando Hernández (JOH), o “presidente” que nos últimos nove anos tem se mantido mediante fraudes eleitorais escandalosas e sobre os cadáveres de mais de 40 opositores, deve deixar o poder.

JOH foi durante quatro anos presidente do Congresso Nacional e por seis anos presidente da República, até agora, período em que ele domesticou a Corte Suprema de Justiça e as bancadas de oposição no Congresso Nacional. Foi reeleito inconstitucionalmente em duas ocasiões, o que o converteu no homem mais poderoso desde o golpe de estado militar de 2009 e, de fato, conta com o apoio dos Estados Unidos. Há que recordar que os norte-americanos têm em Honduras nada menos que quatro bases militares, devido a sua localização geográfica estratégica.

Sob seu mandato, Honduras tem se convertido em um dos países mais violentos, corruptos e empobrecidos do continente americano, tanto é assim que milhares de pessoas abandonam o país anualmente em multitudinárias “caravanas de migrantes”, fugindo da miséria, violência e abusos das autoridades.

Mas tanto abuso terminaria por cobrar seu preço. Em 2017, JOH fez sua mais recente fraude eleitoral e enfrentou a maior insurreição popular das últimas décadas. Desde então, o poderio do ditador vem minguando e o que o sustenta no poder é o incondicional apoio das Forças Armadas e o apoio do governo de Donald Trump.

A boa noticia é que 2019 foi um ano ruim para esta ditadura. Começou com terríveis escândalos de corrupção que comprometeram a classe política próxima do governante; mas o que o atingiu especialmente foi que, em outubro, ocorreu o julgamento da Corte do Distrito Sul de Nova York contra o irmão de JOH, um mafioso narcotraficante que fez uma fortuna com a cumplicidade do governo do irmão. Atualmente, o governo Trump utiliza este julgamento para manter sob chantagem o narco governo hondurenho para que ele obedeça cegamente suas diretrizes na política internacional e na política econômica.

Para proteger o ditador, o Congresso Nacional aprovou reformas no Código Penal e na Lei do Tribunal Superior de Contas que blindam os deputados e funcionários corruptos de possíveis acusações. Por outro lado, JOH acordou com o nefasto Luis Almagro, Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o fim do convênio que havia assinado com esse organismo regional que deu lugar a Missão de Apoio contra a Corrupção e a Impunidade (MACCIH), uma entidade da OEA para investigar vínculos de funcionários públicos com o crime organizado. E com certeza sobre o cartel, os sicários a serviço de JOH desataram uma onda de massacres nos centros penitenciários para “queimar arquivos”, eliminando no período de um mês 48 informantes chaves, testemunhas ou vítimas que poderiam incriminar o governante e sua quadrilha.

Sem dúvida, tudo isso debilitou profundamente a figura “presidencial” e, para evitar o vazio de poder, a cúpula militar tem dado um passo em frente para colocar-se como última salvaguarda do Estado capitalista neoliberal e da narco-ditadura.

Isso explica porque nos últimos meses de 2019 o regime beneficiou a casta militar com privilégios e prerrogativas obscenas: não só aumentou exponencialmente seu orçamento, aumentando os seus salários, e entregue a administração dos bosques e dos investimentos do Estado na Agricultura, mas aprovou reformas no Código Penal para eximir de responsabilidade os militares que vierem a cometer crimes de lesa humanidade. Isto faz  com que os militares tenham concentrado um enorme poder.

Para ocultar esta guinada autoritária, o regime inventa distrações políticas, como os frequentes “Diálogos Nacionais” e os processos eleitorais regulares nos quais a oposição não tem possibilidade de triunfar, pelo elevado nível de manipulação dos resultados.

Nada disso seria possível sem o apoio político do governo dos Estados Unidos a narco-ditadura; um apoio que vai mais além das homenagens que lhe dedica por sua “grande colaboração no combate ao narcotráfico”, mas que tem passado ao plano militar; desde o ano passado o governo de Trump tem instalado em Honduras tropas das Forças Armadas dos Estados Unidos e também tem sido instaladas tropas do Estado sionista de Israel.

Assim, esta Honduras, governada por uma máfia narcotraficante e corrupta, invadida por militares norte-americanos e israelenses em seu território, o país mais pobre do continente americano de acordo com a CEPAL, necessita a mais ampla solidariedade dos demais povos do mundo, para poder sacudir esta ditadura.


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