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MOVIMENTO

Presidente da Câmara de Belo Horizonte manda bater em professores para aprovar Escola com Mordaça

Ao menos seis professores ficaram feridos. Um deles foi encaminhado para uma UPA

Diego Franco David, de Belo Horizonte (MG)
SindRede BH

O décimo primeiro dia de votação do PL 274/17, conhecido como “Projeto Escola com Mordaça”, foi marcado por violência e autoritarismo contra a população que acompanhava a votação. Ao menos seis professores foram agredidos na repressão ao protesto na galeria da Câmara Municipal de Belo Horizonte, na tarde da quarta-feira, 09.

O Sind-REDE/BH e a Ames-BH convocaram diversas entidades, movimentos sociais e vereadores contrários ao projeto para o lançamento da “Frente Por uma Escola Democrática”, com o objetivo de intensificar a pressão contra a votação do PL 274. Com isso, a sessão que começou por volta das 15h, ficou lotada de estudantes e trabalhadores. Já na entrada das galerias do Plenário, foi possível perceber um forte aparato de repressão da guarda-municipal e da segurança da casa, que exigiu a identificação de todas as pessoas que adentravam à galeria.

Segundo o depoimento de testemunhas, a confusão começou por volta das 16h30, após a presidente da Casa, vereadora Nely Aquilo (PRTB), ordenar o esvaziamento das galerias para impedir que a população se expressasse através de palavras de ordem, assim como aconteceu em todos os outros dias em que o projeto foi pautado. Houve tumulto, os seguranças e guardas agiram com grande violência contra os manifestantes.

Manifestante foi agredido e teve a camisa rasgada

Ao menos cinco pessoas ficaram feridas, entre elas quatro diretores do Sind-REDE e um professor da Rede Municipal. O caso mais grave foi o do diretor Clayton Santos, que foi asfixiado por cinco seguranças, um deles o aplicou um golpe “mata-leão” até que o professor perder os sentidos. Clayton ainda foi detido pela Guarda Municipal e encaminhado para UPA Centro-Sul, onde aguarda atendimento. O diretor Daniel Wardil também foi agredido e arrastado pelas galerias, as diretoras Claudia Lopes e Vanessa Portugal foram imobilizadas e retiradas a força do plenário. Uma denúncia já foi aberta no Ministério Público com o objetivo de acusar todos os excessos cometidos contra os professores.

Apesar da confusão, a presidente da Câmara mandou seguir a votação do projeto. Com as galerias esvaziadas, Nely Aquino (PRTB) cassou o direito de palavra dos vereadores Pedro Patrus (PT), Pedro Bueno (Podemos), Bella Gonçalves (PSOL) e Cida Falabella (PSOL), impedindo a oposição de defender os requerimentos já apresentados.

Segundo os assessores parlamentares, a avaliação é que Nely fechou um acordo com a autodenominada “Frente Cristã” para que a votação do projeto terminasse rapidamente, com a votação de todos os requerimentos.

Segundo o representante do Sind-REDE Daniel Wardil, desde a sua apresentação, o autodenominado projeto “Escola Sem Partido” demonstra seus traços autoritários. “A violência com os professores no dia de hoje é só uma pequena amostra do que pode vir caso o projeto seja aprovado. Nely e os vereadores da Frente Cristã querem calar os estudantes e professores e impedir o debate democrático nas Escolas, com pluralidade de ideias e democracia. Caso seja aprovado, a mordaça passará a ser a tônica das aulas, intensificando a intimidação e agressão aos professores. Por isso, não podemos aceitar esse projeto”, afirmou.