Pular para o conteúdo
BRASIL

Abaixo a política de morte de Witzel

Gabriel Ferreira e Aline Caldeira, do Rio de Janeiro, RJ
Voz das Comunidades

Na noite da última sexta, a polícia militar do Rio de Janeiro assassinou uma criança de 8 anos de idade. A menina Ágatha Vitória Sales Félix levou o tiro quando estava dentro de uma kombi com o avô. Segundo moradores, agentes da Polícia Militar atiraram contra uma moto que passava próxima da kombi onde Ágatha estava.

A escalada de mortes provocadas pela polícia militar, corresponde ao discurso do Governador Wilson Witzel. Importante destacar que a tônica da política atual apresenta um elemento a mais em relação a períodos anteriores: ela não somente operacionaliza uma rotina de morte que seleciona corpos negros, mas a declara diariamente, documenta, regulamenta e é bradada aos quatro ventos, encontrando muito eco. Desde 1998, a polícia fluminense não matava tanto em operações. Até junho deste ano, quase 30% das mortes violentas no estado foram causadas pela polícia.

Todos os dias as favelas fluminenses são alvos de operações policiais que possuem um único objetivo, promover o terror, a morte e a destruição. Nas últimas semanas, um caveirão destruiu barracos na Cidade de Deus, um pedreiro foi assassinado enquanto trabalhava na Vila Kennedy, quatro pessoas foram mortas no Jacarezinho, entre elas um adolescente de 15 anos.

A rua de moradias populares pela qual o caveirão avançou sobre a Cidade de Deus está situada dentro de um terreno doado Prefeitura do Rio de Janeiro ao Vasco da Gama para a construção de um Centro de Treinamento do clube. Trata-se, portanto, de uma política de insegurança e de morte que dá suporte e estrutura um modus operandi de remoções de moradia não mais por meio das políticas de reassentamento de populações, mas do extermínio e do terror de Estado, simplesmente.

A cidade está sangrando. O Governador do Rio de Janeiro se alimenta das mortes nas favelas, comemora cada operação como um gol e repete sua frase “Aqueles que não se entregarem, que não tirarem o fuzil do tiracolo, serão abatidos”. O fato é que a polícia do Rio de Janeiro é composta por aqueles que portam fuzis e atiram contra o povo.

Importante destacar que essa necropolítica atribui ao Estado o poder de decidir quem vive e quem morre, fortalecendo o sistema que sustenta as mílicias através da ausência completa de controle dos grupos de extermínio.  Segundo Levantamento feito pela reportagem do UOL, das 881 mortes registradas em operações policiais no 1º semestre deste ano no estado do RJ, nenhuma aconteceu em área de domínio da milícia no Estado.

O Rio de Janeiro se tornou um laboratório da barbárie no qual apenas no mês de julho de 2019, 194 pessoas morreram em “autos de resistência”, execuções policiais em meio às intervenções militares nas favelas cariocas. O número é 50% (cinquenta por cento) maior que o mesmo mês em 2018, apontando para uma mudança de tom em relação à intensidade e à velocidade da política de morte do governo Witzel. No mesmo mês, nenhum policial foi morto em serviço.

Em que pese a política de extermínio não ser recente, a escalada de violência contra as favelas do Rio de janeiro é evidente. Há um projeto de poder em curso que se sustenta na morte da população negra e a dominação dos territórios por policiais organizados pela corporação ou pelas organizações paralelas.

É necessário que uma política firme de denúncia, mobilização e combate a esta política de morte tome a frente das agendas de luta de movimentos sociais, organizações sindicais e partidárias.

Esta não é uma luta apenas das favelas. É preciso que a população do Rio de Janeiro se coloque frontalmente contrária a este quadro e que paute uma política de segurança dos direitos (Malaguti). A luta contra o genocídio da população negra e o terrorismo de Estado é uma luta central em defesa das liberdades democráticas.   

#AculpaédoWitzel

#Paremdenosmatar

#Vidasnegrasimportam