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MUNDO

Boris Johnson: uma derrota em dois atos

Premier Britânico tem retumbantes e sérias derrotas perante o Parlamento do Reino Unido

Eduarda Johanna Alfena, de Campinas (SP)

Cá estamos nós discutindo um evento que já se tornou uma novela mexicana: o Brexit. Essa nova etapa começou na eleição do conservador (Torie) Boris Johnson para o cargo de líder deste partido e consequentemente de Primeiro-Ministro britânico (Premier). 

Johnson, como já exposto, está alinhado com os neofascistas e eurocéticos do UKIP, comandados por Nigel Farrage, que defendem uma saída sem acordo da União Europeia (Brexit Hard). 

Johnson, porém, tentou dar uma chicana para fazer passar seu projeto de Brexit: ele anunciou que iria suspender o parlamento britânico, e forçar assim novas eleições deste. A medida deixaria pouquíssimo tempo para discutir as questões pertinentes ao Brexit, o que acabaria resultando numa saída dura do bloco, cujo prazo se encerra em 31 de outubro próximo. 

Johnson não jogou fogo na fogueira do Brexit, ele jogou nitroglicerina. Milhares foram ás ruas protestar contra esta medida de Johnson, a que muitos chamaram claramente de golpe. O último chefe de estado britânico a tentar “peitar” o parlamento perdeu a cabeça, quite literally (literalmente). 

Há uma discussão deveras mister se a manobra é ou não um golpe, a qual não irei me adentrar aqui. A questão é que o povo britânico viu a manobra como um golpe… Após seus discursos duros e ofensivos, começou mais um capítulo da crise política. Após Jonhson ameaçar reprimir os Tories que se posicionarem contra o Brexit Hard, um deputado Torie deixou seu partido, indo à oposição.  

Já  não bastasse a Johnson perder a maioria no Parlamento, ele sofreu sua segunda derrota em menos de uma semana: liderados por Jeremy Corbyn (líder dos Trabalhistas, ou Whigs) a oposição passou o projeto de lei que proíbe que Johnson deixe o Reino Unido sem um acordo com a UE. O mais engraçado, ou triste, é que até o irmão de Johnson é contra o Brexit

Findo minha passageira contribuição por defender o que acho o mais correto nesse momento de completa divisão e incapacidade de as forças políticas britânicas de decidirem os rumos daquele país: Um novo referendo.

Desta vez, porém, um vinculativo, ou seja, que gere efeitos imediatos, sem passar por Parlamento; Premier; ou Rainha. Para ajudar na solução, Corbyn (o já citado líder Whig) propôs um acordo com a UE que vai na contramão do acordo com o proposto pela ex-premiê Theresa May. 

Que o povo britânico seja chamado às urnas e decida, numa eleição honesta, sem chicanas ou Fake News

*Qual deve ser a postura do Reino Unido ante a União Europeia?:

-Permanecer no Bloco ( )

-Deixar o Bloco com acordo proposto por Jeremy Corbyn ( )

-Deixar o Bloco com acordo proposto por Theresa May ( )

-Deixar o Bloco sem nenhum acordo ( ).

“Mas e se não formar maioria em nenhuma dessas proposições”? Se repita o referendo. O medo do povo não pode ser usado de desculpa esfarrapada para se solapar a democracia. “Ah, mas por medo de uma saída brusca, os Brexiters Softers (que propõe uma saída com algum acordo) tendem a ser tornar Remainers (anti-brexit)”. Se dispute, se discuta. Sem Fake News, sem chicanas, sem enganações, sem tocar o terror. Que o povo decida.

E como dito em outro texto meu, se o povo, após mais de dois anos de brigas e divisão, aceitar sair sob qualquer condição, que sejam aceitas as independências da Escócia e da Irlanda do Norte. Boa ou má, mais ajuda ou mais atrapalha, a saída da UE sem nenhum acordo provocará o caos no Reino Unido, o que até Johnson admite, mesmo ele sendo um notório mitomaníaco compulsivo.  Cabe ao povo decidir.

 

*Esse artigo representa as posições da autora e não necessariamente a opinião do Portal Esquerda Online. Somos uma publicação aberta ao debate e polêmicas da esquerda socialista

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brexit / reino unido