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MUNDO

28 de junho: 10 anos do golpe militar em Honduras

Equipe Internacional do Esquerda Online

Com este artigo daremos início a uma série de matérias, que serão escritas pelo militante socialista hondurenho, Tomáz Andino, sobre o golpe de Honduras, ocorrido há 10 anos, e sobre a situação atual do país, convulsionado por manifestações populares que pedem a saída do ditador Juan Orlando Hernández.

Nesta sexta-feira, dia 28 de junho, completa-se exatamente uma década do golpe militar em Honduras, que derrubou o presidente eleito Manuel Zelaya Rosales, que teria direito de exercer seu mandato até 2010. O golpe foi liderado pelo dirigente do Partido Liberal, Roberto Micheletti. Este golpe se impôs, na verdade, porque teve o respaldo e o apoio da elite das forças armadas hondurenhas.

Após vários meses de crise política entre o presidente deposto Manuel Zelaya, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Eleitoral de Honduras e o Supremo Tribunal de Justiça, sobre a legalidade de um referendo para mudar a constituição por meio de uma Assembleia Constituinte. Os oponentes de Zelaya usaram como pretexto para o golpe, que contou com o apoio americano, que ele pretendia mudar a constituição para se perpetuar no poder, o que ele sempre negou.

O governo ilegítimo impôs uma eleição fraudulenta em novembro de 2009. Esse processo foi boicotado por várias forças da esquerda e movimentos democráticos. Nessa eleição viciada foi imposto como presidente Porfírio Lobo Sosa, do Partido Nacional, para um mandato de 2010 a 2013.

Durante esse mesmo período ascende a presidência do Congresso Nacional de Honduras, o então deputado Juan Orlando Hernández (JOH, como é conhecido), que foi o principal fiador do projeto golpista no parlamento e o principal articulador dos brutais ataques aos direitos sociais e democráticos do povo trabalhador, e a soberania de Honduras.

Sobre os governos golpista se instalou no país um neoliberalismo selvagem, que levou Honduras a ter um nível de pobreza que atinge 70% da população, se transformando no país com a maior taxa de homicídios do mundo. Honduras é hoje um dos países da América Central com um elevado número de imigrantes que tentam deixar a pobreza e a violência, se arriscando para chegar aos EUA. Inclusive, nesse período avançou significativamente a subordinação de Honduras aos interesses do imperialismo dos EUA na América Latina.

A sucessão de governos golpista desemboca nas novas eleições de 2017. Novamente se utilizando amplamente do recurso de fraudes, as forças golpistas conseguem colocar JOH como presidente do país. Existiram fortes protestos contra a fraude eleitoral.

JOH conseguiu se viabilizar como presidente, embora esteja envolvido em várias acusações de corrupção e das graves consequências sociais de sua política econômica antipovo. Para conseguir esse feito reacionário se utilizou de uma política duríssima de repressão ao movimento da classe trabalhadora.

Hoje, lembrar os 10 anos do golpe militar em Honduras tem uma importância ainda maior, pois atualmente este país está sendo sacudido por um forte movimento contra JOH e seu programa de ajuste econômico, que vem gerando mais fome, miséria e um caos nos serviços públicos.

A Coordenadora em Defesa da Saúde e da Educação encabeça os fortes protestos espalhados por todo o país. Estas mobilizações vêm enfrentando uma forte repressão, inclusive ataques que contam com o apoio de militares dos EUA, em mais uma intervenção criminosa do imperialismo na região. Assim, como vem tentando impor na Venezuela.

Portanto, hoje é dia de expressar que nunca iremos nos esquecer do terrível golpe militar de 28 de junho de 2009 e, principalmente, de declarar nossa solidariedade ativa ao processo de luta em curso em Honduras.

A esquerda e os movimentos sociais latino-americanos devem intensificar uma campanha política em defesa da soberania dos nossos países, contra a intervenção estadunidense na região, que se intensificou no governo Trump, e apoiar a luta do povo hondurenho para defender seus direitos e pelo fim dos governos golpistas.

Fora o golpista JOH!
Solidariedade a luta do povo hondurenho!
Fora militares dos EUA de Honduras!

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