Pular para o conteúdo
BRASIL

15M em Natal: Uma das maiores manifestações da capital potiguar

Luana Soares e Mauricio Moreira, de Natal, RN

Manifestação na Av. Salgado Filho

A chama da esperança voltou a brotar no asfalto das grandes cidades do país depois das grandes manifestações protagonizadas pelas mulheres no 8 de março. Na dianteira das manifestações estavam a juventude com sua irreverência e destemor, e os trabalhadores em educação do ensino superior, técnico e educação básica com sua tradição de luta. As reivindicações contra os cortes na pasta da educação combinaram-se com a luta contra a destruição da previdência pública. Números divulgados pela mídia corporativa anunciaram que as manifestações foram gigantes, na escala de milhões de pessoas em todo o país.

No Rio Grande do Norte, o dia nacional de luta em defesa da educação começou com manifestação em várias cidades, levando milhares para as ruas. Natal, a “Moscouzinha nordestina”, viveu um dia de glória nesse dia 15 de maio. Os atos não ficaram restritos à capital, com manifestações em pelo menos Currais Novos, Mossoró e Pau-dos-Ferros, cidades importantes do interior do estado.

Boulos em Natal

Primeiro, milhares de jovens e trabalhador@s lotaram o ginásio do IFRN para ouvir o líder do MTST e ex-candidato a Presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos, sobre os dilemas do país, o enfrentamento ao governo Bolsonaro e a necessidade de reconstruir um projeto de esquerda para o país sob novas bases, sem repetir os erros do passado.

Sobre a forma de enfrentamento ao governo reacionário de Bolsonaro, Boulos disse “que a única forma de defender os direitos do povo é priorizando e intensificando as mobilizações de rua ” e que “estão errados aqueles que atuam como oposição comportada ao governo”. Além de pedir autocrítica ao dizer “que a esquerda não pode construir o novo olhando apenas para o retrovisor, pois era preciso ter humildade para olhar o passado e aprender com os erros”.

Finalizou com uma defesa emocionante a respeito do socialismo, afirmando que “se o capitalismo é incapaz de oferecer dignidade para a maioria, como educação, saúde, moradia, então não temos vergonha de dizer que lutamos pelo socialismo”.

Depois da aula pública, a Salgado Filho, uma das principais avenidas da capital potiguar, foi tomada por milhares de manifestantes. Segundo a imprensa, 70 mil pessoas caminharam pelas ruas da cidade.

Não temos dúvidas de que vivenciamos ontem uma das maiores manifestações da história do Rio Grande do Norte. A força da juventude nas ruas foi revigorante. Estudantes secundaristas e universitários que organizaram as colunas das suas escolas e de seus cursos, preparam seus cartazes, suas palavras de ordem e deram o tom nas manifestações em todo o país. Sem dúvidas o motor da engrenagem de um dia histórico. A pauta da educação foi a que de fato mobilizou a classe trabalhadora nesses primeiros quatro meses de governo Bolsonarista. Ainda é cedo para dizer que viramos o jogo, mas ontem o medo começou a mudar de lado. É imprescindível a manutenção da unidade da esquerda e a nossa resistência nas ruas.

Agora mais do que nunca a nossa principal tarefa é ampliarmos a nossa capacidade de mobilização e diálogo com a população, é preciso recuperarmos os instrumentos de comunicação que conquistamos no período eleitoral. Precisamos botar a banca na praça e explicarmos pacientemente para cada trabalhador e estudante sobre o significado das medidas antipopulares do governo e impulsionar cada processo de debate e mobilização tendo como norte o fortalecimento dos próximos dias 30 e 14, quando vivenciaremos a Greve Geral para derrotar a contrarreforma da Previdência. Para isso, a criação de comitês de base assumirão uma importante função de organização, formação e mobilização nos locais de estudo, moradia e trabalho.

Assistentes sociais em luta!

Dia 15 de maio também celebramos no Brasil o dia das/os Assistentes Sociais. Todos os anos o Conjunto CFESS-CRESS desenvolve campanhas que ajudem a dialogar com a população sobre o papel do Serviço Social, enquanto categoria, na luta pela garantia dos direitos. Esse ano, botamos o bloco na rua com uma linda e atualíssima campanha de combate ao racismo: “Se cortam direitos, quem é preta e pobre sente primeiro”. São as mulheres pretas e da periferia as que mais sofrem com o aprofundamento da desigualdade social através dos cortes na educação, da contrarreforma da Previdência e dos ataques políticos e ideológicos desse governo, a exemplo da retirada do termo “violência obstétrica” dos documentos do SUS, quando são as mulheres negras que mais sofrem com as práticas violentas da obstetrícia.

Divulgação/CRESS-RN

Em Natal, o CRESS/RN organizou uma linda coluna no ato com dezenas de assistentes sociais. Não haveria uma forma mais digna de celebrarmos esse dia que não fosse ao lado da juventude e dos trabalhadores em defesa da educação pública que é, também, uma das bandeiras de luta da categoria.