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MUNDO

O significado da prisão de Assange

Yuri Lueska
Reprodução The Sun

Nesta quinta-feira (11), o Julian Assange foi preso em Londres na embaixada Equatoriana pela polícia britânica. O fundador do site que tornou público diversos escândalos de governos mundo afora e em especial dos EUA, encontrava-se exilado no local desde 2012. A prisão é embasada num pedido de extradição do governo americano e teve a autorização do presidente Equatoriano Lenin Moreno.

Assange e seu site, Wikileaks, ganharam notoriedade global pelo enorme vazamento de documentos do governo norte-americano. Esses documentos apresentaram ao público diversos crimes cometidos por este governo durante as guerras do Iraque e do Afeganistão. Esta prisão tem duplo significado. Além de ser um atentado às liberdades democráticas no globo, demonstra uma subserviência sem precedentes do governo Equatoriano.

O que o Wikileaks diz?

Os documentos apresentados no site Wikileaks apresentaram ao público a verdadeira natureza dos distintos governos e suas relações. Aqueles que acreditam que conceitos de imperialismo e colônia, por exemplo, encontram-se desatualizados, perdem o queixo quando entram em contato com o material disponibilizado por Assange.

Além de crimes de guerra cometido por grandes potência, o site torna nua a relação promíscua entra as nações. Sobre o Brasil, por exemplo, é apresentado documentos que provam a relação do ex-presidente Michel Temer com a embaixada norte-americana. Essa relação envolvia troca de informações inclusive sigilosas. Outra preocupação é a Petrobras e as reservas do pré-sal: a empresa brasileira era alvo de espionagem intensiva. O Brasil, inclusive, era o país mais espionado pelo serviço de inteligência norte-americano, superando, inclusive, Venezuela e Cuba.

Outros pontos que chocaram a opinião pública mundial é o vazamento de documentos que provam crimes de guerra cometidos pelo governo americano. Esses crimes incluem o assassinato de civis, a perseguição de jornalistas e da imprensa, e também a violação dos direitos humanos, em especial na prisão de Guantánamo.

A subserviência do presidente equatoriano Lenin Moreno

Outra questão que chama atenção no caso é a subserviência do presidente equatoriano Lenin Moreno. A entrada da polícia britânica na embaixada e a prisão de um cidadão equatoriano pela mesma (Assange era cidadão equatoriano há cerca de cinco anos) rasgam qualquer critério ou conceito de soberania nacional. O acontecido foi descrito por Rafael Corrêa, ex-presidente do país, como uma das maiores humilhações que seu país já sofreu.

Além de permitir a prisão de Assange, o presidente do Equador revogou o exílio e a cidadania do fundador do Wikileaks. O fato ocorre enquanto o Lenin Moreno enfrenta alguns escândalos de corrupção. Documentos vazados no site de Julian mostram que Moreno construiu um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro oriundo de propina. Esse esquema sustenta uma luxuosa vida para o presidente e sua família, incluindo apartamentos no mediterrâneo e na Suíça.

Importante sublinhar que o governo equatoriano hoje se submete ao jogo político do governo dos EUA na América do Sul. Inclusive Lenin Moreno auxilia Trump para isolar o governo Venezuelano, agravando ainda mais a crise no país. Como já foi dito anteriormente, a soberania do Equador é constantemente violada com o triste auxílio do presidente do país.

A prisão do Assange deve ser repudiada não só por todos os órgãos e entidades de classe trabalhadora, mas também esse repúdio deve ecoar por todos que se proclamam democratas. Além disso, a prisão de Assange é parte de uma conjuntura global, onde o imperialismo americano tenta submeter com mais eficiência o terceiro mundo. Portanto, a luta pela liberdade de Julian Assange também é uma barricada em defesa da autonomia dos povos e contra o intervencionismo norte-americano.

 

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