O Rio de Janeiro, além das Escolas de Samba, tem tradição com o Carnaval de Rua. Todos os anos milhares de foliões seguem os blocos e tomam as ruas da cidade para festejar a maior festa popular do país com alegria, irreverência e crítica política e social.
As primeiras manifestações populares na cidade ocorreram no final do século XIX e os primeiros blocos datam do início do século XX com destaque para o Cordão da Bola Preta, o Cacique de Ramos, a Banda de Ipanema e o Bafo da Onça, para ficarmos com os mais conhecidos do grande público.
Os blocos cariocas sempre se pautaram pelos enredos voltados para a exaltação de sua própria história, fatos inusitados do cotidiano e pelas críticas sociais recheadas de grande ironia e sarcasmo.
Nos dias atuais, são ELES que governam: Bolsonaro (e sua turma), Wilson Witzel e Marcelo Crivella, e não há um terreno mais fértil para críticas e também para uma resistência jamais vista no Carnaval.
Este ano, o prefeito Crivella exigiu a redução de 20% no número de blocos e dificultou diversas agremiações desfilarem como o tradicional bloco Nem Muda Nem Sai de Cima, do bairro da Muda/Tijuca.
Semana passada, em São Paulo, a PM de Dória chegou ao ápice de reprimir o desfile do bloco Fanfarra Clandestina, quebrando instrumentos musicais e ferindo com bala de borracha um integrante da agremiação.
Agora, no Rio de Janeiro, a pouco mais de 24 horas para a abertura oficial do Carnaval, a Polícia Militar do governo Wilson Witzel, quer barrar o desfile de vários blocos tradicionais da cidade como: Simpatia é Quase Amor, Céu na Terra, Suvaco de Cristo, Orquestra Voadora, Imprensa Que Eu Gamo, Toca Rauuul! e Carmelitas.
A justificativa da PM seria de que a documentação dos blocos teria sido entregue fora do prazo. Em nota as Ligas que representam os blocos, Sebastiana e Zé Pereira, informaram que fizeram o possível para cumprir os critérios, mas devido à demanda e ao prazo curto da portaria nº 229, publicada em 02/01/2019, não foi possível.
Na verdade, essa imposição é um grande casuísmo, uma vez que os blocos já desfilaram no Pré-Carnaval da cidade semanas atrás e nada foi feito pelas autoridades para impedir tais eventos. O que os governos de plantão querem é asfixiar uma das mais icônicas manifestação culturais do país que replica resistência em dias sombrios, que traz alegria e contraponto às visões retrógradas e invariavelmente estranhas a festa. Vamos festejar e colorir as ruas e protestar sambando.
Nesse carnaval ELES não terão vez, nem voz. A rua será nossa! Marielle é verde e rosa.
*Marco Dantas é bacharel em Letras e servidor Público Estadual no Rio de Janeiro
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