As mais de três milhões de mulheres que se organizaram nas redes estarão nas ruas no dia 29
“Dou para CUT pão com mortadela / e para as feministas, ração na tigela / As mina de direita são as top mais belas / enquanto as de esquerda têm mais pelos que as cadelas”. Este é apenas um trecho da música cantada pela campanha de Jair Bolsonaro em Recife (PE).
Bolsonaro representa ideias fascistas. Seu discurso de ódio tem alvos – são os jovens negros, as feministas, pessoas Lgbts, os militantes de esquerda. Seu programa incita o aniquilamento e a exclusão dessas pessoas, os inimigos da sociedade “de bem”. A perversa combinação dessa plataforma de opressões com a defesa do aprofundamento de um projeto ultra neoliberal de contrarreformas, do avanço das privatizações e da redução do papel do Estado nas áreas sociais expressam as características do fascismo no século XXI.
Neste momento, a extrema-direita investe em disseminar o medo. Viram que é possível ganhar, mas não é simples furar a onda de mulheres que bloqueia o caminho para a barbárie. Como resposta, a extrema-direita faz ataques, agressões, ameaças e provocações. Destila ódio e misoginia nas redes e nas ruas, tentando diminuir o tamanho e o impacto que o dia 29 poderá ter na conjuntura eleitoral, e para além dela. É preciso saber que se nos recolhermos neste momento, se abaixarmos a cabeça diante dos “avisos”, eles pisarão em cima de nós.
As mulheres se lançaram à luta contra Bolsonaro e suas ideias. Elas estão à frente, mas não estão sozinhas. Atraídos pelo poderoso movimento “Mulheres Unidas contra Bolsonaro”, se somaram diversos outros segmentos da sociedade: dezenas de categorias de trabalhadores, demais parcelas oprimidas, setores democráticos. O 29 será gigante e, neste dia, a rua será o local mais seguro.
São milhares de mulheres organizando os atos pelo país. Elas decidiram os trajetos e prepararam os palcos, os cancioneiros, as baterias, os sinalizadores, as cores e alas dos atos. São centenas de mulheres dando entrevistas, participando de documentários, respondendo jornalistas, moderando grupos de internet. Mulheres que despertaram e que se arriscam, porque sabem que estão fazendo história. Porque sabem que a história que contarão para as futuras gerações depende da nossa coragem e ousadia de hoje, de amanhã, do dia 29 e dos próximos dias que seguirão.
No Brasil, não há tarefa mais importante neste momento que a convocação do dia 29. Abriu -se uma oportunidade de derrotar Bolsonaro e o fascismo nas urnas, mas, principalmente, de organizar um processo de resistência de massas ao que representa o candidato da extrema-direita. Está tarefa está colocada nas eleições e para além delas. Ainda que Bolsonaro não ganhe, e lutaremos muito por isso, suas ideias se consolidaram em uma parcela significativa da sociedade e é contra elas que lutamos.
Foi construído um Manifesto Nacional unificado, que pode ser assinado pela internet, e que será lido nos atos país afora. É em torno das ideias desse manifesto que queremos disputar a consciência do conjunto da classe trabalhadora e que organizaremos a continuidade dessa batalha, que será decisiva.
No dia 29, assim como no dia seguinte à execução de Marielle e Anderson, a coragem será maior que o medo.
Como diz a bela canção “Metade”, de Oswaldo Montenegro:
“Que a força do medo que tenho, não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte do que eu acredito, não me tampe os ouvidos e a boca”
Eles queriam o nosso medo, mas provocaram a nossa luta. Estamos e estaremos juntas. Mostraremos e enxergaremos a nossa força. Faremos uma linda primavera! Nada poderá detê-la!
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