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OPRESSÕES

8M contra a extrema direita: As mulheres negras vão derrubar Bolsonaro!

Coordenação Nacional do Afronte! e Afronte Negro!
Manifestante no Julho das Pretas com bandeiras do Afronte no fundo
Reprodução

Devemos ocupar as ruas no 8M em todo o Brasil

No dia 8 de março, não só no Brasil, mas mulheres em todo o mundo irão às ruas por direitos nesse dia histórico do movimento feminista. A data já vem sendo marcada por mais de 6 décadas, e a cada ano ela demonstra a sua importância. A situação das mulheres continua a ser marcada pela opressão e pela superexploração, e vai se complexificando conforme a situação política que vivemos. Principalmente a das mulheres negras, da classe trabalhadora que veem suas vidas piorarem cada dia mais no nosso país.

O ato no Brasil está sendo construído pela frente de esquerda dos em unidade dos movimentos sociais e movimentos de mulheres, e está carregando o tema geral “Pela Vida das Mulheres – Bolsonaro nunca mais! Por um Brasil sem machismo, racismo e fome!”. A manifestação carrega a importância de demarcar o papel das mulheres em fazer oposição a Bolsonaro, pois sem dúvida alguma, ele, seu governo e seus apoiadores representam hoje a principal ameaça para a vida das mulheres no Brasil.

Por isso que nós do Afronte! estaremos nos atos no dia 08 de março e chamamos toda a juventude a ocupar as ruas de suas cidades nesse 08M feminista. É urgente que as mulheres se coloquem mobilizadas para derrubar Bolsonaro. É preciso frear o avanço da extrema-direita no Brasil e gritar em alto e bom som: Fora Bolsonaro! Pela vida das mulheres.

Precisamos colocar o movimento feminista a serviço da derrota da extrema
direita

Em 2018 as mulheres de todo o Brasil ocuparam as ruas em um grande “Ele Não” e naquele momento já denunciavam que a base de construção do bolsonarismo era a misoginia. Bolsonaro nunca escondeu que faria uma luta ideológica contra o feminismo e o que ele representa na luta das mulheres. Em seu governo defende o retrocesso dos direitos reprodutivos, a retirada da discussão de gênero nas escolas e sustenta o conservadorismo que produz de diversas formas a violência pública e doméstica contra as mulheres.

Em tempos de crise econômica e social, os efeitos recaem de forma mais cruel sobre as mulheres, principalmente sobre as mulheres racializadas. Além do aumento da violência física e psicológica, elas são as primeiras a sentirem a crise econômica tendo que abandonar seus empregos para cumprir o trabalho de reprodução social, ou mesmo, estabelecendo uma carga de trabalho duplamente ou triplamente maior sobre suas vidas. Além de colocar uma pastora evangélica na frente do ministério das mulheres, até agora em seu governo, Bolsonaro não usou 1⁄3 dos recursos disponíveis para fazer políticas voltadas especificamente para as mulheres¹, não à toa a violência e a precarização delas batem recordes em seu governo.

É por isso que o movimento feminista em unidade com os trabalhadores, a juventude, o movimento LGBTQ+ e o povo preto, tem que estar a serviço da derrota de Bolsonaro e da extrema direita no nosso país. Não há dúvida de que o feminismo deve construir a mobilização das mulheres em oposição ao reacionarismo para defesa das nossas pautas e para  construção de um país livre do machismo e do sexismo. Nesse sentido um importante passo é construir um programa de esquerda para o Brasil que veja a defesa dos direitos das mulheres com centralidade, além disso precisamos fortalecer um movimento feminista dos 99%, verdadeiramente antirracista e radicalmente comprometido com um mundo novo.

As mulheres negras são ponta de lança para derrotar Bolsonaro

As mulheres negras no Brasil, vivenciam uma realidade de marginalidade e exclusão que é histórico e que se aprofunda, não só pelos efeitos da pandemia, mas também pela política intencional de abandono do governo Bolsonaro. Se olharmos hoje para o mapa da fome no Brasil veremos que a maioria dos lares atingidos se encontram chefiados por mulheres negras. Estas diariamente convivem com a violência racial que assassina seus filhos, maridos e familiares nas periferias, as tornando os únicos pilares de sustentação de suas casas e de suas comunidades.

As mulheres negras representam a maior parte da população brasileira e são aquelas que estão no centro do trabalho de reprodução social e que sofrem ainda mais com a exploração capitalista. Nós do Afronte reivindicamos que contra a política de morte do Estado genocida e para derrotar o governo Bolsonaro, devemos reconhecer que são as mulheres negras, que de norte a sul do país, apontam o caminho de uma política de vida e a urgência de um programa de esquerda para superação das desigualdades raciais e de gênero. É por isso que a luta contra o bolsonarismo é também uma luta pela vida das mulheres negras, contra o racismo, o machismo e todas as formas de opressão que este governo reivindica e fortalece com seu programa de governo.

Neste 8M, reivindicamos o legado das que vieram antes de nós: e é por Marielle Franco, por Lélia González, por Carolina Maria de Jesus, por Luísa Mahin e tantas outras mulheres negras que mudaram a história deste país, fazendo parte da história que a história não conta, que dizemos que as mulheres negras são ponta de lança na derrota do Bolsonaro e do bolsonarismo no Brasil.

Notas

¹ levantamento exclusivo da revista AzMina