O País sofre com os efeitos da agenda política e econômica imposta pelo golpe parlamentar de 2016. Sem mandato para isso, Temer, deputados e senadores vêm desmontando o Estado, retirando direitos e alterando a Constituição. O grande capital necessita manter e ampliar suas taxas de lucro, diante da grave crise financeira mundial.
A prisão de Lula é uma continuidade do golpe. Executada em tempo recorde, seu caráter político ficou ainda mais evidente no domingo, 08 de julho, quando uma liminar que ordenava a sua liberdade foi negada após a interferência de Sérgio Moro, de férias em Portugal.
A prisão é uma intervenção direta no processo eleitoral, para afastar o candidato líder das pesquisas. Os grandes empresários, banqueiros e latifundiários não permitirão um possível governo Lula que, ainda que mantenha a estratégia de um governo de colaboração de classes, poderia modificar a atual agenda econômica. Deram um golpe para ter um governo diretamente seu, comprometido com um agenda de desmonte completo dos direitos sociais.
Para garantir essa agenda, as poucas liberdades democráticas estão sendo atropeladas, junto ao crescimento de uma pauta conservadora, do neofascismo e da judicialização da política. Os traços autoritários vão se ampliando, em um país que tem o segundo estado sob intervenção militar federal, que vive o extermínio de negros e negras nas periferias e ainda sem respostas pela execução de Marielle Franco e Anderson.
Bolsonaro, ainda que enfrente dificuldades para ampliar sua candidatura, segue destilando ódio, defendendo o massacre de sem-terras e ensinando crianças a reproduzir seus símbolos de guerra.
A mensagem do principal líder da extrema direita ecoa. Na principal praça de Minas Gerais, bandos atacam uma parlamentar petista. No Rio de Janeiro, neofascistas tentam intimidar o senador Lindbergh Farias (PT). Em Brasília, ameaças fazem com que a professora Débora Diniz, uma das principais vozes em defesa da legalização do aborto, tenha que deixar a UnB para se proteger.
O Judiciário segue em seu papel de polícia política, como na recente decisão contra os 23 ativistas do Rio de Janeiro. A Polícia Federal intima um professor da UFSC, que ousou criticar o abuso cometido contra o ex-reitor da universidade. Projetos do Escola Sem Partido avançam nas Câmaras de Vereadores enquanto aumentam os casos de perseguições aos professores.
Voto Boulos, quero Lula Livre!
Neste sábado (28), será realizado o Festival Lula Livre, no Rio de Janeiro. Serão 10 horas de música, com mais de 40 artistas e grupos, exigindo a liberdade do ex-presidente. Trata-se de uma importante iniciativa, em meio à falta de respostas e de uma campanha contundente contra a prisão.
Estaremos no festival, exigindo a libertação de Lula e defendendo o direito dele ser candidato. O fato de termos sido oposição de esquerda aos governos petistas e seguirmos não apoiando o projeto político da direção do PT de governar em aliança com setores da direita, não nos impede de ter uma posição contrária a essa prisão política e autoritária.
A frente única não pode se confundir com alternativa eleitoral. Estamos com a pré-candidatura Boulos e Guajajara, em uma frente política formada pelo PSOL, PCB, MTST e APIB. Não temos acordo com o programa e o projeto da direção do PT e tampouco com a pressão para a unidade das esquerdas em uma só candidatura. Mas isso não nos impede de levantarmos bem alto a bandeira do Lula Livre e participarmos do Festival, assim como estivemos na vigília em São Bernardo do Campo.
A unidade em torno do festival pode ser um primeiro passo para a construção de uma frente única. Precisamos unir forças em defesa das liberdades democráticas, contra o avanço do neofascismo e em defesa dos direitos sociais que tenha como passos seguintes a construção e a convocação do dia 10 de agosto, Dia Nacional de Luta das Centrais Sindicais, e a mobilização durante o julgamento da ação movida pelo PSOL no STF sobre o aborto, que será julgada entre 05 e 07 de agosto, em Brasília.
Deixar de defender o Lula Livre por conta do balanço dos governos petistas é não entender o significado desta prisão para todos nós. Não se trata só de um ataque à Lula, assim como a perseguição aos ativistas do Rio não é um ataque só aos 23. É contra todos os que lutam. Este é o tamanho da responsabilidade colocada para todos nós.
Comentários